Negócios
Aposta do fundo soberano de Cingapura, Barzel compra ativo da Multiplan e tem R$ 2 bi para investir
A Barzel Properties tem cerca de 10 negócios sob análise neste momento. A gestora de ativos imobiliários, que tem R$ 9 bilhões sob gestão e o fundo soberano de Cingapura (GIC) como principal sócio, tem na aquisição parte importante da estratégia para este ano.
Para isso, a Barzel separou um cheque de R$ 2 bilhões para investimentos, tanto para compra como para incorporação de projetos. E o primeiro foi assinado recentemente.
A Barzel adquiriu da administradora de shopping centers Multiplan um terreno de 128.642 metros quadrados (m²) na cidade de Ribeirão Preto, distante cerca de 315 km da capital paulista.
Localizado a 8,5 km do Shopping Santa Úrsula e 11,5 km do Ribeirão Shopping, o terreno é não edificado e custou R$ 25,2 milhões para a Barzel, sendo R$ 5 milhões à vista e o restante parcelado com correção pelo IPCA.
A ideia da gestora de ativos imobiliários, assim que as aprovações legais acontecerem, é construir um galpão de 25 mil (m²) de alto padrão, com valor aproximado de locação de R$ 27/m².
“Ribeirão Preto se tornou um hub logístico para o interior de São Paulo, e a procura por locação é alta, apesar de ser difícil conseguir aprovações de construção”, diz Felipe Cunha, diretor de aquisições logísticas da Barzel ao NeoFeed.
“Mas esse terreno que conseguimos não só tem boa localização como já está regulado para construção”, complementa o executivo.
A perspectiva é que, pelo menos, metade do cheque de R$ 2 bilhões seja investido no segmento de logística, entre a aquisição de terrenos e investimento na incorporação. O outro R$ 1 bilhão está separado para demais oportunidades no segmento imobiliário. A expectativa é comprar mais três ativos até o fim do ano.
Segundo a gestora, o segmento corporativo ainda está equilibrando a nova demanda por escritórios com o home office e o setor de shoppings sofre com uma falta de demanda fruto de uma economia ainda pouco pujante.
As melhores oportunidades, para a Barzel, são no segmento de logística, que continua em alta desde a pandemia com o boom do e-commerce. E é nele que a primeira aquisição e os esforços estão voltados neste momento.
A lupa da Barzel está direcionada para o interior de São Paulo. O motivo é a reforma tributária. Se antes as mercadorias eram taxadas na sua origem e muitos varejistas optaram por colocar seus centros de distribuição longe das áreas de alto consumo, agora que a taxação ocorrerá na área de consumo, é bom negócio estar perto da cidade de São Paulo, o maior polo consumidor do Brasil.
“O aumento da demanda por galpões a até 30 km da capital paulista aumentou muito. Em Guarulhos, por exemplo, o preço médio de locação subiu de R$ 23 para R$ 30 o m² e estabilizou”, diz Cunha.
“Mas há pouquíssima vacância. As regiões perto dos grandes modais de transporte são as mais procuradas, e isso significa bons ativos para o longo prazo”, completa o executivo.
O momento do mercado imobiliário no Brasil abriu o apetite da gestora por aquisição. Na avaliação da Bazel, esse segmento ainda está relativamente descontado no pós-pandemia. E com baixa demanda pelos ativos.
Outro fator que interfere diretamente nesse setor é a taxa básica de juros, que continua na casa de dois dígitos, contrariando a perspectiva que os economistas tinham no início deste ano. Isso faz com que a renda fixa continue sendo mais atrativa para o bolso dos investidores.
Esse é um sinal ruim para o mercado de fundos imobiliários, que esteve bastante aquecido desde 2020, quando levantou mais de R$ 20 bilhões por ano em quotas de fundos. Mas, em 2023, a captação ficou em R$ 12 bilhões. Neste ano até abril, só foram levantados R$ 2 bilhões. E apenas mais R$ 2,4 bilhões estão em análise na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
“O mercado estava ainda muito aquecido com muita gente correndo para comprar ativos, mas agora a grande onda de follow on de FIIs acabou. É o momento para negociar melhor bons ativos”, diz Cassiano Jardim, diretor de investimentos da Barzel Properties.
Apesar de serem consideradas menos atrativas, outras regiões também estão sendo estudadas e estão com terrenos para construção, como Belo Horizonte, onde há um galpão logístico com 2.020 m² em construção, e Porto Alegre, onde há um projeto logístico de 100 mil m² com as obras previstas para o segundo semestre, considerado bem posicionado para os novos parâmetros de risco da região.
Ao mesmo tempo em que constrói um novo portfólio de investimentos, a gestora está atenta as oportunidades de desinvestimento dos seus primeiros ativos. As opções vão desde a venda para estratégicos como na construção de um fundo imobiliário. A expectativa de retorno é de IPCA+8% ano ano.
“Iniciamos a compra de ativos em 2015, e quando seria a janela de desinvestimento veio o Covid e seguramos isso por acreditarmos nas novas oportunidades que apareceram no mercado. Agora, estamos esperando o melhor momento para realizar investimentos já construídos e maduros e entregar nossos primeiros resultados”, conta Cassiano Jardim.
Criada em 2015 por Nessim Sarfati, ex-executivo da Cyrela, a Barzel vem construindo um portfólio diversificado por meio de aquisições, desenvolvimento e retrofit. Ao longo de quase quatro décadas na Cyrela, Sarfati liderou os projetos da empresa na região da Nova Faria Lima, como os edifícios Faria Lima Financial Center, Faria Lima Square, JK Financial Center e JK 1455.
Já na Barzel, o empreendedor participou do retrofit do Condomínio São Luiz, empreendimento próximo do Parque do Povo e do Shopping JK projetado pelo arquiteto e paisagista Burle Marx. A gestora tem 22% do conjunto de quatro torres de 15 andares.
Em nove anos, a Barzel adquiriu mais de 160 mil m² de imóveis corporativos, mais de 658 mil m² de imóveis logísticos e 373 mil m² de imóveis de varejo, totalizando um portfólio de 40 ativos.
No ano passado, por exemplo, a Barzel fechou a compra de cinco centros de distribuição e quatro lojas (Jacareí, Guarulhos, Jandira e Santo André, totalizando uma mais de 60 mil m² de área bruta locável) do Grupo Carrefour por R$ 1,2 bilhão.
Negócios
EXCLUSIVO: Julius Baer contrata Goldman Sachs para vender sua operação no Brasil
O banco suíço Julius Baer contratou o banco de investimentos Goldman Sachs para colocar a sua operação brasileira à venda. Segundo apurou o NeoFeed, a operação focada no público wealth, com cerca de R$ 50 bilhões sob gestão, está sendo oferecida a uma série de bancos na Faria Lima.
Duas fontes confirmaram para a reportagem que as ofertas estão acontecendo e tiveram acesso a ela. Bancos como BTG, XP, Itaú, Nubank, UBS, Bradesco e Santander são alguns dos players que estariam dispostos a analisar. Trata-se de um negócio que pode girar entre R$ 800 milhões e R$ 1,2 bilhão.
No passado, o Julius Baer chegou a ter mais de R$ 80 bilhões sob gestão no Brasil. Mas, ultimamente, tem sofrido. Recentemente, três de seus diretores deixaram a instituição ao mesmo tempo. São executivos como Flávio Mascarenhas, Eduardo Tabone e Andrew Hancock.
Além disso, o banco viu sua operação internacional sofrer com perdas no mercado de crédito privado. O Julius Baer tinha uma alta exposição na gestora austríaca Sigma, que acabou indo à falência. Isso fez o banco provisionar quase US$ 600 milhões.
Além disso, o então CEO, Philipp Rickenbacher, renunciou ao cargo, gerando uma intensa movimentação no corpo executivo. Procurado, o Julius Baer disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que “a posição da operação brasileira é a de que não é possível fazer comentários sobre boatos”. Indagada sobre o deal, a Goldman Sachs, por sua vez, não negou e apenas disse que “não comentaria”.
Negócios
O “fôlego” da Vulcabras para alcançar 17 trimestres consecutivos de crescimento
A Vulcabras, dona das marcas esportivas Olympikus, Mizuno e Under Armour, tem feito um discurso repetitivo há 16 trimestres. No terceiro trimestre de 2024 não foi diferente: o 17º trimestre de crescimento consecutivo veio com o recorde de R$ 196,7 milhões de Ebitda, uma expansão de 11,1% sobre o mesmo período do ano anterior.
Embora repetitivo, a empresa liderada por Pedro Bartelle não pensa em mudar o discurso. A Vulcabras quer continuar apresentando indicadores em crescimento para o investidor. No terceiro trimestre, por exemplo, o Retorno sobre o Capital Investido (ROIC) foi de 29,9%.
“É mais um trimestre de crescimento, com o maior Ebitda da nossa história, o que mostra que temos conseguido rentabilizar com aumento de investimento e de produção”, diz Bartelle, CEO da Vulcabras, ao NeoFeed.
A receita operacional líquida de R$ 784,6 milhões indica um crescimento de 7,3% sobre o terceiro trimestre de 2023. A maior participação veio da categoria de calçados esportivos, que entregou 86,5% desse resultado, ou seja, R$ 673 milhões. A produção chegou a 5.475 pares no trimestre.
O caixa líquido da companhia no fim do terceiro trimestre era de R$ 117,2 milhões. A Vulcabras manteve a sua política de distribuição recorrente de dividendos para os acionistas. E se a companhia não for realizar nenhuma aquisição, dividendos extraordinários serão distribuídos aos investidores.
“Estamos atentos para trazer mais negócios e estamos preparados para crescer inorganicamente”, diz Bartelle.
No terceiro trimestre, a Vulcabras aumentou sua recompra de ações de 5 milhões para 10 milhões de papéis. “Somos bons alocadores de capital e a recompra é uma oportunidade com as ações descontadas do seu preço justo”, diz o CFO Wagner Dantas.
Essas ações estão em tesouraria como um ativo, seja para um eventual deal da companhia ou para honrar o programa de stock option com os executivos.
No ano, a ação VULC3 está em queda de 12,8%. O valor de mercado da companhia é de R$ 4,7 bilhões.
Asfalto e gramado
No terceiro trimestre, a Vulcabras deu início aos preparativos de comemoração dos 50 anos da Olympikus em 2025. “Estamos preparando a invasão do Brasil”, afirma Barelle.
A ideia é ampliar a presença da marca em eventos, patrocinando mais maratonas (neste ano o tênis Olympikus bateu a marca de 100 pódios nas categorias masculina e feminina) e com corridas proprietárias.
“Vamos fazer barulho no momento em que a marca merece por estar entre as preferidas do corredor brasileiro”, afirma o CEO.
Mas, das três marcas dentro do portfólio da companhia, a Mizuno esteve em destaque no trimestre com a inauguração de uma estação de corrida localizada na raia olímpica da USP, tradicional local de treinamento em São Paulo, e um espaço proprietário no Edifício Renata Sampaio, também em São Paulo, que combina arte, cultura, moda e música para apresentar a sua linha de produtos sportstyle.
Mas é a reestreia no futebol, uma nova categoria para a empresa, que foi o ponto alto do período. Em setembro, a Mizuno anunciou Gabriel Barbosa, o Gabigol, como embaixador da marca. O contrato de seis anos com o atleta prevê uma linha exclusiva assinada por ele.
A parceria marca, também, o início da produção de chuteiras pela Vulcabras no Brasil. A Morelia, que é um ícone da Mizuno e antes era importada, passou a ser fabricada localmente, além da criação e desenvolvimento do modelo Regente, feito completamente no País.
“A Mizuno abriu várias frentes com o Gabigol. Estamos bem no começo da nossa estratégia no futebol, mas ele é uma grata surpresa e um asset da marca”, afirma Bartelle.
No domingo, 3 de outubro, o escritório da Vulcabras vibrou com a atuação de Gabriel Barbosa, o Gabigol, no primeiro jogo da final da Copa do Brasil. O camisa 99 do Flamengo, que teve participação direta (e dois gols) na vitória por 3×1 sobre o Atlético-MG. O novo embaixador da marca estreou com pé direito em jogos finais.
Negócios
ByteDance, dona do TikTok, já fatura tanto quanto a Meta. É maior “pechincha” do mercado?
Diante de um imbróglio geopolítico e regulatório que já se estende por meses, não é possível dizer se a chinesa ByteDance será bem-sucedida em sua tentativa de abrir capital. Mas há quem crave que, à parte dessa saga, a dona do TikTok é hoje a maior “pechincha” do mercado.
Esse é o caso do portal americano The Information, que, para chegar a esse veredito, parte dos números mais recentes da operação, relativos ao primeiro semestre de 2024, quando a companhia ampliou sua receita em 35%, para US$ 73 bilhões.
A publicação destaca que, ao alcançar esse patamar de receita, a ByteDance já é quase tão grande quanto a Meta, dona do Facebook, mas está crescendo mais rápido. No mesmo intervalo, a gigante americana registrou uma receita de US$ 75,5 bilhões, o que representou uma alta anual de 25%.
Entretanto, mesmo nesse cenário, a Meta está avaliada em US$ 1,4 trilhão. Enquanto a avaliação da ByteDance no mercado secundário de ações privadas é de aproximadamente US$ 250 bilhões, segundo a CapLight, que coleta dados com investidores nesse espaço.
Há outros cálculos para justificar essa conta. Em um exercício, o portal projeta que a ByteDance manterá sua taxa de crescimento no segundo semestre, o que deve gerar uma receita de cerca de US$ 150 bilhões no fim de 2024.
Isso implicaria que a empresa está sendo negociada a 1,7 vez sua receita de 2024, um tipo de múltiplo geralmente atribuído a um negócio que não está crescendo. A Meta, por sua vez, está sendo negociada a cerca de 8,7 vezes sua receita estimada para 2024, segundo a S&P Global Market Intelligence.
O The Information aponta, porém, que as margens de lucro da empresa americana são superiores às da ByteDance. No primeiro semestre, a Meta apurou uma margem de lucro operacional de 38%. Na companhia chinesa, esse indicador ficou em 25%, contra 30% um ano antes.
Mesmo essa distância não justificaria a diferença no valuation entre as duas companhias. Um dos grandes motivos por trás dessa lacuna parece ser, de fato, os obstáculos que a companhia vem enfrentando em sua abertura de capital.
Outro ponto central nesse cenário é a ameaça que o TikTok enfrenta na regulação americana, a partir de uma lei aprovada em abril, que exige que a plataforma corte seus laços com a ByteDance. Caso contrário, será banida no país.
A opinião é de que nem mesmo uma vitória de Donald Trump na eleição americana possa mudar essa situação, embora o candidato já tenha dito que “era a favor do TikTok”, com a justificativa de que era necessário manter a competição com a Meta.
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