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Mundo vai entrar em nova era de investimentos (mas o Brasil não), diz J.P. Morgan

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gabriela santos JP morgan
Tempo de Leitura:9 Minuto, 35 Segundo


Com o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) encaminhando o início do afrouxamento da política monetária, o mundo começa a vislumbrar um novo momento econômico e de investimentos. Se, por um lado, a renda fixa deve continuar interessante nos mercados globais, haverá atratividade da renda variável.

Mas esse novo cenário ainda será marcado por incertezas e volatilidade, exigindo cautela dos investidores, diz Gabriela Santos, estrategista-chefe para Américas do J.P. Morgan Asset Management, que detém US$ 3,3 trilhões em ativos sob gestão globalmente.

“Claramente é uma nova era, não é mais aquela era de juros zero, super previsível, mar calmo”, afirma ela em entrevista ao NeoFeed. “É bom ter um custo do dinheiro, ter juros reais positivos, alocação de capital apropriada. Mas isso quer dizer que nem toda companhia, nem todo ativo, irá bem.”

No começo dessa nova era, os Estados Unidos seguem como o principal mercado global, mas o Japão volta ao radar após 30 anos. Entre os emergentes, Santos destaca as boas perspectivas daqueles ligados aos temas de inteligência artificial e semicondutores, boa parte deles na Ásia, além da Índia, dadas as perspectivas de crescimento.

Já o Brasil segue em segundo plano, sendo um mercado para quem conhece as companhias locais e consegue identificar as boas oportunidades (que existem). Porém, na renda fixa, a volta de juros reais nos Estados Unidos diminuiu o interesse por títulos locais.

“Agora está um pouco mais complicado, especialmente com um pouco mais de atratividade da renda fixa americana e mais volatilidade em termos de moedas”, diz Santos.

O início desta nova era vem com a perspectiva de cortes de juros nos Estados Unidos. A grande questão é em qual ritmo a queda se dará, além das dúvidas sobre qual é a taxa neutra dos Estados Unidos, algo que o mercado espera uma resposta já na sexta-feira, 23 de agosto, quando o presidente do Fed, Jerome Powell, fará um discurso no tradicional simpósio de Jackson Hole.

Até que o afrouxamento comece a acontecer, Santos entende que os mercados seguirão turbulentos. “Vamos continuar com essa volatilidade elevada dos juros americanos até realmente termos o primeiro corte, entender melhor o ritmo [dos cortes] e a visão deles do [ponto] neutro”, diz.

Acompanhe, abaixo, os principais trechos da entrevista:

O que explica a recente volatilidade nos mercados globais?
A volatilidade que vimos no fim de julho e começo de agosto teve uma grande dose de fatores técnicos. Muitos investidores, do mundo todo, estavam basicamente investidos da mesma maneira. E aí, quando teve uma pequena mudança no lado dos fundamentos, essas posições são removidas ou mudadas, e isso amplifica o movimento. Mas movimentos técnicos tendem a ser breve, e esse foi. Depois de cair quase 9%, as ações americanas estão a menos de 1% das máximas históricas. Para nós, a visão do mundo, o contexto para o investidor de longo prazo, não mudou muito nas últimas semanas.

Na parte de fundamentos, especialmente dos Estados Unidos, que foi o gatilho para todo esse movimento, qual a situação da economia? O país está caminhando para um soft landing?
Os Estados Unidos estão em um soft landing. O país aumentou os juros no ritmo mais rápido desde os anos 1980, mas já faz um ano que os juros não sobem e nesse período a economia tem estado bem resiliente. Estamos vendo uma normalização do ritmo de crescimento, mas ele ainda é bem bom, perto de 2%, que é a média dos Estados Unidos de longo prazo. Agora, a discussão é por quanto tempo esse soft landing continua antes de uma inevitável recessão, que acontece de vez em quando.

O que isso significa para o Fed?
Da perspectiva Fed, a principal informação foi dada na reunião de 31 de julho, quando Powell disse que o panorama é de um crescimento bom, a inflação voltando ao normal e que vê o mandato do Fed equilibrado entre o lado da inflação e o lado do crescimento, abrindo caminho para normalizar os juros, e manter o soft landing pelo máximo de tempo possível. Está claríssimo que os juros vão começar a cair na reunião de setembro. O que precisa definir é o ritmo dessa jornada da volta a juros mais normais.

A projeção do J.P. Morgan Asset é de dois cortes neste ano?
Essa era a nossa visão anterior, quando o Fed ainda parecia muito preocupado com a inflação. Depois da reunião de julho, com essa visão mais equilibrada nos dois lados, e com a desaceleração do mercado de trabalho, temos que ter humildade [para fazer projeções]. Vai depender muito dos dados do mercado de trabalho de agosto para ver se o Fed vai querer começar devagar, com 25 pontos base, uma vez por trimestre, ou se vão preferir chegar um pouco mais rápido ao neutro. Vamos ver se o discurso do Powell, em Jackson Hole, dá alguma indicação do ritmo que preferem para voltar ao neutro.

Essa incerteza quanto ao ritmo de corte está baseada apenas na questão dos dados?
Ela está baseada em várias coisas. A década anterior foi de juros super baixos e eu acho que a questão para o mercado e o Fed é exatamente qual o neutro hoje em dia? Quão restritivos estão os juros e quão rápido pode cair para voltar ao neutro. Possivelmente o Powell comente um pouco disso amanhã [sexta-feira, 23 de agosto]. O segundo é qual a real eficácia da política monetária. Parece que a economia americana está menos sensível a mudanças no juros, e esse é o grande tema de Jackson Hole. Por fim é a posição cíclica da economia. O mercado de trabalho está normalizando ou é o começo de uma grande desaceleração?

“O que o Fed precisa definir é o ritmo dessa jornada da volta a juros mais normais”

Uma coisa que vimos é que a incerteza, as diferentes interpretações sobre os dados, tem gerado muita volatilidade nos mercados. Essa volatilidade dos mercados pode ser dissipada ou ainda conviveremos com essa situação?
Vamos continuar com essa volatilidade elevada dos juro americano até realmente termos o primeiro corte, entender melhor o ritmo [dos cortes] e a visão do Fed sobre a taxa neutra. Vamos ter que ver também os dados do mercado de trabalho, o que for dito no primeiro corte e as novas projeções do Fed. Quando a gente entender melhor, aí esperamos um pouco mais de normalização dos juros. Porém, claramente estamos numa nova era, não é mais aquela de juros zero, super previsível, mar calmo. A economia americana vai ter um pouco mais de inflação, juros mais normais e isso gera incerteza.

O que tudo isso significa para investimentos?
Isso não influencia nossa visão otimista em relação aos retornos nesse novo mundo. É bom ter um custo do dinheiro, ter juros reais positivos, alocação de capital apropriada. Mas isso quer dizer que nem toda companhia, nem todo ativo, irá bem. Mas, em geral, ainda é um mundo favorável em termos de renda fixa e ações globais.

Isso para países avançados, especialmente os Estados Unidos, ou os emergentes também vão se beneficiar?
Diria que em geral. Mesmo que o mercado americano seja o mais caro, ele ainda é, de longe, o maior mercado, de melhor qualidade em termos de lucro das companhias, estabilidade desse lucro, é o centro da inovação de inteligência artificial. Mas tem outros mercados também. No Japão, vemos a volatilidade técnica como oportunidade de adicionar exposição, porque a história de longo prazo, que ficou positiva, não mudou. Ela está relacionada às mudanças de governança corporativa, que devem injetar um novo dinamismo e rentabilidade num mercado que estava completamente esquecido por 30 anos.

E os emergentes?
A Ásia emergente tem boas oportunidades com o tema de IA, semicondutores, como Taiwan e Coreia do Sul. A Índia tem sua própria história idiossincrática positiva de longo prazo, que é 20% do índice emergente. Tem bastante coisa para fazer em termos de ações globais.

Como o Brasil se encaixa nesse cenário?
Pelo lado de ações, infelizmente, para o investidor global, emergentes em geral é um percentual pequeno da carteira de ações. E dentro de emergentes, o Brasil é um percentual muito pequeno. Das ações emergentes, 80% é Ásia. Com isso, é mais visto por aquele investidor que investe mais em emergentes especificamente, que olha mais na América Latina, no Brasil, buscando oportunidades específicas, que existem. Mas o Brasil tem boas empresas, boas oportunidades.

E no caso da renda fixa?
Em termos de renda fixa, já foi muito popular investir em renda fixa brasileira e mexicana em moeda local, por causa dos juros de dois dígitos e o diferencial de juros com os Estados Unidos. Isso manteve o real e o peso mexicano forte nos últimos dois anos. Agora está um pouco mais complicado, especialmente agora com um pouco mais de atratividade da renda fixa americana e mais volatilidade em termos de moedas.

“Mesmo que o mercado americano seja o mais caro, ele ainda é, de longe, o maior mercado e o de melhor qualidade”

A situação fiscal brasileira é um tema que preocupa os investidores globais? É uma situação que pesa nas decisões?
O tema é bem relevante pelo lado da renda fixa. Mas em termos globais tem muita discussão sobre as posições fiscais globais, não é só o Brasil que atrai atenção. Estamos vendo isso nos Estados Unidos. Um dos motivos que não vemos os juros de volta a zero nos Estados Unidos é que os juros mais longos precisam ter um prêmio de risco para absorver o déficit muito elevado do país. Isso não é problema para os Estados Unidos, porque é a moeda de reserva do mundo, mas indica que os juros de dez anos devem ficar ao redor de 4%.

Como é esse novo mundo que começa a surgir? E como ele afeta os investimentos?
Esse novo mundo é mais positivo, em que tem crescimento nominal. Terminou aquela era de não ter inflação em países desenvolvidos, crescimento muito baixo. Agora tem um pouco de inflação, não é um problema. E é também um mundo em que tem um potencial de um crescimento econômico real mais positivo por causa de toda essa disrupção tecnológica que estamos vivendo, que tem o potencial de aumentar a nossa produtividade.

O que isso significa para os investimentos?
Com isso vêm juros reais positivos e isso faz com que renda fixa global seja mais interessante. O lucro das companhias ainda pode ser melhor do que o da última década, então tem oportunidade em crédito corporativo e ações. Mas é um mundo que terá períodos de volatilidade por causa de um pouco mais de incerteza sobre inflação e juros e em que o investidor terá de tomar muito mais cuidado com a alocação do seu dinheiro. Não é mais o mundo em que todos surfam os juros a zero juntos e está tudo bem.

Qual tem sido a recomendação para os investidores?
Ainda preferimos, na margem, um pouco mais de ações do que renda fixa, nos Estados Unidos, Japão e Ásia emergente, especialmente Coreia do Sul, Taiwan e Índia. Ainda vemos oportunidades na China, mas, em termos marginais, outras áreas da Ásia emergente são mais interessantes. Na renda fixa, nossa mensagem principal é aumentar o duration, com prazo de cinco e seis anos, pelo custo de oportunidade. No curto prazo, daqui a 18 meses, não vai estar mais 5,4%, então o momento de capturar oportunidades é agora. E gostamos bastante de crédito corporativo, especialmente americano.





Fonte: Neofeed

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agricultor capixaba se torna campeão de day trade

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Da lavoura à bolsa de valores: agricultor capixaba se torna campeão brasileiro de day trade
Tempo de Leitura:4 Minuto, 16 Segundo


Mais de 1.000 quilômetros separam a Faria Lima de Rio Bananal, uma cidade com menos de 20 mil habitantes localizada ao norte do Espírito Santo, próximo da fronteira com a Bahia. É lá, longe do centro financeiro de São Paulo, que mora Leonardo da Costa, vencedor do 1º Campeonato Brasileiro de Trade Nelogica.

Sem nunca ter participado de uma competição do tipo, o agricultor de 34 anos obteve o melhor resultado na fase final do campeonato, realizada entre 11 e 12 de dezembro. Em dois dias, acumulou um lucro de R$ 21 mil, respeitando os limites operacionais do campeonato: 10 contratos de mini-índice e mini-dólar.

Todas as etapas foram realizadas por meio de um simulador, sem perdas ou ganhos reais. Mas o prêmio em dinheiro foi ainda maior que o lucro obtido nas operações, totalizando R$ 65 mil.

Costa, que trabalha com a família em lavouras de café na região de Rio Bananal, conta que ficou surpreso com o próprio desempenho. Ele, que nunca cursou universidade, diz que descobriu o mercado financeiro há cinco anos por meio de seu irmão mais novo, Lucas, então com 19 anos.

“Em algumas épocas do ano, tem menos trabalho no campo. Então, estava procurando algo para ganhar um dinheiro extra”, diz ele.

Encantado com o momento promissor do mercado brasileiro na época, o irmão disse que era uma forma de “ganhar dinheiro fácil”. Costa logo desconfiou de seu irmão mais novo. “Achei estranho, porque se fosse tão fácil teria muito mais gente fazendo. Depois de um tempo ele não falou mais sobre isso, acho que porque perdeu dinheiro”, relembra.

Já havia deixado a ideia de lado quando um comprador de café o apresentou novamente ao mercado financeiro. “Ele exportava café e estava olhando um gráfico. Perguntei o que era, mas não entendi muito. Foi então que comecei a pesquisar e encontrei algumas mentorias na internet”, recorda.

Após mais de um ano de estudos e simulações no home broker, Costa decidiu começar a operar com dinheiro real. “Tinha dia que eu estudava das 19h até 4h da manhã. No começo, fiz muita coisa errada. Fui ajustando as estratégias até começar a ter algum lucro. No mercado, você nunca sabe tudo. O segredo é ter um bom plano de gestão de risco e não relaxar.”

Sem a arrogância de muitos profissionais do mercado, ele acredita que a dinâmica do campeonato favoreceu seu estilo de negociação. “Tinha muita gente boa competindo. Outros poderiam ter vencido. Mas fico feliz de ter ganhado, mostra que estou no caminho certo.”

Organizado pela Nelogica, o Campeonato Brasileiro de Trade teve mais de 500 traders inscritos. O segundo e o terceiro colocado receberam R$ 26 mil e R$ 12 mil, respectivamente. A premiação do 4º ao 50º colocado foi de R$ 2 mil. A competição foi organizada em duas fases, com os 50 primeiros se classificando para a final. Costa terminou a primeira etapa em 36º.

“Descobrimos verdadeiros talentos com muito potencial, inclusive, para seguirem carreira em instituições financeiras se desejarem”, afirma Layonel Pinheiro dos Santos, especialista em plataformas de trading da Nelogica.

Desde o início de seus estudos, Costa se dedicou ao day trade, que consiste em montar e desmontar as operações no mesmo dia — uma das regras do campeonato. “Tenho como base análise técnica e tendências, quase sempre usando gráficos. Na competição, tive que me adaptar, porque o prazo era muito curto.”

Mesmo fora do campeonato, Costa nunca dormiu com uma posição aberta, encerrando todas no mesmo dia. Isso, porém, não o impediu de ter a madrugada como um de seus horários preferidos para operar. Geralmente, acordo às 4h da manhã para negociar no mercado americano de futuros e vou até  às 7h.”

Essa rotina permite que ele concilie o trabalho na lavoura com o day trade. Na época da colheita de café, entre março e julho, a alta demanda de trabalho na roça o impede de operar no mercado de futuros local, que funciona das 9h às 18h.

No mercado brasileiro, quando tem tempo, Costa opera contratos futuros de mini-índice e mini-dólar, mas nunca ações. “Gosto mais de ficar na frente do gráfico.” Mas, mesmo quando tem a oportunidade, o trader não opera todo dia. “Tem dia em que o mercado não está favorável ao perfil de negociação. Saber quando não operar também é uma forma de operar.”

Moradores da área rural de Rio Bananal, a família de Costa fica com metade da produção de café, enquanto a outra metade vai para o “patrão”. Todo o trabalho é feito manualmente. “As máquinas chegaram há quatro anos na região, mas só os grandes produtores têm acesso a elas.”

O sucesso no mercado financeiro já faz Costa pensar em mudar de carreira. Ele planeja cursar faculdade de economia no ano que vem e se aprofundar ainda mais no mundo dos investimentos. “Em dois anos, pretendo fazer disso minha principal fonte de renda.”

Ele descarta, por ora, trabalhar para alguma instituição financeira. “Meu foco era encontrar uma profissão que me permitisse trabalhar de qualquer lugar, sem ficar ‘preso’, e o day trade proporciona isso.”



Fonte: Neofeed

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Uma conversa com Fernando Pessoa, Luís de Camões e José Saramago

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Uma conversa com Fernando Pessoa, Luís de Camões e José Saramago
Tempo de Leitura:4 Minuto, 46 Segundo


Era véspera de Natal de 2024, e Cesar, após um dia intenso de reflexões e trabalho, tomou sua taça e caiu no sono. Mas não era um sono comum. Ele logo percebeu estar caindo por um túnel de palavras, como se fosse sugado por um redemoinho de livros, algoritmos e estrelas natalinas. Tudo girava ao seu redor, até que ele aterrissou suavemente em um lugar que parecia ao mesmo tempo antigo e futurista, iluminado por velas cintilantes e circuitos dourados.

Diante dele, três figuras extraordinárias emergiram da névoa — Fernando Pessoa, Luís de Camões e José Saramago. Cesar esfregou os olhos, sem acreditar no que via. Parecia ter entrado em um sonho que misturava o espírito de celebração com um encontro impossível, como se tivesse tropeçado em seu próprio País das Maravilhas.

Pessoa: Bem-vindo, Cesar. Não se assuste. Às vezes, o Natal nos concede presentes inesperados, como este encontro. Eu sou Fernando Pessoa. Dizem que sou múltiplo, mas prefiro me ver como um quarto com inúmeros espelhos fantásticos que distorcem, refletindo falsamente uma única realidade que não está em nenhum e está em todos.

Camões: Saudações, Cesar! Sou Luís de Camões, navegante das palavras e dos mares. Este é um tempo propício para contemplar os novos mundos que desbravamos. Por suas vestes e seu ar, vejo que vens do moderno, como quem navega as águas da inovação.

Saramago: Cesar, um prazer tê-lo conosco. Sou José Saramago, um questionador do óbvio. Parece que este seu devaneio nos reuniu para discutirmos o que significa ser humano em um tempo em que máquinas pensam e o mundo busca sentido. E, claro, neste Natal, entendido não apenas como celebração religiosa, mas como um tempo de união, reflexão e renovação, valores humanos universais que transcendem qualquer crença. Valores que até um ateu rabugento como eu consegue apreciar.

Cesar, ainda atônito, percebeu que o sonho parecia mais real do que podia imaginar. Ele, que sempre se viu como um sonhador e entusiasta da tecnologia, agora dividia espaço com três gigantes da literatura. Recuperando-se, decidiu embarcar na conversa, tratando cada pronome e conjunção como se fossem peças de porcelana fina.

Cesar: É uma honra conhecê-los. Se este é um sonho, é o mais extraordinário que já tive. Estamos em um momento em que a tecnologia avança exponencialmente, mas também nos confronta com questões profundas sobre propósito e humanidade. E é Natal, uma época que sempre nos convida à reflexão. Aqui estamos, no limiar de um novo ano…

Pessoa: Ah, Cesar, o humano, por essência, é um navegante do desconhecido. A inteligência artificial que agora molda teu mundo funciona como um espelho: reflete nossas inquietações, nossos anseios e nossos temores. Mas eu me pergunto: será que sabemos o que realmente desejamos encontrar nesse reflexo?

Camões: Diria que enfrentamos monstros e tempestades, como outrora. Mas hoje os monstros são invisíveis, feitos de dados e códigos. Dizer-se-ia que, pelo menos, esses não me custaram um olho… O Natal, porém, nos lembra de olhar para o essencial — o humano, o afeto, o desejo de construir algo que transcenda o tempo.

Saramago: E será que estamos olhando para isso, Cesar? Ou estamos cegos, como em minha história? O Natal é cheio de luzes, mas será que essas luzes não nos ofuscam? Criamos máquinas que pensam, mas ainda falta pensarmos profundamente sobre o que queremos delas — e de nós mesmos.

Cesar refletiu por um momento, sentindo o peso das palavras daqueles mestres. Ele sabia que aquelas questões eram fundamentais, tanto para a tecnologia quanto para a vida.

Cesar: Concordo, Saramago. A tecnologia deve ser um meio para criar valor humano, não um fim em si mesma. O Natal é um bom lembrete de que precisamos equilibrar o avanço com a ética, com a sabedoria que direciona nosso conhecimento. Afinal, inovação sem humanidade é como uma caravela sem destino.

Pessoa: Belo pensamento, Cesar. Então dirias que inovar é como escrever um poema? Cada palavra, cada linha deve estar carregada de significado. No final, é o espírito humano que precisa brilhar, mesmo em um mundo repleto de máquinas.

Camões: E que nunca percamos a coragem, Cesar. Navegar é preciso, como sempre digo, mas é igualmente necessário conter os ventos quando ameaçam nos levar ao abismo. O Natal nos dá uma bússola: olhar para o próximo, celebrar o que somos e planejar com sabedoria o que seremos.

Saramago: E com olhos abertos, sobretudo. A tecnologia é um mar fascinante, mas exige vigilância constante. Este rabugento apenas deseja que, neste Natal e no ano que se inicia, a humanidade encontre o equilíbrio entre o que pode criar e o que deve preservar.

Cesar sentiu o coração aquecido, inspirado por aquelas vozes que transcenderam o tempo. Ele ergueu os olhos para as três lendas e respondeu com convicção.

Cesar: Levarei essas reflexões comigo, senhores. Que a inovação seja guiada pela poesia, pela prudência e pela paixão humana. Que este Natal nos lembre que, por mais avançados que sejamos, o essencial sempre será invisível às máquinas: a empatia, a solidariedade e a esperança.

E assim, no coração de um sonho impossível, Cesar ergueu a taça de tinto e brindou com três imortais da literatura portuguesa. Juntos, em meio ao espírito do Natal de 2024, refletiram sobre o humano, o tecnológico e o eterno.

Quando Cesar despertou, trazia consigo não apenas o calor de uma noite natalina, mas também a sabedoria de um encontro extraordinário, que o inspiraria nos mares do ano novo. Ao seu lado, uma taça vazia, com borras que curiosamente formavam as letras P, C e S, como um lembrete sutil de que algumas companhias são mais que um sonho.

*Cesar Gon é fundador e CEO da CI&T



Fonte: Neofeed

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Ornare mobília novos “territórios” (no Brasil e no mundo)

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Ornare mobília novos
Tempo de Leitura:5 Minuto, 23 Segundo


Depois de “aterrissar” em Dubai, em maio do ano passado, onde inaugurou seu primeiro showroom no Oriente Médio, a Ornare está de malas prontas para reforçar suas operações na Europa e nos Estados Unidos.

A marca brasileira de mobiliário referência no mercado high-end está desembarcando em Lisboa, onde abriu seu segundo showroom no Velho Continente. E estreou, em novembro, uma loja em Nova Jersey, consolidando sua presença nos Estados Unidos, onde está presente desde 2006.

Segundo Esther Schattan, fundadora e diretora da Ornare, a expansão internacional é parte da estratégia de diversificação das receitas da companhia, movimento que conta com uma nova frente: a incorporação.

“Atendemos um mercado de alto padrão e esse mercado é mais restrito em todos os lugares”, diz Esther, ao NeoFeed. “Como temos potencial e temos capacidade de atender outros países, fomos buscando o mercado de alto padrão em outros lugares.”

O showroom lisboeta está sendo instalado no bairro Amoreiras, região de classe média alta e que abriga o Centro Comercial das Amoreiras, o primeiro shopping da capital portuguesa, além de cafés, hotéis e restaurantes.

A expectativa é de que as obras da loja sejam finalizadas até o primeiro semestre de 2025, mas a Ornare já está operando em Portugal, recebendo pedidos dos clientes.

A empresa conta com dois sócios brasileiros para entrar no mercado português: Alexandre Mangabeira, ex-co-CEO da RNI Construtora e com passagem pela Tecnisa, e Luciana Vassalo, antiga diretora de negócios da RNI, tendo trabalhado também na Melnick.

É o mesmo formato que a empresa utilizou quando foi para Dubai, em que se associou a Carina Fontes e Shalise Basso, dupla de arquitetas brasileiras residentes um dos sete emirados que integram os Emirados Árabes Unidos (EAU). As lojas da Ornare se dividem entre franquias, sociedades e unidades próprias.

Segundo Stephan Schattan, diretor de exportação da empresa, a escolha por Lisboa para abrir a segunda loja europeia ocorreu pela questão da língua, pelo fato da empresa conhecer e ter clientes em Portugal e também para aproveitar o forte contingente de brasileiros e de outras nacionalidades, atraídos pelas políticas migratórias portuguesas.

A Ornare começou a se instalar na Europa no ano passado, quando inaugurou seu primeiro showroom em Milão. A unidade está localizada no imponente Palazzo Gallarati, datado do século XVIII, localizado no famoso Quadrilatero della Moda, na Via Manzoni, região conhecida pelas diversas marcas de alto padrão.

“A ideia é que Portugal possa atender toda a região de Lisboa e Porto, e também a Espanha”, diz Stephan. “Associado a Milão, conseguimos atender melhor a Europa. Quando falamos que temos loja em Milão e em Lisboa, reforçamos a marca na Europa.”

A chegada a Portugal é mais um passo da estratégia de expansão da Ornare, iniciada em 2006, via Miami. O plano é baseado em três frentes: Estados Unidos, onde possui 11 lojas, Europa, que conta com duas, e Oriente Médio, com a unidade de Dubai.

“Como temos potencial e temos capacidade de atender outros países, fomos buscando o mercado de alto padrão em outros lugares”, diz Esther Schattan (Foto: Rodrigo Zorzi)

As operações internacionais representam cerca de 25% a 30% do faturamento da Ornare, que não foi informado. Com as expansões planejadas, a expectativa é de que possa chegar a 40% de participação.

No curto prazo, a Ornare planeja ampliar sua presença nos Estados Unidos para mais três cidades: Palm Beach, Washington e Boston. Mas isso não quer dizer que a empresa está deixando o Brasil de lado.

Com 17 lojas no País, a empresa pretende abrir unidades em Recife (PE), Balneário Camboriú (SC) e Campo Grande (MS), ainda que já opere nessas localidades.

Para conseguir atender essas novas unidades, a Ornare vai ampliar a capacidade de sua fábrica, localizada em Cotia, no interior de São Paulo. O valor do investimento na fábrica não foi revelado, nem quanto a capacidade de produção aumentará. A fábrica roda em dois turnos e os investimentos abrem caminho para adicionar mais um.

Assinatura Ornare

Junto com a expansão internacional, a Ornare está fechando uma série de parcerias com construtoras e incorporadoras para terem empreendimentos com a assinatura “by Ornare”.

A companhia fez um primeiro empreendimento em Goiânia, em parceria com a O.M. Incorporadora. Batizado de Autoria by Ornare, o prédio possui 143 apartamentos, com unidades de uma e duas suítes, de 49 a 88 metros quadrados. A Ornare ficou responsável pela mobília da área comum e armários em alguns apartamentos.

Com entrega prevista para novembro de 2027, o empreendimento apresenta um valor geral de venda (VGV) de R$ 120 milhões e teve 60% das unidades comercializadas nos seis primeiros meses de lançamento.

A companhia também assinou, no fim de novembro, um acordo com a incorporadora Next e com o escritório do arquiteto Olegário de Sá, para desenvolver um empreendimento no Itaim, em São Paulo, voltado para renda, chamado Next Itaim by Ornare.

Com VGV de R$ 70 milhões, o prédio conta com 83 unidades de 20 a 60 metros quadrados, com previsão de entrega em 2027. A Ornare ficou responsável pelos móveis.

“No começo fomos um pouco céticos, mas a gente gostou do primeiro lançamento, em Goiânia, e pretendemos continuar”, diz Pitter Schattan, diretor comercial da Ornare São Paulo e Brasil.

A companhia já tem atuação no mercado imobiliário, mas vendendo seus produtos para empreendimentos. Em Miami, a Ornare é responsável pelos closets nos apartamentos das duas torres do St. Regis Sunny Isles, que prometem se tornar ícones arquitetônicos da cidade. O apartamento mais barato é de US$ 7 milhões.

A Ornare pretende, agora, crescer essa vertical de empreendimentos assinados. Em Goiânia, o plano é repetir a parceria com a O.M. Incorporadora em um novo prédio, previsto para ser lançado em 2025.. Segundo Pitter, esse tipo de iniciativa vai ganhar espaço na Ornare, com o setor imobiliário se tornando um novo braço de negócios, capaz de representar 10% do faturamento da empresa.

A assinatura de projetos por nomes da moda e do design vem ganhando força no mundo da incorporação. A Cyrela fechou uma parceria com a Armani para construir um empreendimento residencial em São Paulo, que promete ser um dos mais altos da capital paulista, com a marca Armani/Casa, marca de móveis da grife italiana de luxo.

A Mitre Realty também lançou um empreendimento premium em São Paulo com a marca Daslu, que virou referência no mercado de luxo brasileiro e trouxe para o País grifes como Chanel, Gucci e Prada.





Fonte: Neofeed

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