Connect with us

Negócios

Na MP do fim do mundo, Pacheco tira o bode da sala, mas o empresariado fica de bode do governo

Prublicadas

sobre

Pacheco e Lula
Tempo de Leitura:5 Minuto, 38 Segundo


Brasília – O governo colheu o que plantou. A reação adversa e generalizada de todo o empresariado nacional à Medida Provisória 1227, que limitava o uso de créditos de PIS e Cofins de empresas para o pagamento de outros tributos, expôs a inabilidade do Palácio do Planalto em negociar com o parlamento, resultando em mais uma derrota do Executivo.

Após uma semana da grita empresarial de todos os setores da economia contra a medida que passou a ser chamada de “MP do fim do Mundo”, não restou outra opção ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, senão o recuo. A decisão oficial de suspender os efeitos imediatos da MP, porém, partiu do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que acabou devolvendo o texto ao governo.

Na avaliação de Eduardo Natal, mestre em Direito Tributário pela PUC de São Paulo e sócio do escritório Natal & Manssur, empresários e parlamentares deram a única resposta possível a uma estratégia questionável do Palácio do Planalto. “O governo tem usado a tática de colocar o bode na sala. Ou seja, faz uma medida extremamente agressiva e depois a retira para negociar em condições menos gravosas”, disse ao NeoFeed.

Ao colocar o bode na sala, entretanto, o governo acabou gerando um sentimento de insatisfação generalizado, fazendo com que o PIB ficasse “de bode” do governo. No evento do grupo Esfera, realizado no fim de semana, no Guarujá, litoral de São Paulo, o empresário Rubens Ometto, controlador e chairman da Cosan, não mediu as palavras e colocou o dedo na ferida.

“O governo está mordendo pelas bordas”, prosseguiu. “Eles estão mudando as normas e regulamentações para arrecadar mais, como na mudança no uso do crédito de PIS/Cofins. E quando se faz isso, desrespeita a lei e cria péssimo exemplo.” Ometto falou às claras o que os empresários vinham comentando nas conversas fechadas. Dali em diante, o tema ganhou mais relevância. E Lula passou a olhar o tema com mais atenção.

Antes mesmo de Pacheco oficializar a devolução da MP, o presidente da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), Ricardo Alban, já havia sinalizado a desistência do presidente Lula em seguir adiante com a proposta, depois de um encontro nesta terça-feira, 11, no Palácio do Planalto.

“O presidente Lula deu essa orientação, para que a medida provisória fosse retirada do processo”, comentou Alban, em encontro com jornalistas. E prosseguiu. “O presidente Lula concordou sobre a importância do setor produtivo como um todo. Ele entendeu que as lideranças, o setor produtivo, precisam ser mais ouvidos.”

A expectativa da CNI é de que, agora, o governo faça “o diálogo mais lento possível” sobre o assunto, dentro do Congresso Nacional, por meio da liderança do senador Jaques Wagner (PT-BA), mas sem incluir o assunto sobre PIS e Cofins. “É uma oportunidade para dialogar. O setor produtivo quer, precisa e tem que ser ouvido”, comentou Alban.

Na última semana, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) interrompeu a sua participação na comitiva oficial do governo brasileiro, durante visita à Arábia Saudita e à China, devido ao impasse sobre a MP. Nos cálculos da CNI, a medida teria um impacto negativo na indústria de R$ 29,2 bilhões só neste ano, chegando a R$ 60,8 bilhões em 2025.

Distribuidoras de combustíveis calcularam uma perda de R$ 10 bilhões neste ano e chegaram a reajustar o preço da gasolina e do diesel na bomba, devido à mudança repentina. Já as refinarias privadas estimaram um impacto de aproximadamente R$ 4 bilhões em 2024.

“O governo já atingiu limites exorbitantes de aumento de carga tributária desde as medidas implementadas no final de 2023”, afirma o tributarista Natal. “Mesmo assim, a arrecadação federal continua batendo recordes. Portanto, chega o momento de cortar gastos e não mais aumentar impostos e contribuições.”

Ao NeoFeed, o presidente da Frente Parlamentar do Empreendedorismo (FPE) e deputado federal, Joaquim Passarinho (PL-PA), deu o recado ao governo. “É preciso que o governo entenda que o Congresso é a área do debate. Se o governo mandar qualquer proposta, estamos todos prontos para discutir e debater qualquer solução, mas não algo que seja posto de cima para baixo”, disse.

Lançada no dia 04 de junho, a medida que o governo havia batizado de “MP do Equilíbrio Fiscal” impunha restrições para a compensação de créditos do PIS e Cofins, como forma de compensar os impactos financeiros decorrentes da desoneração da folha de pagamento de empresas e municípios, mantida até 2027.

A expectativa do governo era obter um aumento de R$ 29,2 bilhões em suas arrecadações neste ano, para compensar os R$ 26,3 bilhões de custo que terá, devido à continuidade da política de desoneração da folha. Hoje, o estoque de créditos de PIS e Cofins nas empresas é calculado em cerca de R$ 54 bilhões.

Na prática, a MP impedia o reembolso deste saldo credor pelas empresas, restringindo seu uso à cobrança desses mesmos impostos, sem abrir espaço para quitação de demais tributos.

Com a MP fora de cena, governo e Congresso precisam negociar outra forma de compensar a desoneração da folha neste ano. A determinação foi tomada pelo Supremo Tribunal Federal, em 17 de maio, e tem prazo de 60 dias para ser oficializada. A desoneração da folha reduziu a tributação para empresas de 17 setores e municípios de até 156 mil habitantes.

O fim da MP foi celebrado pela Frente Parlamentar Agropecuária (FPA). Na semana passada, a bancada ruralista, representada pela senadora Tereza Cristina (PP-MS), articulou um pedido de devolução imediata da MP junto ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). O setor avaliou que as perdas chegariam a cerca de R$ 30 bilhões.

O deputado Pedro Lupion (PP-PR), presidente da FPA, disse que “houve esse empenho das mais diversas frentes parlamentares que estiveram envolvidas neste debate durante toda essa semana e que culminou, hoje, na reunião de mais de 30 frentes representadas”, após oficializada a devolução da MP.

Lupion classificou a mobilização como uma das mais fortes ocorridas em Brasília pelo setor produtivo. “Foi o maior movimento de mobilização visto na história recente aqui em Brasília, para alertar que a MP 1227 era um duro golpe no produtor brasileiro”, disse.

“Reinou o bom senso, ganhou o bom senso. Nossos agradecimentos ao presidente Rodrigo Pacheco, pela devolução da medida provisória. É um recado muito claro de que precisamos de diálogo e articulação política.”

Segundo o presidente da FPA, o parlamento tem que participar da articulação de decisões sobre o assunto. “O corte de gastos da máquina pública federal já teria um excelente impacto para fazer essa compensação. O governo só pensa em arrecadar o tempo todo, aumentando o gasto todos os dias”, disse Lupion. “Se querem retirar de alguém, que comecem dando o exemplo.”





Fonte: Neofeed

Negócios

O fiasco de Bill Ackman

Prublicadas

sobre

O fiasco de Bill Ackman
Tempo de Leitura:1 Minuto, 49 Segundo


Nem todo o sucesso do bilionário Bill Ackman nas redes sociais, nem um pedido inusitado de ajuda aos investidores foi capaz de levar adiante o IPO do fundo Pershing Square USA (PSUS). Pelo menos por enquanto.

Segundo comunicado divulgado na sexta-feira, 26 de julho, no site da Bolsa de Valores de Nova York (NYSE), a operação, prevista para ocorrer na semana que vem, foi adiada. A nova data não foi informada, nem os motivos que levaram a esta decisão.

A notícia veio após o fechamento do mercado e depois que Ackman enviou nesta semana uma carta aos investidores de sua holding, formado por instituições financeiras e indivíduos com patrimônios elevados, para que participassem do IPO.

Segundo o jornal The Wall Street Journal, Ackman escreveu que “quanto mais cedo [participassem] melhor”, para “fortalecer” a operação.

A expectativa inicial de Ackman é que fossem levantados cerca de US$ 25 bilhões, no que seria o maior IPO desde que a Saudi Aramco, a petrolífera da Arábia Saudita, conseguiu arrecadar US$ 29,4 bilhões em janeiro de 2020, quando vendeu uma fatia de seu capital social. A gestora, fundada em 2003, conta atualmente com cerca de US$ 18 bilhões sob gestão.

No entanto, diante das dificuldades, a Pershing teve que reduzir significativamente as expectativas recentemente, para entre US$ 2,5 bilhões e US$ 4 bilhões.

O gestor ativista, conhecido pelas campanhas contundentes contra empresas como a rede de fast food Wendy’s e a fabricante de suplementos alimentares Herbalife, também apostou na sua fama no X (antigo Twitter) para alavancar a operação.

Com cerca de 1,3 milhão de seguidores na rede social, em que teceu críticas a respeito dos rumos da economia dos Estados Unidos e defendeu Israel na guerra contra o Hamas, Ackman chegou a dizer em reunião com potenciais investidores que sua presença no X deve ajudar a conseguir um valuation elevado para o IPO.

A operação contava com 30 coordenadores, entre eles Citi, UBS, Bank of America (BofA). O BTG Pactual também estava atuando como um dos bookrunners no IPO do fundo, que estava em busca de investidores institucionais, sobretudo na América Latina, conforme apurou o NeoFeed.





Fonte: Neofeed

Continue Lendo

Negócios

Gigantes europeias de luxo “pagam” um preço bilionário com nova coleção de balanços

Prublicadas

sobre

Gigantes europeias de luxo
Tempo de Leitura:3 Minuto, 37 Segundo


Antes comparadas às big techs por sua capacidade de entregar crescimento rápido e atravessar, sem grandes sustos, as variações econômicas, as grandes empresas de luxo da Europa parecem estar deixando esse rótulo para trás.

A mudança de cenário ocorre após o setor passar dias caóticos com companhias de referência nesse espaço entregando resultados trimestrais muito inferiores aos esperados pelo mercado. Com isso, apenas em 2024, as gigantes do segmento já perderam mais de US$ 200 bilhões em valor de mercado.

O baque começou a ser sentido no setor na segunda-feira, 15 de julho, quando a Burberry registrou uma queda de 16% em apenas um dia, após reportar um recuo de 21% nas vendas do segundo trimestre. Em 2023, a companhia já havia registrado uma queda de 40% em seu lucro.

O resultado afetou boa parte das companhias de luxo no dia, derrubando ações da Kering, dona da Gucci, Yves Saint Laurent e Bottega Veneta, e também do grupo francês LVMH. Esse foi, porém, apenas o início de uma série de resultados ruins nesse clube seleto.

Já na quarta-feira, 24 de julho, a Kering registrou queda de 11% em sua receita no trimestre em comparação ao mesmo período de 2023. No semestre, o lucro líquido da companhia teve uma retração de 51%.

Um dia antes, a LVMH, dona de marcas como Louis Vuitton, Dior, Tiffany, Moet & Chandon, Guerlain e Sephora, divulgou que seu lucro recuou 14% no trimestre, para € 7,2 bilhões. Apesar das vendas do grupo terem registrado uma leve alta no período, os papéis da companhia perderam 6,6% de seu valor no pregão após o anúncio.

Os números da LVMH foram os que efetivamente abalaram o mercado. Antes deles, havia o argumento de que a desaceleração do setor de luxo estaria relacionada aos problemas de gestão das marcas. Porém, com a gigante do setor seguindo a mesma tendência, não há como não acender um sinal de alerta.

De acordo com um levantamento divulgado pela Kinea Investimentos, braço de investimentos alternativos do Itaú, a expectativa é de que, no curto prazo, o setor passe por um processo de ajuste, com uma revisão negativa dos lucros diante da tendência de normalização no ritmo de crescimento e nas margens das companhias.

Assim, para a Kinea, o mercado deve continuar revisando para baixo as perspectivas das companhias de luxo, o que pode impactar diretamente o preço das ações.

Queda no consumo na China

O poder de compra dos consumidores chineses deixou de ser a força vital do setor e agora se transformou em uma fonte de preocupação.

Durante o período da pandemia da Covid-19, os clientes asiáticos, que costumam lotar as lojas físicas das gigantes do setor, optaram por guardar seu dinheiro, já que não havia possibilidade de comprar ou mesmo sair de casa. Porém, com o término do isolamento social, toda essa renda represada foi destinada às empresas de luxo, que experimentaram um forte aumento de demanda até o começo de 2023.

Agora, com a normalização do consumo, essas companhias estão passando por uma correção e vendo seus clientes chineses se afastarem. A LVMH registrou queda de 14% nas vendas na Ásia.

A situação é ainda mais difícil para as empresas de menor porte que tentam reverter sua sorte nesse cenário. O risco é que o mercado de luxo mais fraco deixe todos, exceto os nomes mais poderosos, expostos a uma desaceleração prolongada.

“A implementação de mudanças internas nas marcas parece ter se tornado mais complexa em um mercado de luxo cada vez mais competitivo, onde escala, talento de design e poder de marketing são importantes,” disse Thomas Chauvet, analista do Citigroup, em relatório.

Apesar do cenário negativo, algumas empresas como Brunello Cucinelli e Hermès mostram que há luz no fim do túnel. As vendas da Hermès aumentaram no trimestre e a fabricante italiana de roupas de cashmere de alto padrão também mostrou uma capacidade de suportar as condições difíceis.

Os dados não têm grande efeito no geral. “Na nossa visão, temos uma assimetria aqui: poderemos observar uma maior correção nesses valores com a desaceleração de crescimento e compressão de margens no curto prazo”, diz um trecho do relatório da Kinea. “Com isso, apesar de toda a força das empresas de luxo, temos uma visão menos construtiva para o curto prazo do setor.”



Fonte: Neofeed

Continue Lendo

Negócios

Na ruína da estatal de petróleo PDVSA, um retrato da Venezuela às vésperas da eleição

Prublicadas

sobre

Na ruína da estatal de petróleo PDVSA, um retrato da Venezuela às vésperas da eleição
Tempo de Leitura:5 Minuto, 12 Segundo


A eleição presidencial da Venezuela, no domingo, 28 de julho, se assemelha a um roteiro de filme com final imprevisível.

De um lado, o atual presidente, Nicolás Maduro, no poder desde 2013, busca outra reeleição. De outro, está Edmundo González – um diplomata sem experiência política, cuja candidatura surgiu como solução tapa-buraco depois que a líder da oposição, María Corina Machado, teve sua candidatura barrada pela Justiça eleitoral, controlada pelo regime chavista.

Às vésperas da votação, a possibilidade de fraude para beneficiar Maduro cresceu na mesma proporção do favoritismo de Gonzalez. As pesquisas eleitorais nunca foram confiáveis no país, mas sondagens independentes apontam de 30 até 40 pontos percentuais de vantagem para o candidato oposicionista.

Seja qual for o vencedor, a Venezuela tão cedo não deve se livrar do estigma da “maldição do petróleo”, espécie de sina que persegue os grandes produtores do chamado ouro negro.

Nesses países, a entrada fácil de petrodólares costuma alimentar um ciclo que inclui desestímulo à indústria nacional – é mais barato importar produtos estrangeiros do que produzir internamente – e falta de diversificação na economia local. Por isso, não chega a surpreender que a maioria dos países exportadores é formada por ditaduras marcadas pela corrupção.

Maduro, herdeiro político de Hugo Chávez – líder populista que governou o país de 1999 até a morte, em 2013 -, ajudou a reforçar esse estigma da maldição do petróleo, colocando a Venezuela entre os párias da comunidade internacional, alvo de sanções por violações de direitos humanos.

Mesmo com o país ostentando as maiores reservas mundiais de petróleo (cerca de 303 bilhões de barris, à frente da Arábia Saudita, com reservas de 267 bilhões de barris), a Venezuela mantém uma exploração irrisória, cerca de 800 mil barris diários, muito abaixo dos 3 milhões de barris diários dos áureos tempos da PDVSA, a estatal de petróleo que foi sendo dilapidada pelo chavismo.

Apenas durante o período de Maduro no poder, a economia do país encolheu 80%, cerca de um quarto da população emigrou e, quem ficou, luta para sobreviver, com mais de 85% dos venezuelanos na linha de pobreza. Em 2019, o país enfrentou uma hiperinflação de 65.000% anuais (hoje está em cerca de 35%).

A decadência da PDVSA acompanhou essa descida literal ao fundo do poço, mas ela teve início muito antes, em 2003. O ano, na prática, selou o destino da empresa. Foi quando Chávez fez um expurgo na estatal de petróleo, demitindo boa parte do corpo técnico e desviando bilhões de dólares em  investimentos na modernização da empresa para programas sociais e ajuda a países simpáticos à sua revolução bolivariana, como Cuba e Bolívia.

Adriano Pires, sócio-fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) e especialista no setor de óleo e gás, conta que a maioria dos ex-altos funcionários da PDVSA foram para o exterior. “No Canadá há muitas empresas menores de petróleo, grande parte criada por esses venezuelanos que faziam parte dos quadros da PDVSA”, diz.

Nos bons tempos, a estatal venezuelana tinha refinarias na Alemanha e uma rede de postos de gasolina nos Estados Unidos, a Citgo. Em maio, a Citgo – mergulhada em dívidas com 18 empresas internacionais que cobram US$ 21,3 bilhões por “apropriações e calotes” – foi vendida por decisão da Justiça dos EUA.

Já sob Maduro, a crise da PDVSA foi agravada com a imposição de sanções pelos EUA ao setor de óleo e gás que duraram pouco mais de seis anos, até outubro do ano passado, por causa de perseguição à oposição. As sanções foram retomadas em abril, mas as gigantes estrangeiras de petróleo puderam permanecer explorando petróleo, o que ajudou a aumentar a produção venezuelana.

Segundo Pires, sem quadros e investimento estatal, a PDVSA não tem salvação à vista. “Não adianta o candidato que ganhar investir na PDVSA no curto prazo”, diz o especialista. “A saída é atrair petroleiras estrangeiras para aumentar a produção.”

Isolamento

O regime chavista está cada vez mais isolado, perdendo apoio até de tradicionais aliados, como o governo petista do Brasil. Em 2018, Maduro foi reeleito numa votação marcada pelas denúncias de fraude e perseguição à oposição.

Na atual campanha, o presidente venezuelano repetiu o roteiro. Impediu a candidatura de María Corina – o governo controla o Poder Judiciário, a Justiça eleitoral e o Congresso -, perseguiu opositores, censurou jornais e sites de notícias, dificultou o direito de votos dos venezuelanos que vivem no exterior e barrou a presença de observadores internacionais para fiscalizar a lisura da votação.

Com as pesquisas mostrando um amplo favoritismo de González, Maduro passou a se expor. Gravou jingles no TikTok e radicalizou o discurso, advertindo sobre um “banho de sangue” caso a oposição vença a eleição.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a ameaça e Maduro retrucou, afirmando que quem o critica – sem citar Lula – deveria tomar chá de camomila. E ainda repetiu o bordão bolsonarista de que as urnas eletrônicas do Brasil “não são auditáveis” – as urnas venezuelanas também são eletrônicas, mas os eleitores saem da cabine com um comprovante em papel que mostra em quem votou, uma forma de vigilância do regime nada auditável.

Nos comícios, Maduro assumiu compromissos irrealizáveis, como construir 3 milhões de casas e oferecer financiamento estatal para abertura de empresas, além de retomar a região de Esequibo, rica em petróleo, em disputa com a Guiana.

O rígido controle do governo torna difícil prever se o candidato opositor, caso vença, irá de fato assumir – muitos analistas acreditam que Maduro só aceitou ser desafiado nas urnas porque tem certeza que pode fraudar o resultado.

Pires, no entanto, diz que a Venezuela com Maduro continua desestimulando os investimentos no país. “Com o atual governo há muito risco regulatório e jurídico, as empresas precisam sempre negociar com integrantes do regime”, afirma o especialista, numa referência indireta às denúncias de corrupção.

O problema, diz o especialista do CBIE, é que o país corre contra o tempo. Com a transição energética, o petróleo venezuelano – mais pesado e de baixa qualidade, sendo ambientalmente mais agressivo – tende a perder relevância.

“Se não explorar logo essas reservas, o petróleo da Venezuela corre o risco de ficar ali mesmo, no subsolo”, adverte Pires. Seria, a rigor, o retrato acabado da maldição que ronda os países exportadores de petróleo.



Fonte: Neofeed

Continue Lendo

Popular