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Taxação de fortunas, novo think tank e o que faz “um país apanhar”. As dúvidas e as certezas de Elie Horn

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elie horn, cyrela
Tempo de Leitura:7 Minuto, 54 Segundo


Fazer o bem é uma missão constante na vida de Elie Horn. Do apoio a centenas de projetos sociais ao compromisso de doar 60% de seu patrimônio em vida, atualmente na casa dos R$ 3 bilhões, de acordo com a revista Forbes, “seu Elie”, como é referenciado, vem se dedicando à filantropia e a convencer os outros a se juntarem a ele.

E, para inspirar as pessoas a seguirem o mesmo caminho, seu Elie decidiu fazer algo que vai ao encontro de sua personalidade mais tímida, lançando uma biografia. Chamado de “Tijolos do Bem”, o livro da editora e livraria Sêfer conta a história do empresário e da Cyrela, mas dedica boa parte das 192 páginas sobre fazer o bem e reflexões dele sobre o tema.

“Espero [com o livro] que o bem se transmita, que haja mais bem no Brasil e no mundo, que as pessoas sejam menos egoístas, em geral, e passem a fazer o bem, cada um à sua maneira”, afirmou seu Elie ao NeoFeed e a um pequeno grupo de jornalistas, em sua casa, em São Paulo. “Temos que convencer as pessoas a fazerem o bem por convicção própria.”

A ideia do livro surgiu há cerca de quatro anos e meio, quando seu Elie foi abordado por Sarita Mucinic Saure, escritora e coordenadora educacional do Memorial do Holocausto em São Paulo, depois da participação do empresário no programa Roda Viva, da TV Cultura.

Segundo ela, que assumiu o trabalho de ajudar seu Elie a escrever o livro, o que chamou a atenção na entrevista foi ele apenas falar sobre fazer o bem, e se esquivar de falar de negócios. Foi por esse caminho que ela conseguiu convencer o tímido empresário a topar lançar a biografia, que terá o dinheiro da venda destinado a projetos sociais.

Embora seu Elie tenha focado o livro no tema da filantropia, ele também abriu espaço para falar sobre sua trajetória. Do nascimento em Alepo, na Síria, em julho de 1944, passando pelos desafios financeiros que sua família enfrentou até a chegada ao Brasil, em 1955.

Também traz as primeiras experiências no mundo do trabalho, quando vendeu goma laca e soda cáustica e passou a atuar em tecelagem, a formação em Direito, que nunca exerceu, chegando à Cyrela, construtora que ele assumiu em 1976, depois da saída dos irmãos da empresa, que se chamava Cyrel, e que é atualmente um dos principais nomes do setor, avaliada em mais de R$ 7 bilhões.

Seu Elie confessou que, depois do livro ficar pronto, ficou com medo e “vergonha”, temendo que esse empreendimento não fosse “dar certo”. “Nunca fiz isso na minha vida, é a primeira vez. Para mim, é um ato de coragem e me gerou vergonha de poder ter um livro sem sucesso, sem conteúdo, de autopromoção”, afirmou.

Demorou quase um ano e meio até que se convencesse pela publicação. “Repensei e decidi que precisava fazer, tem que ir até o fim, não tem sentido algum ter vergonha a essa altura”, disse, confessando que tem ideias para outros livros.

No petit comité com os jornalistas, além do livro, seu Elie falou sobre fazer o bem, o estado da filantropia no País e também se propôs a conversar sobre economia, o mercado de construção (com direito a um mea culpa a respeito do plano frustrado de expansão da Cyrela) e seu otimismo com o futuro.

Acompanhe, a seguir, os principais pontos da conversa:

O QUE É O BEM
Bem é a essência da vida. Não tem nada que valha a pena fazer se não for para o bem. E o que é o bem? É tudo que dá significado à vida. Estamos a troco de quê nessa Terra, fazendo o quê? Qual a nossa missão? Qual o fim? Por que eu vivo? Por que eu existo? Tudo isso te leva a achar as causas primeiras e a missão, o significado, que é o bem. Tudo o que você faz é o bem. Dar um beijo é o bem, dar um abraço é o bem, sorrir é o bem, ajudar um pobre é o bem, ajudar o hospital é o bem. Tudo é o bem. É em função do bem que decidi escrever esse livro e dar alguns exemplos que nós fizemos em termos de [fazer o] bem.

NOVO THINK TANK 
Temos uma nova ONG que conta com 20 executivos, executivos aposentados ou fundadores e vamos falar do bem em termos de ideias. Essa ONG não tem dinheiro envolvido, é para falar do bem em termos de ideias. Se a ideia for aceita no grupo, vamos dar ela para a mídia e para o governo. Caso [governo] não queira, joga fora, caso queira, use, é de graça. É um think tank de ideias. Isso começou faz dois meses e daqui a pouco vamos falar os nomes dos executivos.

MAIS DOAÇÕES PRIVADAS
No País, as empresas privadas pagam 0,2% do PIB para fins sociais. Nos Estados Unidos, isso é 0,8%. Precisamos fazer mais para chegar ao nível americano. É onde queremos chegar. O Movimento Bem Maior [ONG de estímulo à filantropia que conta com nomes como Luciano Huck, Eugênio Mattar, além de Elie Horn como associados] tem como meta chegar de 0,2% a 0,4%. Estamos trabalhando. Não é fácil, não vamos chegar a 0,4% agora, mas é uma meta.

TAXAÇÃO DE GRANDES FORTUNAS
Se for para pagar imposto e fazer o bem, não teria problema. Se o imposto não vai para o bem, a coisa muda. Se eu pudesse determinar algo, eu faria uma política social no tempo, que não muda com os partidos. Algumas coisas seriam tratadas de maneira apolítica pelos governos sucessivos. Então, se mudar amanhã o PT por um PMDB, não importa, a linha não muda. Infelizmente, no País, quando muda o governo, muda tudo. Todo trabalho feito é jogado fora, isso é uma tristeza (…) Sou a favor da taxação para poder ajudar quem precisa, o problema é mudar a tendência toda vez que muda o partido.

Com 192 páginas, o livro custa R$ 60 (crédito: editora e livraria Sêfer)

PROVAÇÃO DAS INCORPORADORAS
Infelizmente, muitas empresas que abriram o capital na Bolsa se deram mal. Por que se deram mal? Porque começaram a não respeitar o cash flow. O setor de construção é muito bom, mas, se você não for cuidadoso, você quebra. Você passa a se embriagar com o seu sucesso. Então é fundamental que se respeite o cash flow. O que é o cash flow adequado, na minha opinião? Você para de trabalhar hoje, faz as obras até o fim, paga a dívida até o fim, incluindo os bancos, você não vende mais nada. Você tem que saber se virar para sobreviver. Quem não seguiu essa regra apanhou muito. Quem seguiu, sobreviveu.

MEA CULPA NA CYRELA
Por ambição minha, orgulho, por achar que era um gênio, porque tudo o que fazia, vendia, achei que poderia abrir empresas em 60 cidades no Brasil. Isso foi muito triste, porque não existe abrir 60 empresas novas, com sócios novos, cidades novas, sem apanhar. Quando percebemos que erramos, nos recolhemos. Abrimos rápido e fechamos mais rápido ainda, limitando o prejuízo e a dor de cabeça. Para mim, é uma mancha no currículo, mas o que posso fazer?

SITUAÇÃO DA ECONOMIA
A saúde econômica de um país é algo que não depende de política, é uma verdade em si mesma. Se você muda, você apanha. A Argentina está apanhando faz 30 anos e agora botaram um cara com a cabeça no lugar, aparentemente, mesmo que seja um pouco rígido demais. O país vai se salvar, senão ia ser pior. Não sou economista, mas a verdade não muda. Todo governo que gasta mais do que deve, apanha, cedo ou tarde. A vida tem algumas verdades. Quem tem dez e gasta 11, o que acontece? Tem problemas. Com um país é a mesma coisa, só que o país consegue imprimir dinheiro, vai levar um pouco mais de tempo para apanhar. Mas o fim é certo.

PREOCUPAÇÕES COM O FUTURO
Tem algumas coisas que me preocupam, até certo ponto. Como sou positivo, não posso pensar em tragédias. Preocupa quando vejo alguém morrendo de fome, porque você é culpado pelo sistema. Quando se vê alguém que morre por falta de remédio, você é culpado. Isso preocupa. Não sei se é porque estou chegando aos 80 anos, já vivi um bom par de vida, mas as coisas se repetem. Então nunca fico muito preocupado se a Bolsa sobe ou desce, porque já vi esse filme acontecer. Trabalho desde os 19 anos e fui até os 70 como executivo, e vi o País quebrar umas cinco ou seis vezes. Moeda desaparece, dólar sobe, inflação vai para 80% ao mês. Isso tudo não me afeta mais, estou acostumado.

OTIMISMO E PLANOS PARA O FUTURO
Eu sou positivo, eu sou otimista. Se você for pessimista, você sofre sem necessidade, não leva a nada. Ser otimista ajuda a construir, produzir, ajuda o mundo a crescer. Eu sou muito otimista, não pouco, muito. Faço 80 anos agora em julho. Eu tô pensando em negócios novos, alternativos, fora a caridade e negócios produtivos, Não posso parar, não quero parar, só para no leito de morte. Eu acho que nossa meta na vida é produzir. Cada um produz um bem à sua maneira, na educação, na medicina, no direito. O que não pode é não produzir. A não produção é o ócio e o ócio é mortal. Enquanto estiver vivo e consciente, vou trabalhar.





Fonte: Neofeed

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No projeto Tão Longe, Tão Perto, o “milagre da expansão” acontece no vinho que sai da torneira

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No projeto Tão Longe, Tão Perto, o
Tempo de Leitura:5 Minuto, 9 Segundo


Fundador, em 2014, do primeiro wine truck do Brasil, o Los Mendozitos, voltado à venda em taça de vinhos de baixa intervenção importados da Argentina, o engenheiro industrial com especialização em sustentabilidade, Ariel Kogan, se rendeu aos vinhos nacionais. “A alta do dólar me obrigou a olhar com mais atenção para o mercado nacional e acompanhar a evolução da qualidade na última década”, conta ao NeoFeed.

Sem perder o foco nos pequenos produtores éticos e no desafio de tornar o consumo da bebida mais descontraído, Kogan vem investindo desde 2021 no projeto Tão Longe, Tão Perto (TLTP), ao lado da sommelière Gabriela Monteleone. Voltada à comercialização de vinhos leves, descomplicados e de fácil entendimento em growlers (garrafas reutilizáveis de 1 a 2 litros) e kegs (barris de 20 litros), engatados a torneiras como as de chopp, a plataforma tem visto sua frente de negócio mais recente, a Casa Tão Longe, Tão Perto, ganhar asas.

Inaugurado em meados de 2023, no bairro paulistano da Barra Funda, o espaço com 12 torneiras, poucas mesas e uma pequena seleção de comidinhas de fácil serviço (principalmente queijos e embutidos), foi pensado para ser uma espécie de showroom da marca. O objetivo era atrair para lá clientes potenciais de restaurantes e hotéis interessados na compra a granel dos vinhos brasileiros de pequenos produtores artesanais selecionados por Gabriela. Além de promover o sistema de torneiras (taps), que permite otimizar a venda em taça.

Para se ter uma ideia das vantagens, enquanto uma garrafa mantém as propriedades sensoriais de um vinho, no máximo, por três a quatro dias depois de aberta, um barril engatado em torneira consegue preservar a qualidade da bebida por até um mês. Além disso, o CMV (custo da mercadoria vendida) por taça pode cair em pelo menos 50%, segundo Kogan, devido ao menor custo da embalagem e transporte.

Assim, não demorou para a Casa chamar a atenção do público final pela oferta de brancos, rosés, tintos e laranjas a preços atrativos. Além de investidores, que viram no modelo inovador, simplificado e de baixo custo do bar uma oportunidade de negócio, puxando organicamente a expansão para outras praças.

Como resultado, em apenas um ano, mais duas unidades foram abertas: uma na cidade do Porto, em Portugal, e outra no Rio de Janeiro, cujo faturamento inicial está superando em 50% o da unidade paulista antes mesmo de fechar o mês.

Não por acaso, uma terceira unidade já está prevista para breve, em Lisboa. “Estamos procurando ponto”, diz Kogan.

Com tíquete médio de R$ 90, as Casas TLTP representam hoje 25% do faturamento da marca, mas a expectativa é que a fatia ultrapasse os 50% nos próximos anos com a ampliação do número de pontos.

“Ainda estamos analisando os dados e os vetores de crescimento com cuidado, mas há um grande potencial de expansão nos pontos de venda, que exigem menor investimento de capital do que a operação de distribuição de vinhos”, avalia o empresário, que não descarta a possibilidade de adotar o modelo de franquias a longo prazo.

Por enquanto, a expansão ocorre com parceiros locais, como, no Rio de Janeiro, com os empresários Nelson Soares e Juan Manoel Prada, do restaurante Sult, e Ricardo Rebello, do gastrobar Sebastian. O investimento em cada loja gira em torno de R$ 400 mil a R$ 500 mil.

A visibilidade trazida pelas Casas deve ainda ajudar a impulsionar as demais operações da plataforma, que atualmente conta com 20 clientes com torneiras instaladas em todo o Brasil. Entre eles estão os restaurantes Shuk, Futuro Refeitório, Cuia, Bráz Trattoria e Le Bulô, em São Paulo; Manga, em Salvador, e Casa Vivá, em Porto Alegre.

Segundo Kogan, a Tão Longe, Tão Perto se guia pela A conexão com o produtor, o diferencial do produto e a sustentabilidade (Foto: Divulgação/Tão Longe,, Tão Perto)

Além de barris, os vinhos são comercializados em growlers, garrafas reutilizáveis de 1 a 2 litros (Divulgação/Tão Longe, Tão Perto)

Hoje, a instalação de torneiras responde por 25% do faturamento da plataforma e a distribuição dos vinhos representa 50% (Divulgação/Tão Longe, Tão Perto)

O projeto Tão Longe, Tão Perto foi lançado em 2020, pela a sommelière Gabriela Monteleone (Reprodução Instagram @gabrielamonteleone)

Atualmente, a instalação de torneiras responde por 25% do faturamento da plataforma e a distribuição dos vinhos curados por Gabriela e envasados em diferentes recipientes representa 50%. “Essa é uma operação que deve crescer junto com as Casas”, acredita Kogan.

Uma nova frente de negócios ainda começa a ser desenhada, retomando a experiência do wine truck, para levar os vinhos da marca a eventos, em carrinhos móveis com torneiras.

Um efeito colateral da expansão, entretanto, já afetou a fidelidade ao produto brasileiro. Com a ida para a Europa, decidiu-se que a oferta de vinhos seguirá priorizando vinhos leves e de fácil entendimento feitos por pequenos produtores voltados à vinicultura de baixa intervenção, mas os rótulos serão selecionados localmente em prol da sustentabilidade. “Este sempre foi nosso principal drive”, enfatiza Kogan, que é um dos idealizadores do Programa Cidades Sustentáveis, da Rede Nossa São Paulo.

“Não estamos fechados a levar uma bebida de um país para o outro, mas terá de ser algo muito diferente, que faça sentido pelo diferencial”, diz Kogan, citando um fermentado de açaí feito no Acre que o surpreendeu recentemente.

Assim, uma nova curadoria começa a tomar corpo em Portugal, onde o número de vinhos naturais selecionados em regiões como Dão e Douro já supera o de torneiras instaladas na Casa TLTP do Porto.

“Já poderíamos colocar mais quatro torneiras, totalizando dez”, conta ele, que não descarta abraçar também a distribuição a granel de seus achados. “Não somos um movimento de exclusão de nada. Nem de garrafas, nem de importados. A conexão com o produtor, o diferencial do produto e a sustentabilidade é que vão nos guiar.”

Então, já que existe a brecha, há chance de vermos vinhos de pequenos produtores argentinos no portfólio da TLTP, voltando para o início do ciclo? “Se tivermos uma Casa em Buenos Aires ou Mendoza, sim. Mas aqui vamos priorizar o Brasil, até porque, pela legislação, não é possível importar vinhos a granel de lá para cá.”





Fonte: Neofeed

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A natureza lírica e avassaladora de Hayao Miyazaki

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A natureza lírica e avassaladora de Hayao Miyazaki
Tempo de Leitura:4 Minuto, 22 Segundo


VENEZA – Documentário exibido no 81º Festival de Veneza ajuda a explicar a genialidade do ícone da animação japonesa Hayao Miyazaki e de seu Studio Ghibli, que há quatro décadas dá profundidade e sofisticação ao gênero.

O foco de Miyazaki, l’Esprit de la Nature (Miyazaki, o Espírito da Natureza) é sobre a preocupação do cineasta de 83 anos com o meio ambiente, refletida em obras-primas como Nausicaä do Vale do Vento (1984), Meu Amigo Totoro (1988), Princesa Mononoke (1997) e A Viagem de Chihiro  (2001), entre outras.

Seja com florestas povoadas por criaturas mágicas ou com uma natureza furiosa por causa dos abusos sofridos, Miyazaki construiu uma filmografia questionando a relação do homem com todas as coisas vivas.

Ao longo de sua trajetória, o diretor, acostumado a encantar a plateia com paisagens silvestres de tirar o fôlego, nunca conseguiu ignorar a capacidade destrutiva da humanidade — embora algumas vezes ele prefira apostar na regeneração da natureza, por ser algo sagrado.

“Para apreciar profundamente a obra de Miyazaki, um dos artistas vivos mais reverenciados no mundo, é preciso analisá-lo em um contexto ambiental”, contou ao NeoFeed o diretor do filme, o francês Léo Favier.

Ele desembarcou no Lido de Veneza, estância balneária onde é realizado o festival italiano, às margens do Mar Adriático, para a première mundial do título que foi selecionado para a mostra Venice Classics, dedicada à memória do cinema.

A natureza é, muitas vezes, impactada nas histórias de Miyazaki por essas refletirem uma sociedade obcecada por conquistas, guerras e consumismo.

“Por mais que o cineasta tenha mudado e evoluído ao longo das décadas, seus filmes foram sempre carregados de guerra e destruição, o que também espelha o que ele enfrentou ainda na infância, moldando a sua visão de mundo”, afirmou Favier.

O documentarista se refere ao fato de Miyazaki ter sobrevivido a bombardeios, quando tinha entre três e quatro anos, ocasiões em que a sua família foi forçada a trocar de cidade. E o pai de Miyazaki ainda foi diretor de fábrica que confeccionava lemes para aviões de combate durante a Segunda Guerra.

Isso explica sua fascinação por aviação e, ao mesmo tempo, a culpa que o diretor já admitiu sentir por sua família ter feito dinheiro com a guerra.

“Nada é preto no branco nos seus filmes de Miyazaki, que sempre abraçou as contradições. Ele deixa que as situações sejam bagunçadas e complicadas, exatamente como é a vida, sem se limitar pensando em uma faixa etária específica para cada história”, comentou Favier.

O fato de suas obras serem concebidas para entreter todas as idades (e não apenas crianças) é o que garantiu mais profundidade, levantando questões filosóficas, sociais e políticas.

Um dos filmes mais ecológicos de Miyazaki foi Princesa Mononoke, onde mais de 144 mil desenhos feitos à mão dão vida a todo um ecossistema, com árvores, plantas, animais e espíritos dividindo uma paisagem estonteante, à beira da extinção. Mas o tom de alarme, pelo conflito aparentemente irremediável entre a natureza e a industrialização, não o impediu de acrescentar lirismo à trama, já que a floresta tem alma própria.

Os filmes do cineasta japonês refletem a grandiosidade da natureza, como Meu Amigo Totoro, de 1988 (Studio Ghibli)

Miyazaki construiu uma filmografia questionando a relação do homem com todas as coisas vivas (Foto: ©M6 MediaBank / Métropole Télévision)

Graças ao sucesso de “Nausicaä do Vale do Vento”, de 1984, Miyazaki conseguiu fundar o Studio Ghibli (Reprodução themoviedb.org)

“A Viagem de Chihiro”, de 2001, é considerada uma das obras-primas da animação (Reprodução themoviedb.org)

Segundo o biólogo Shin-Ichi Fukuoka, entrevistado no documentário, Princesa Mononoke se baseia em duas grandes questões: o que é a vida e o que é ser um humano. “No final, Miyazaki nos faz entender que nós somos parte da natureza, não muito diferente dos outros organismos em termos de mecanismo celular e DNA”, comentou o especialista.

Foi graças ao sucesso de Nausicaä do Vale do Vento, ambientado em futuro distópico onde a humanidade está ameaçado por um ar tóxico e insetos gigantes, que Miyazaki conseguiu fundar o Studio Ghibli.

A cena de abertura, com a princesa Nausicaä pousando em floresta estranha, porém majestosa, dá uma ideia da reconciliação almejada pelo cineasta. E muito antes de a questão ambiental se tornar um tema recorrente na produção audiovisual.

“O que Miyazaki sugere aqui é a interação entre natureza e seres humanos. Em vez de o homem insistir em dominar a natureza, ele deveria se engajar com ela, de modo respeitoso. O que sentimos é uma inteligência amorosa e uma consciência de que todos estamos conectados no universo”, comentou a escritora Susan Napier, autora do livro Miyazakiworld: a Life in Art, também em depoimento no filme.

O documentário examina outros filmes que refletem a grandiosidade da natureza, pelas lentes de Miyazaki, como Meu Amigo Totoro. Aqui o que ajuda duas irmãs a enfrentarem uma fase difícil, com a mãe hospitalizada, são as aventuras que vivenciam com os espíritos da floresta, conhecido como “totoros”.

É com esses seres fantásticos, em especial com o líder deles, que a dupla aprende a encarar a dura realidade, mas sem se esquecer da beleza, da poesia e da magia da vida, em tudo o que nos cerca.





Fonte: Neofeed

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Os planos “íntimos” da Hope: 10,5 milhões de peças e R$ 500 milhões de receita

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sandra chayo hope
Tempo de Leitura:3 Minuto, 42 Segundo


A fábrica do Grupo Hope em Maranguape, localizada na região metropolitana de Fortaleza, vai passar por um “banho de loja”. A marca de moda íntima, praia e fitness prevê um investimento robusto em novas tecnologias de fabricação, que devem dar suporte aos planos ambiciosos da companhia.

O grupo liderado por Sandra Chayo, filha do fundador Nissim Hara, projeta produzir 10,5 milhões de peças em 2024, uma expansão de 50% sobre o ano passado. Esse crescimento vai estar calcado em produtos básicos e acessíveis, uma revisão da estratégia da companhia que contou com a ajuda da consultoria Bain & Company.

“Chegamos à conclusão de que, se conseguíssemos atingir as classes B2 e C [renda estimada entre R$ 2 mil e R$ 6 mil], que ainda não consumiam os nossos produtos, poderíamos aumentar de forma significativa o nosso público endereçável”, afirma Chayo, diretora do Grupo Hope, ao NeoFeed.

A Hope marca está investindo R$ 20 milhões para voltar as suas origens – afinal a empresa, criada em 1966, começou com esse tipo de produto. Nesse orçamento está tanto as peças de marketing, como o desenvolvimento da linha Light, que traz produtos a preço de entrada, partindo de R$ 29,90 (cerca de R$ 10 abaixo das demais coleções).

A coleção, que chegou às mais de 3 mil lojas que atuam com a marca no primeiro semestre, já é a terceira mais expressiva em número de peças vendidas, atrás da Touch e Nude, que partem de R$ 39,90 e R$ 79,90 e estão entre as mais vendidas há anos.

“Quando entrei na empresa, em 1999, o movimento era justamente o contrário, de transformar uma marca popular, que só era vendida em lojas multimarcas, em algo mais sofisticado. E deu certo. Agora, entendemos que precisamos descer esse degrau novamente”, afirma Chayo.

Em 25 anos como diretora da empresa familiar, Chayo foi a responsável por todos os movimentos da operação: desde a expansão via franquias até a criação das outras duas marcas que estão no portfólio: a Bonjour Lingerie e a Hope Resort, de moda praia e fitness.

O próximo passo é dobrar o número de lojas em cinco anos. Hoje, a Hope detém 280 franquias e 9 lojas próprias. Em 2023, o grupo faturou R$ 350 milhões apenas na rede franqueada.

Segundo a Hope, a companhia teve um crescimento de 35% no faturamento no primeiro semestre e projeta acelerar nesta segunda metade do ano, podendo atingir a casa dos 40% no ano contra ano – o que faria a companhia se aproximar dos R$ 500 milhões em receita. Na visão de Chayo, essa receita só deve ser atingida em 2025.

Na visão do sócio da consultoria Varese Retail, Alberto Serrentino, a iniciativa do Grupo Hope é acertada. “O momento da companhia é muito bom. Ao mesmo tempo que eles conseguem conversar com o público premium nas lojas monomarcas, o grupo também tem desempenhado um bom trabalho ao atingir a camada mais baixa de consumidores”, afirma.

Para ele, a recuperação de mercado pode beneficiar ainda mais a companhia nessa nova fase. “A renda está crescendo, o desemprego caindo e o mercado de trabalho se aquecendo, o que ajuda o setor de consumo de semiduráveis, como é o caso da Hope”, diz Serrentino.

Falando em concorrentes, Serrentino acredita que há espaço para todo mundo. Ele afirma que existem diversos players no mercado com posicionamento, perfil de produto e canais distintos, como é o caso de marcas como Valisere, Intimissimi e Loungerie.

O homem na mira

Lançada há dois anos, as peças voltadas ao público masculino da Hope, ainda não decolaram. Isso não impediu o grupo de investir ainda mais no segmento, incluindo peças voltadas para os homens tanto na linha Light, com cuecas, como na Hope Resort, com vestuário fitness, que será lançado em outubro.

“A linha masculina na Hope está crescendo e a cueca da Light está vendendo como água. O consumo por parte dos homens é muito diferente do das mulheres. Eles compram em quantidade, normalmente uma dúzia de cuecas por vez, o que é ótimo para nós”, diz Chayo.

Pensando no público unissex, a marca também está entrando na disputa pelo mercado de meias, que hoje conta com concorrentes como Lupo e gigantes esportivas como Nike e Adidas. Ainda em fase de testes em algumas lojas, a coleção completa o portfólio do grupo e busca atingir todos os públicos que agora consomem os produtos Hope.





Fonte: Neofeed

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