Negócios
Por que o Cinquecento elétrico virou o pesadelo da Stellantis
A crise da Stellantis causada pelas baixas vendas do modelo elétrico Fiat 500e aprofundou o dilema vivido pela montadora desde a demissão do CEO Carlos Tavares, no início do mês.
O chefe da Stellantis Europa, Jean-Philippe Impparato, reuniu-se na terça-feira, 17 de dezembro, em Roma, com o ministro da Indústria da Itália, Adolfo Urso, e líderes sindicais para discutir medidas para aumentar a produção de carros da montadora no país.
Após o encontro, a Stellantis se comprometeu a investir € 2 bilhões na Itália no próximo ano e desenvolver um novo modelo popular. O plano também incluirá um número maior de modelos híbridos a serem fabricados na Itália.
Enquanto isso, a imprensa europeia repercutia uma promoção inédita de uma concessionária da Stellantis nos Estados Unidos que causou constrangimento aos italianos.
Preocupada com o encalhe de vendas do Fiat 500e nos EUA, uma concessionária de Aurora, no estado do Colorado, está anunciando uma promoção que prevê “aluguel de graça” do Cinquecento elétrico por 27 meses. Na verdade, os interessados terão de arcar com o pagamento de impostos e taxas, que totalizam US$ 62 por mês.
A oferta revela o fiasco de venda do Fiat 500e, um modelo compacto elétrico com apenas 400 unidades comercializadas nos EUA este ano. Suas características não se encaixaram no mar de modelos EV que estão inundando o mercado americano.
O 500e tem uma bateria de 42 quilowatts-hora que oferece até 240 quilômetros de alcance com uma carga. Seu preço inicial de venda, de US$ 34.095 (incluindo a taxa de destino de US$ 1.595) tampouco é competitivo – o tamanho pequeno e o alcance limitado do modelo o tornam perfeito para a condução urbana, mas também limitam seu público.
O contrato de arrendamento termina em 31 de dezembro e está disponível apenas para residentes no Colorado. Os locatários terão a opção de comprar o EV por US$ 17.388 assim que o contrato expirar.
Fiasco na Itália
As vendas baixas do modelo não se limitam aos EUA. A Stellantis tem lutado para vender a versão EV do popular modelo da Fiat desde o seu lançamento e, em setembro, a montadora – que tem em seu portfólio marcas globais como Peugeot, Citroën, Alfa Romeo, Chrysler, Dodge, Jeep, Lancia, Maserati e Opel, além da Fiat – decidiu paralisar a produção do Fiat 500e na planta de Marinelo, concentrando-a em Turim.
As taxas de utilização da montadora é a mais baixa da Europa, de apenas 64%. Nos EUA, é ainda menor, de 52%. O fiasco de vendas do Fiat 500e ameaçou os 40 mil funcionários da Stellantis na Itália, o que levou os sindicatos do país a exigirem mudanças na montadora.
Enquanto as montadoras de toda a Europa estão lutando com a diminuição da demanda por veículos elétricos e o aumento da concorrência de fabricantes chineses como a BYD, a situação da Itália foi agravada pela decisão de Tavares de transferir a produção de alguns modelos da Stellantis para países de baixo custo, como a Polônia.
Na semana passada, a Stellantis anunciou uma parceria com a CATL, maior fabricante de baterias do mundo, para abrir uma fábrica à base de lítio avaliada em € 4,1 bilhões (pouco mais de R$ 26 bilhões) em Zaragoza, no nordeste da Espanha. O objetivo é acelerar a transição de montadora para veículos elétricos.
“Após a renúncia de Tavares, a atmosfera mudou, e o plano de hoje prova isso”, disse o ministro Urso, na coletiva de imprensa. De acordo com o plano anunciado, a Stellantis prevê uma produção italiana de 500.000 veículos em 2025 e um aumento de 50% em 2026, para cerca de 750.000 unidades.
A Stellantis anunciou ainda que começará a fabricar veículos em uma nova plataforma em suas instalações no sul da Itália, em Pomigliano. Por sua vez, o governo liderado pela primeira-ministra Giorgia Meloni disse que está pronto para gastar mais de € 1 bilhão para o setor em 2025.
Negócios
Brasil se torna a maior operação global de aeroportos da Indigo (e a empresa não vai frear os investimentos)
A Indigo Brasil vai dobrar suas operações no setor de aeroportos no País, passando a gerenciar mais de 19 mil vagas neste ano. Com isso, a gestora e administradora de estacionamentos chegará a 300 operações com 308.868 vagas.
Além de administrar estacionamentos nos terminais de Guarulhos (SP), Fortaleza (CE), Curitiba (PR) e Goiânia (GO), a empresa assumiu entre o fim do ano passado e janeiro deste ano a operação dos aeroportos de Salvador (BA), Manaus (AM), Porto Velho (RO), Boa Vista (RR) e Rio Branco (AC), por onde circulam, em média, 2 milhões de pessoas por mês.
A expansão para essas cinco novas praças transforma o Brasil na maior operação do grupo no mundo na parte de aeroportos, em termos de volume, seguido do Canadá. A francesa Indigo atua em mais de 350 cidades de dez países, como Espanha, Suíça e Colômbia, onde administra 1,4 milhão de vagas. No Brasil, as operações estão espalhadas por 21 estados e pelo Distrito Federal.
O setor de aeroportos já representa 20% do faturamento da companhia no território brasileiro, que teve receita de R$ 1,7 bilhão em 2024.
“Vamos continuar investindo nesse setor, não só trazendo novas operações, mas também melhorando as que já existem. No último ano, só com uma gestão mais eficiente de vagas, tivemos aumento de mais de 25% na parte de receita digital”, diz Thiago Piovesan, CEO da Indigo, em entrevista ao Call de Negócios, do NeoFeed.
“Não quer dizer que a gente vá levar isso o tempo todo para todos os ativos, mas é uma amostra do que a gente pode ter em termos de melhoria de receita no segmento”, complementou.
Com investimento de mais de R$ 5 milhões em inteligência artificial nos últimos 12 meses, a Indigo tem apostado no uso de dados para melhorar sua eficiência, adotando tabela dinâmica de preços de acordo com a demanda e oferecendo promoções para usuários frequentes.
“A tecnologia nos permite olhar para frente. Ela consegue nos trazer informações preditivas de como é que aquele estacionamento vai se comportar. Por exemplo, na área de aeroportos, a expectativa de fluxo de voos que estão chegando, se o tempo vai estar mais chuvoso. Com isso, a gente consegue criar e trazer experiências novas”, afirma Piovesan.
Para o CEO, o futuro do estacionamento é se transformar num ponto de serviços, em que os clientes possam deixar o carro para lavagem, abastecimento ou outros reparos.
Na visão de Piovesan, a inovação no segmento pode acontecer ao eleger estacionamentos como locais intermediários em jornadas de deslocamento, de modo que o motorista deixe o carro no estacionamento para pegar um outro meio de transporte até o seu destino final, seja um carro por aplicativo, bicicleta elétrica ou metrô.
“A gente também tem investido em cicloparques, uma nova geração nova de estacionamento atrelada a bicicletas elétricas. A gente sabe que esse mercado cresce muito. Então temos alguns projetos em andamento de implantação”, diz o CEO.
Negócios
Saint-Gobain reforça estrutura (e a relevância) do Brasil em seu mapa global
Aos 61 anos, Javier Gimeno é um veterano de Saint-Gobain. Após iniciar sua carreira no grupo francês em 1987, ele cumpriu diversas escalas nas operações da gigante de materiais de construção, avaliada em € 45,2 bilhões. Da sua terra natal, a Espanha, até a França e a região Ásia-Pacífico.
Desde 2021, o executivo está instalado em São Paulo, de onde comanda os negócios da empresa na América Latina. Tradicionalmente, a região representa cerca de 10% das vendas da companhia, que, nos dados mais recentes, apurou uma receita global de € 35 bilhões nos primeiros nove meses de 2024.
Em outro dado que reforça a relevância da região, o Brasil costuma figurar entre os cinco principais mercados globais da Saint-Gobain. E para se manter nesse clube seleto, o País está no centro de parte dos próximos investimentos na América Latina, com foco em produção, pesquisa e inovação.
“A Saint-Gobain tem muita confiança na América Latina”, diz Gimeno, vice-presidente sênior e CEO da Saint-Gobain para a América Latina, ao NeoFeed. “E o Brasil é, sem dúvida, o centro de gravidade da nossa presença aqui. O País joga o papel de catalisador do grupo na região.”
O grupo entende que, como um player importante nesse jogo, o Brasil já está bem atendido no que diz respeito à capacidade de produção. Hoje, a empresa mantém 58 fábricas no País e 90 na América Latina. Mas há exceções nesse campo, com abertura para investimentos seletivos em novas unidades.
Nesse contexto, a Saint-Gobain está dando andamento às negociações para o início da construção de uma nova linha de placa de gesso – material usado em construções como as paredes de drywall – no Brasil, ainda neste ano e com início de operação previsto para 2026.
Segundo Gimeno, a unidade vai demandar um aporte de “dezenas de milhões de euros”. Em 2024, o grupo inaugurou uma segunda linha em Mogi das Cruzes (SP). Com o novo projeto, sua capacidade anual de produção total no segmento deve saltar de 80 milhões para 140 milhões de metros quadrados.
O executivo não revela, porém, onde será instalada a nova planta e diz apenas que provavelmente será na região Nordeste. Mas, conforme apurou o NeoFeed, a Saint-Gobain já mantém negociações com o governo da Bahia para que a cidade de Feira de Santana abrigue o projeto.
Ainda na área fabril, a companhia está reservando espaço para investimentos em automação e digitalização em outras unidades. Além de projetos para acelerar a descarbonização dos seus processos, dentro da meta de reduzir suas emissões de carbono em 33% até 2030.
O plano de curto e médio prazo da Saint-Gobain para o Brasil também passa pela expansão do centro de pesquisa e desenvolvimento (P&D) da companhia instalado em Capivari, cidade que fica a cerca de 400 quilômetros de São Paulo. Hoje, essa estrutura é formada por mais de 70 cientistas e a ideia é dobrar esse time nos próximos doze meses.
“O driver dessa expansão é a nossa necessidade de fugir do risco de comoditização dos nossos produtos”, afirma o CEO. “São produtos mais técnicos, inovadores e mais respeitosos com o meio ambiente. E que acreditamos que se traduzem rapidamente em crescimento adicional.”
A unidade é um dos seis centros de P&D do grupo no mundo e o único na América Latina. A localização e a adaptação de produtos globais para o mercado local é uma de suas atribuições. Mas essa equipe também se dedica a desenvolver inovações adotadas em outras operações da empresa.
“Esse centro tem um papel relevante em linhas e produtos em que o Brasil é reconhecido no mundo inteiro”, observa Gimeno. “Isso inclui, por exemplo, os impermeabilizantes asfálticos e as placas de fibrocimento.”
Leve e sustentável
O contexto por trás desses dois novos projetos de expansão envolve dois eixos. O primeiro segue a orientação global do grupo de reduzir sua dependência do mercado europeu e avançar nos Estados Unidos e em mercados emergentes como a América Latina e, principalmente, o Brasil.
Já o segundo vem no rastro da pegada, também global, de construção leve e sustentável. A ideia é priorizar ofertas que exijam menos recursos para produção. Além de reduzir custos e permitir instalações mais rápidas e mais fáceis, entre outras vantagens.
Gimeno diz que o portfólio atual já tem itens cuja fabricação utiliza 50% menos energia e traz ganhos de produtividade de cerca de 20%. Mas há um outro dado que sustenta essa aposta: a percepção de uma demanda cada vez maior por esses produtos e, ao mesmo tempo, a penetração ainda baixa no Brasil.
“No caso, por exemplo, das placas de gesso, o consumo no Brasil é de apenas 0,8 metro quadrado por ano. Nos Estados Unidos, são 10 metros”, diz o executivo. “Então, nós acreditamos que temos espaço para aumentar radicalmente essa taxa de penetração.”
Essa visão é o que também dá fôlego para que a Saint-Gobain atravesse o cenário macroeconômico do País, que Gimeno classifica como de “leitura difícil”, com a mescla de bons indicadores, como a queda na taxa de desemprego, com dados nada favoráveis, como a elevação da taxa de juros.
Já no campo de aquisições, ele diz que, no Brasil, a Saint-Gobain pode olhar apenas para acordos de menor porte, que complementem a oferta. O mesmo não acontece em outros países da região. No México, por exemplo, o grupo acabou de concluir a compra da Ovniver, seu maior acordo na região.
Ainda no que diz respeito aos M&As, Gimeno desconversou sobre uma possível venda da Telhanorte. Operação de varejo de materiais de construção do grupo no Brasil, a marca convive, há anos, com rumores sobre um acordo nessa direção.
“Essa é uma pergunta que está na mesa desde a minha chegada. A Saint-Gobain não ia vender e não vendeu. Mas não vai ampliar a exposição ao varejo brasileiro e vem otimizando essa rede”, diz. “E vamos dar sequência em 2025, com algumas lojas não rentáveis sendo fechadas. Mas nada brutal.”
Negócios
BlackRock vê novo piso tarifário nos EUA e compara política à de 1930
O adiamento em um mês das tarifas americanas de 25% sobre o México e o Canadá trouxe algum alívio para o mercado. Mas ainda é incerto se o governo americano manterá a alíquota sobre os produtos vizinhos.
Caso os planos avancem, segundo a BlackRock, as taxas poderiam se aproximar das praticadas pelos Estados Unidos na década de 1930 – período em que o país aumentou significativamente os preços dos produtos importados para proteger sua indústria e agricultura durante a Grande Depressão.
Esse aumento protecionista agravou a crise, desencadeando retaliações de outros países e reduzindo o comércio global. Os Estados Unidos só retomariam a abertura comercial a partir de 1934, sob o comando de Franklin D. Roosevelt.
“A chave para os mercados é entender por quanto tempo as tarifas de 25% irão durar: quanto mais tempo permanecerem, maior será o impacto nas cadeias de suprimentos”, diz a BlackRock, maior gestora do mundo, com US$ 11,6 trilhões sob gestão.
“As implicações econômicas podem ser maiores do que os efeitos diretos. Tarifas prolongadas, como as propostas, podem prejudicar o crescimento e aumentar a inflação”, complementa trecho do relatório.
Outra questão importante, alerta a gestora, é a retaliação desses países contra os Estados Unidos. “Assim como os EUA, o Canadá e o México estão posicionando as tarifas como uma questão de segurança nacional, incentivando o consumo de produtos não americanos e limitando a dependência do comércio transfronteiriço.”
Porém, os analistas da BlackRock acreditam que as tarifas de 25% serão usadas apenas como uma barganha de negociação, visto o adiamento das tarifas após o México e o Canadá aceitarem reforçar a segurança de suas fronteiras. Mas as tarifas de 10%, como as impostas à China, serão a “nova base” da economia americana, visando garantir maior arrecadação de impostos em meio a uma sequência de déficits fiscais.
Ainda que menor, a taxa de 10% não está imune a retaliações. A China, após ser taxada pelos Estados Unidos, impôs tarifas de 10% a 15% sobre produtos americanos, além de ter dado início a uma investigação antitruste contra o Google.
“As tarifas serão uma ferramenta chave do novo governo americano, como sinalizado durante a campanha presidencial.”
Diante do potencial inflacionário das políticas de Trump, a BlackRock tem recomendado a compra de ouro e mantém recomendação “underweight” para os títulos de longo prazo do Tesouro americano.
As discussões tarifárias, na avaliação da BlackRock, também devem minar a confiança do investidor no curto prazo, gerando pressões adicionais sobre o mercado americano nos próximos meses.
A gestora, no entanto, segue otimista com o desempenho das bolsas de Nova York para uma janela de 6 a 12 meses. expectativa de crescimento de lucros e da economia americana sustenta a tese, assim como a perspectiva de desregulamentação e investimentos em inteligência artificial.
“Os mercados podem se ajustar a um novo regime de tarifas de 10% se o crescimento permanecer sólido e a inflação controlada. As grandes empresas de tecnologia podem ter um bom desempenho, dados os balanços sólidos, a resiliência dos lucros e seu papel central no desenvolvimento da IA”, afirma o relatório.
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