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O polêmico “terroir” que está avançando no mundo dos vinhos

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O polêmico
Tempo de Leitura:6 Minuto, 49 Segundo


A informação não está no rótulo, mas é possível que o vinho que você bebe, além de uva fermentada, tenha um bocado de inteligência artificial (IA). Historicamente, a vinicultura sempre esteve profundamente ligada a práticas artesanais, o que confere a cada garrafa a expressão única da identidade de seu terroir e do estilo de seu produtor.

Mas, a tecnologia avança em ritmo acelerado e pode ser aplicada em todas as etapas de produção da bebida — do vinhedo à taça. Se vale a pena usá-la na cadeia inteira, porém, há controvérsias.

“Vejo a aplicação da IA com otimismo”, diz Sergio W. Bruxo, sommelier da Associação Brasileira de Sommeliers de São Paulo (ABS-SP), em entrevista ao NeoFeed. “Ela nos permite melhorar o cultivo das videiras, garantindo a produção de uvas de alta qualidade e processos de vinificação mais precisos, o que certamente resultará em vinhos melhores.”

Terceira maior vinícola do mundo, a chilena Concha y Toro é uma das pioneiras no uso de IA na América Latina. A  plataforma Smart Winery integra dados de sensores no campo com algoritmos para prever a qualidade do vinho e o momento ideal para o fim da maceração, processo no qual se extraem as substâncias responsáveis por dar cor e aroma à bebida, entre outras características.

Graças à tecnologia, a companhia conseguiu economizar US$ 375 mil em tanques de fermentação e aumentou sua capacidade de processamento de uvas sem precisar investir em novos equipamentos.

Além disso, a IA também tem ajudado a vinícola a enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas, permitindo ajustes rápidos e estratégicos para garantir a sustentabilidade dos negócios e a qualidade dos vinhos a longo prazo.

Adoções semelhantes são vistas mundo afora. Na Austrália, o vinhedo Mount Langi Ghiran, do Grupo Rathbone, famoso por seu Shiraz, implementou soluções baseadas na tecnologia para monitorar os níveis de água na plantação e prever o melhor momento para a colheita.

Também conseguiu otimizar o uso de equipamentos e a logística de transporte, reduzindo custos e melhorando a qualidade do produto.

No Vale do Napa, em Oakville, nos Estados Unidos, a vinícola boutique Gamble Family Vineyards, detentora do Napa Green, certificação para viticultura sustentável, foi uma das primeiras da região a investir em tratores que utilizam IA.

Equipados com câmeras e sensores de 360 graus, os veículos analisam todos os dias o vinhedo, o que permite ajustes em tempo real e estimativas de rendimento a longo prazo. Ali, também é comum ver drones circulando sobre a propriedade, identificando doenças em videiras, medindo a densidade das vinhas e aplicando defensivos em plantas de difícil acesso.

O “sommelier digital”

No Brasil, a vinícola Arpuro, de Uberaba, no interior mineiro, já nasceu, em 2020, integrada à IA. “Temos um sistema de dados próprio que nos permite o controle de todas as etapas da produção e, com isso, temos entregado bons vinhos”, comemora Valério Marega Júnior, idealizador e sócio do projeto, em conversa com o NeoFeed.

“Este ano, a estimativa é de que produzamos 25 mil garrafas”, complementa Marega Júnior. E o melhor: ele consegue acompanhar tudo de São Paulo, onde mora e atua no mercado financeiro.

Entre os vários equipamentos da Arpuro, o idealizador do projeto cita como exemplo os tratores autônomos, conectados a um banco de dados.

“Se vamos pulverizar um produto nas vinhas, mas o centro de meteorologia prevê ventos fortes para o horário em que a tarefa estava programada, essas informações são cruzadas e o trator nem vai ligar. Essa decisão é tomada pela IA porque, nesse cenário, é entendido que o produto seria desperdiçado”, explica o sócio da vinícola Arpuro.

Além disso, com a ajuda da ferramenta, é possível identificar quais plantas não receberam as quantidades corretas de fertilizante. A ferramenta tem ajudado também na fase de vinificação. Se durante essa etapa houver alguma mudança de temperatura, um sistema emite o alerta e mostra exatamente em qual tonel está ocorrendo o problema. Assim, é possível agir imediatamente.

Do manejo dos vinhedos à composição do “blend” e design dos rótulos, os vinhos da Wine of Moldova estão entre os primeiros do mundo criados 100% por IA (Reprodução “Vinuri — Inteligenta Artificala”)

Fundada no século 14, na Toscana, a vinícola italiana Marchesi Antinori usa a tecnologia para facilitar o trabalho nos vinhedos e nas adegas. Mas, como diz o CEO Renzo Cotarella, “o toque humano sempre fará a diferença” (Reprodução Instagram @marchesiantinori)

Na Concha y Toro, a plataforma Sommelier Digital, por meio de um “quiz” interativo, indica o vinho mais adequado às preferências do consumidor (Foto: Concha y Toro)

Na vinícola australiana Mount Langi Ghiran, famoso por seu Shiraz, a tecnologia é usada para dar mais precisão ao manejo das uvas (Reprodução langi.com.au)

A IA também está sendo aplicada como uma poderosa ferramenta de vendas. A Concha y Toro implementou o Sommelier Digital, em teste em uma unidade do Carrefour, em São Paulo. Por meio de um quiz interativo, o programa indica o melhor vinho, conforme as preferências de cada consumidor.

“Muita gente fica perdida diante de tantas opções”, explica Pietro Capuzzi, country manager da Concha y Toro no Brasil, ao NeoFeed. “Pesquisas mostram que 58% dos rótulos nas prateleiras nem chegam a ser notados pelos clientes. Isso se traduz em frustração e, muitas vezes, em escolhas que não correspondem ao que o consumidor realmente gostaria de levar para casa.”

Graças ao Sommelier Digital, as vendas aumentaram 35%, conforme levantamento feito pela companhia. Agora, a Concha y Toro iniciou uma parceria com a rede Condor, de Curitiba, para, até o final do ano, levar o projeto para cinco novas lojas, em diferentes regiões do País.

O “enólogo meta-humano”

Mas a IA pode ir (muito) além dos cuidados com os vinhedos e as ações de marketing. Em tese, a ferramenta poderia ser aplicada em todos os processos de produção da bebida. O exemplo do alcance da tecnologia foi dado em março, durante a ProWein, em Düsseldorf, na Alemanha, uma das maiores feiras internacionais do setor.

No evento, a Wine of Moldova, marca nacional de vinhos da Moldávia, apresentou um tinto, um branco e dois cuvées (vinhos elaborados a partir da mistura de safras, geralmente as mais excepcionais) como um dos primeiros do mundo inteiramente desenvolvidas por um bot de IA — o Chelaris, conhecido como o “enólogo meta-humano”.

O sistema foi utilizado para guiar todas as etapas do processo, da colheita e fermentação até a composição do blend e o design dos rótulos. Obviamente, o Chelaris não fez tudo sozinho. O robô foi criado por uma equipe multidisciplinar formada por enólogos, produtores de vinhos, especialistas em tecnologia e profissionais de marketing.

Apesar dos benefícios, os desafios do uso de IA na produção de vinhos ainda são grandes. Um dos principais é garantir a ética dos negócios e evitar a transformação da bebida em um produto excessivamente padronizado.

A combinação precisão tecnológica e sensibilidade humana ainda precisa ser ajustada para que cada rótulo preserve suas características mais particulares.

“A IA é bem-vinda como ferramenta de suporte, ajudando na compilação de dados, no gerenciamento de rotinas e na interpretação de análises complexas que orbitam a vinícola. No entanto, a criação de um vinho de qualidade é, e sempre será, um processo sensorial e artístico”, defende Mario Lucas Ieggli, vice-presidente da Associação Brasileira de Enologia (ABE), ao NeoFeed.

A vinícola italiana Marchesi Antinori, uma das melhores do mundo, serve de paradigma para o equilíbrio entre tradição e inovação, uma a serviço da outra. Fundada em 1385, na Toscana, já está na 26ª geração. Desde 2007, a família adotou a viticultura de precisão.

“O uso de IA certamente ajuda a melhorar e simplificar alguns dos processos de produção, além de tornar o trabalho no vinhedo e na adega mais fácil. Mas, estamos firmemente convencidos de que a abordagem artesanal é essencial na produção de vinho, para poder expressar a identidade do terroir e o estilo do produtor, juntamente com as características da safra e das variedades de uva”, diz Renzo Cotarella, CEO e  chief winemaker na Marchesi Antinori, em entrevista ao NeoFeed.

E ele completa: “Para nós, o toque humano sempre fará a diferença, especialmente quando se trata da identidade estilística do produto”.





Fonte: Neofeed

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Brasil se torna a maior operação global de aeroportos da Indigo (e a empresa não vai frear os investimentos)

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Tempo de Leitura:2 Minuto, 29 Segundo


A Indigo Brasil vai dobrar suas operações no setor de aeroportos no País, passando a gerenciar mais de 19 mil vagas neste ano. Com isso, a gestora e administradora de estacionamentos chegará a 300 operações com 308.868 vagas.

Além de administrar estacionamentos nos terminais de Guarulhos (SP), Fortaleza (CE), Curitiba (PR) e Goiânia (GO), a empresa assumiu entre o fim do ano passado e janeiro deste ano a operação dos aeroportos de Salvador (BA), Manaus (AM), Porto Velho (RO), Boa Vista (RR) e Rio Branco (AC), por onde circulam, em média, 2 milhões de pessoas por mês.

A expansão para essas cinco novas praças transforma o Brasil na maior operação do grupo no mundo na parte de aeroportos, em termos de volume, seguido do Canadá. A francesa Indigo atua em mais de 350 cidades de dez países, como Espanha, Suíça e Colômbia, onde administra 1,4 milhão de vagas. No Brasil, as operações estão espalhadas por 21 estados e pelo Distrito Federal.

O setor de aeroportos já representa 20% do faturamento da companhia no território brasileiro, que teve receita de R$ 1,7 bilhão em 2024.

“Vamos continuar investindo nesse setor, não só trazendo novas operações, mas também melhorando as que já existem. No último ano, só com uma gestão mais eficiente de vagas, tivemos aumento de mais de 25% na parte de receita digital”, diz Thiago Piovesan, CEO da Indigo, em entrevista ao Call de Negócios, do NeoFeed.

“Não quer dizer que a gente vá levar isso o tempo todo para todos os ativos, mas é uma amostra do que a gente pode ter em termos de melhoria de receita no segmento”, complementou.

Com investimento de mais de R$ 5 milhões em inteligência artificial nos últimos 12 meses, a Indigo tem apostado no uso de dados para melhorar sua eficiência, adotando tabela dinâmica de preços de acordo com a demanda e oferecendo promoções para usuários frequentes.

“A tecnologia nos permite olhar para frente. Ela consegue nos trazer informações preditivas de como é que aquele estacionamento vai se comportar. Por exemplo, na área de aeroportos, a expectativa de fluxo de voos que estão chegando, se o tempo vai estar mais chuvoso. Com isso, a gente consegue criar e trazer experiências novas”, afirma Piovesan.

Para o CEO, o futuro do estacionamento é se transformar num ponto de serviços, em que os clientes possam deixar o carro para lavagem, abastecimento ou outros reparos.

Na visão de Piovesan, a inovação no segmento pode acontecer ao eleger estacionamentos como locais intermediários em jornadas de deslocamento, de modo que o motorista deixe o carro no estacionamento para pegar um outro meio de transporte até o seu destino final, seja um carro por aplicativo, bicicleta elétrica ou metrô.

“A gente também tem investido em cicloparques, uma nova geração nova de estacionamento atrelada a bicicletas elétricas. A gente sabe que esse mercado cresce muito. Então temos alguns projetos em andamento de implantação”, diz o CEO.



Fonte: Neofeed

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Saint-Gobain reforça estrutura (e a relevância) do Brasil em seu mapa global

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Saint-Gobain reforça estrutura (e a relevância) do Brasil em seu mapa global
Tempo de Leitura:5 Minuto, 7 Segundo


Aos 61 anos, Javier Gimeno é um veterano de Saint-Gobain. Após iniciar sua carreira no grupo francês em 1987, ele cumpriu diversas escalas nas operações da gigante de materiais de construção, avaliada em € 45,2 bilhões. Da sua terra natal, a Espanha, até a França e a região Ásia-Pacífico.

Desde 2021, o executivo está instalado em São Paulo, de onde comanda os negócios da empresa na América Latina. Tradicionalmente, a região representa cerca de 10% das vendas da companhia, que, nos dados mais recentes, apurou uma receita global de € 35 bilhões nos primeiros nove meses de 2024.

Em outro dado que reforça a relevância da região, o Brasil costuma figurar entre os cinco principais mercados globais da Saint-Gobain. E para se manter nesse clube seleto, o País está no centro de parte dos próximos investimentos na América Latina, com foco em produção, pesquisa e inovação.

“A Saint-Gobain tem muita confiança na América Latina”, diz Gimeno, vice-presidente sênior e CEO da Saint-Gobain para a América Latina, ao NeoFeed. “E o Brasil é, sem dúvida, o centro de gravidade da nossa presença aqui. O País joga o papel de catalisador do grupo na região.”

O grupo entende que, como um player importante nesse jogo, o Brasil já está bem atendido no que diz respeito à capacidade de produção. Hoje, a empresa mantém 58 fábricas no País e 90 na América Latina. Mas há exceções nesse campo, com abertura para investimentos seletivos em novas unidades.

Nesse contexto, a Saint-Gobain está dando andamento às negociações para o início da construção de uma nova linha de placa de gesso – material usado em construções como as paredes de drywall – no Brasil, ainda neste ano e com início de operação previsto para 2026.

Segundo Gimeno, a unidade vai demandar um aporte de “dezenas de milhões de euros”. Em 2024, o grupo inaugurou uma segunda linha em Mogi das Cruzes (SP). Com o novo projeto, sua capacidade anual de produção total no segmento deve saltar de 80 milhões para 140 milhões de metros quadrados.

O executivo não revela, porém, onde será instalada a nova planta e diz apenas que provavelmente será na região Nordeste. Mas, conforme apurou o NeoFeed, a Saint-Gobain já mantém negociações com o governo da Bahia para que a cidade de Feira de Santana abrigue o projeto.

Ainda na área fabril, a companhia está reservando espaço para investimentos em automação e digitalização em outras unidades. Além de projetos para acelerar a descarbonização dos seus processos, dentro da meta de reduzir suas emissões de carbono em 33% até 2030.

O plano de curto e médio prazo da Saint-Gobain para o Brasil também passa pela expansão do centro de pesquisa e desenvolvimento (P&D) da companhia instalado em Capivari, cidade que fica a cerca de 400 quilômetros de São Paulo. Hoje, essa estrutura é formada por mais de 70 cientistas e a ideia é dobrar esse time nos próximos doze meses.

Javier Gimeno, vice-presidente sênior e CEO da Saint-Gobain para a América Latina

“O driver dessa expansão é a nossa necessidade de fugir do risco de comoditização dos nossos produtos”, afirma o CEO. “São produtos mais técnicos, inovadores e mais respeitosos com o meio ambiente. E que acreditamos que se traduzem rapidamente em crescimento adicional.”

A unidade é um dos seis centros de P&D do grupo no mundo e o único na América Latina. A localização e a adaptação de produtos globais para o mercado local é uma de suas atribuições. Mas essa equipe também se dedica a desenvolver inovações adotadas em outras operações da empresa.

“Esse centro tem um papel relevante em linhas e produtos em que o Brasil é reconhecido no mundo inteiro”, observa Gimeno. “Isso inclui, por exemplo, os impermeabilizantes asfálticos e as placas de fibrocimento.”

Leve e sustentável

O contexto por trás desses dois novos projetos de expansão envolve dois eixos. O primeiro segue a orientação global do grupo de reduzir sua dependência do mercado europeu e avançar nos Estados Unidos e em mercados emergentes como a América Latina e, principalmente, o Brasil.

Já o segundo vem no rastro da pegada, também global, de construção leve e sustentável. A ideia é priorizar ofertas que exijam menos recursos para produção. Além de reduzir custos e permitir instalações mais rápidas e mais fáceis, entre outras vantagens.

Gimeno diz que o portfólio atual já tem itens cuja fabricação utiliza 50% menos energia e traz ganhos de produtividade de cerca de 20%. Mas há um outro dado que sustenta essa aposta: a percepção de uma demanda cada vez maior por esses produtos e, ao mesmo tempo, a penetração ainda baixa no Brasil.

“No caso, por exemplo, das placas de gesso, o consumo no Brasil é de apenas 0,8 metro quadrado por ano. Nos Estados Unidos, são 10 metros”, diz o executivo. “Então, nós acreditamos que temos espaço para aumentar radicalmente essa taxa de penetração.”

Essa visão é o que também dá fôlego para que a Saint-Gobain atravesse o cenário macroeconômico do País, que Gimeno classifica como de “leitura difícil”, com a mescla de bons indicadores, como a queda na taxa de desemprego, com dados nada favoráveis, como a elevação da taxa de juros.

Já no campo de aquisições, ele diz que, no Brasil, a Saint-Gobain pode olhar apenas para acordos de menor porte, que complementem a oferta. O mesmo não acontece em outros países da região. No México, por exemplo, o grupo acabou de concluir a compra da Ovniver, seu maior acordo na região.

Ainda no que diz respeito aos M&As, Gimeno desconversou sobre uma possível venda da Telhanorte. Operação de varejo de materiais de construção do grupo no Brasil, a marca convive, há anos, com rumores sobre um acordo nessa direção.

“Essa é uma pergunta que está na mesa desde a minha chegada. A Saint-Gobain não ia vender e não vendeu. Mas não vai ampliar a exposição ao varejo brasileiro e vem otimizando essa rede”, diz. “E vamos dar sequência em 2025, com algumas lojas não rentáveis sendo fechadas. Mas nada brutal.”



Fonte: Neofeed

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BlackRock vê novo piso tarifário nos EUA e compara política à de 1930

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taxas impostos
Tempo de Leitura:2 Minuto, 35 Segundo


O adiamento em um mês das tarifas americanas de 25% sobre o México e o Canadá trouxe algum alívio para o mercado. Mas ainda é incerto se o governo americano manterá a alíquota sobre os produtos vizinhos.

Caso os planos avancem, segundo a BlackRock, as taxas poderiam se aproximar das praticadas pelos Estados Unidos na década de 1930 – período em que o país aumentou significativamente os preços dos produtos importados para proteger sua indústria e agricultura durante a Grande Depressão.

Esse aumento protecionista agravou a crise, desencadeando retaliações de outros países e reduzindo o comércio global. Os Estados Unidos só retomariam a abertura comercial a partir de 1934, sob o comando de Franklin D. Roosevelt.

“A chave para os mercados é entender por quanto tempo as tarifas de 25% irão durar: quanto mais tempo permanecerem, maior será o impacto nas cadeias de suprimentos”, diz a BlackRock, maior gestora do mundo, com US$ 11,6 trilhões sob gestão.

“As implicações econômicas podem ser maiores do que os efeitos diretos. Tarifas prolongadas, como as propostas, podem prejudicar o crescimento e aumentar a inflação”, complementa trecho do relatório.

Outra questão importante, alerta a gestora, é a retaliação desses países contra os Estados Unidos. “Assim como os EUA, o Canadá e o México estão posicionando as tarifas como uma questão de segurança nacional, incentivando o consumo de produtos não americanos e limitando a dependência do comércio transfronteiriço.”

Porém, os analistas da BlackRock acreditam que as tarifas de 25% serão usadas apenas como uma barganha de negociação, visto o adiamento das tarifas após o México e o Canadá aceitarem reforçar a segurança de suas fronteiras. Mas as tarifas de 10%, como as impostas à China, serão a “nova base” da economia americana, visando garantir maior arrecadação de impostos em meio a uma sequência de déficits fiscais.

Ainda que menor, a taxa de 10% não está imune a retaliações. A China, após ser taxada pelos Estados Unidos, impôs tarifas de 10% a 15% sobre produtos americanos, além de ter dado início a uma investigação antitruste contra o Google.

“As tarifas serão uma ferramenta chave do novo governo americano, como sinalizado durante a campanha presidencial.”

Diante do potencial inflacionário das políticas de Trump, a BlackRock tem recomendado a compra de ouro e mantém recomendação “underweight” para os títulos de longo prazo do Tesouro americano.

As discussões tarifárias, na avaliação da BlackRock, também devem minar a confiança do investidor no curto prazo, gerando pressões adicionais sobre o mercado americano nos próximos meses.

A gestora, no entanto, segue otimista com o desempenho das bolsas de Nova York para uma janela de 6 a 12 meses. expectativa de crescimento de lucros e da economia americana sustenta a tese, assim como a perspectiva de desregulamentação e investimentos em inteligência artificial.

“Os mercados podem se ajustar a um novo regime de tarifas de 10% se o crescimento permanecer sólido e a inflação controlada. As grandes empresas de tecnologia podem ter um bom desempenho, dados os balanços sólidos, a resiliência dos lucros e seu papel central no desenvolvimento da IA”, afirma o relatório.



Fonte: Neofeed

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