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As saídas para a Dasa: Amil está na frente da Alliança (por enquanto?)

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As saídas para a Dasa: Amil está na frente da Alliança (por enquanto?)
Tempo de Leitura:6 Minuto, 44 Segundo


A Dasa, controlada pela família Bueno, confirmou, em fato relevante, o que já vinha sendo ventilado no mercado: o grupo tem duas propostas de fusão na mesa, como parte da busca de alternativas para recuperar a sua saúde financeira.

A primeira envolve negociações em curso e em “estágio avançado” para uma união com a Amil no segmento de hospitais. No estágio atual das conversas, cada empresa teria 50% do capital da Ímpar, operação da Dasa no setor, que passaria a ter 12 unidades da companhia e outras 9 da “nova sócia” – ficariam de fora os dois hospitais da Amil no Nordeste.

Os termos que estão sendo discutidos – e que foram antecipados, em parte, pelo jornal Valor Econômico – também incluem a transferência de pelo menos R$ 3 bilhões da dívida da Dasa para a Ímpar, sua operação no setor, sendo R$ 3,85 bilhões o valor atual das conversas.

“Para a dívida, o negócio com a Amil é ótimo, mas para o equity é mais difícil”, avalia um gestor que está posicionado no segmento de saúde. “Dinheiro nunca foi um problema para a Dasa, que sempre teve capital disponível. É o modelo de negócio que precisa mudar.”

Já a segunda opção passa pelo recebimento, por meio do BTG Pactual, que está assessorando a Dasa nesses processos, de um documento do empresário Nelson Tanure, controlador da Alliança (ex-Alliar), grupo de medicina diagnóstica, propondo a combinação das duas operações.

Segundo o fato relevante, a transação, cuja proposta foi antecipada pelo Broadcast, serviço de notícias do jornal O Estado de S. Paulo, envolveria um aumento de capital, em dinheiro, da Dasa, e não incluiria uma aquisição do controle da companhia.

Tanure pediu ao BTG até dois dias para enviar uma contraproposta. Mas, pessoas a par da negociação, disseram ao NeoFeed que esse documento já está na mesa da Dasa.

A intenção de Tanure, que recentemente aumentou sua posição na Oncoclínicas, é conter o avanço da Amil no segmento oncológico. Ele e Bruno Ferrari, CEO da Oncoclínicas, têm interesse no negócio de oncologia da Dasa, mas se a fusão com a Amil for adiante, não só a concorrente aumenta a sua carteira no segmento como encerra a possibilidade de um deal para a Oncoclínicas.

Mas, ao longo do dia, uma terceira opção entrou no radar da Dasa e aparece como uma alternativa caso os M&As naufraguem. A venda de uma participação minoritária para a americana Quest Diagnostics passou a ser uma possibilidade mais concreta, disseram fontes a par da negociação para o NeoFeed.

A entrada da Quest, que projeta uma receita entre US$ 9,4 bilhões e US$ 9,48 bilhões para o ano de 2024, seria uma injeção de capital a mais na Dasa além do R$ 1,5 bilhão comprometido pela família Bueno. E, além de aliviar o endividamento, manteria a empresa independente.

Amil na dianteira

Conforme apurou o NeoFeed, diante dessas três escolhas, quem está mais avançada no páreo é a Amil. Entre outras questões, essa proposta desponta como favorita pelo fato de a empresa manter um ponto relevante em comum com a Dasa.

“O setor de saúde continua mal e os gestores continuam não olhando para Dasa. Mas, além da família Bueno, o BTG também tem interesse na fusão porque emprestou dinheiro para os dois lados”, diz um gestor que já foi comprado no papel.

Em uma parte dessa equação, a Dasa levantou R$ 1,5 bilhão em um follow on realizado em abril de 2023. Desse total, R$ 1 bilhão foi aportado pelo clã Bueno e outros R$ 500 milhões foram injetados pelo BTG Pactual.

Já em dezembro do mesmo ano, o BTG foi um dos bancos que financiaram a aquisição da Amil por José Seripieri Junior. Mais conhecido no setor como Junior, o empresário assinou um “cheque” de R$ 11 bilhões para comprar a empresa da UnitedHealthGroup.

A agenda que aproxima as duas empresas não está limitada, porém, a essas datas e operações. Um outro ponto que reforça esse possível laço é o fato de a proposta envolver a transferência de uma parcela considerável da dívida líquida da Dasa, hoje na casa de R$ 9,6 bilhões, para a nova companhia.

Esse eventual alívio no balanço se conectaria com o anúncio feito no último mês de maio pela Dasa de uma injeção de recursos de R$ 1,5 bilhão da família Bueno, como um adiantamento para um futuro aumento de capital.

Na oportunidade, ao grupo informou que o aumento de capital será realizado em 31 de dezembro de 2024 ou antes desse prazo, caso a companhia consiga concretizar qualquer transação que resulte na redução da sua dívida líquida em pelo menos R$ 2,5 bilhões.

“O maior problema da Dasa hoje é o endividamento”, diz Harold Takahashi, sócio da boutique de M&A Fortezza Partners. “E a Amil é uma empresa mais estabelecida, com um modelo de negócios mais robusto e um endividamento mais controlado que a Alliança. É um porto mais seguro.”

Nessa visão, a Alliança traz em sua proposta o peso de uma dívida líquida de R$ 831,1 milhões no rimeiro trimestre de 2024. A cifra é menor do que o montante de R$ 873,3 milhões no fim de dezembro. Mas, nesse intervalo, a alavancagem da operação saiu de 3,72 vezes para 3,80 vezes.

Ao mesmo tempo, o fato de a Alliança operar, basicamente, no segmento de medicina diagnóstica por imagem também é visto como um elemento que reduz o seu poder de barganha. A Amil, por sua vez, além dos hospitais, traria uma operadora de planos de saúde para a conta da Dasa.

Esse novo braço, que já foi alvo de especulações sobre um possível movimento da Dasa no passado, inclusive com a Amil, posicionaria o grupo em um modelo próximo de rivais como a Rede D’Or, que, em fevereiro de 2022, anunciou a compra da SulAmérica, em uma transação avaliada em R$ 15 bilhões.

Outros movimentos mais recentes também reforçam essa aproximação entre os hospitais e os planos de saúde. Em maio, a própria Rede D’Or e a Bradesco Seguros se uniram para criar a nova rede de hospitais Atlântica D’Or.

Antes, em dezembro de 2023, a Mater Dei anunciou uma joint venture também com a Bradesco Seguros para erguer, a princípio, um hospital em Santana, na Zona Norte de São Paulo, o que vai marcar a entrada da rede mineira no mercado paulista.

Em contrapartida, apesar de uma tendência em fortalecimento no segmento da saúde, essa combinação entre operadoras de planos de saúde e hospitais também esconde alguns riscos, como já foi observado, em particular, no caso de Rede D’Or e SulAmérica. E com Dasa e Amil não seria diferente.

“A Dasa tem, por exemplo, atende a Bradesco Seguros, a SulAmérica, a Porto e as Unimeds em planos de saúde”, observa Takahashi. “Essas operadoras podem optar por não fortalecer a empresa em uma eventual associação com uma concorrente, no caso, a Amil.”

Outro componente que surge como um possível desafio na associação passa pelas mudanças recentes nas gestões das duas companhias. Enquanto Junior assumiu recentemente a Amil, na Dasa, Licio Cintra substituiu, em janeiro desse ano, Pedro Bueno como CEO da Dasa.

“Se fossem empresas com gestores há bastante tempo no negócio, já seria um deal desafiador”, diz Takahashi. “Nesse caso, então, juntar duas culturas e duas lideranças que estão sendo construídas torna-se ainda mais difícil.”

Essa é, porém, mais uma frente em que a Alliança não leva vantagem, dado que o grupo também mudou seu quadro recentemente. Em fevereiro, Isabella Tanure, filha de Nelson Tanure, assumiu como CEO interina, em substituição a Pedro Thompson, cujo mandato ia até agosto de 2025.

Na B3, no reflexo das confirmações feitas pela Dasa, as ações da companhia, avaliada em R$ 3,04 bilhões, encerraram o pregão com alta de 4,62%, cotadas a R$ 4,08. Já os papéis da Alliança fecharam o dia em queda de 3,22%, cotados a R$ 10,22. A empresa está avaliada em R$ 1,2 bilhão.



Fonte: Neofeed

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O fiasco de Bill Ackman

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O fiasco de Bill Ackman
Tempo de Leitura:1 Minuto, 49 Segundo


Nem todo o sucesso do bilionário Bill Ackman nas redes sociais, nem um pedido inusitado de ajuda aos investidores foi capaz de levar adiante o IPO do fundo Pershing Square USA (PSUS). Pelo menos por enquanto.

Segundo comunicado divulgado na sexta-feira, 26 de julho, no site da Bolsa de Valores de Nova York (NYSE), a operação, prevista para ocorrer na semana que vem, foi adiada. A nova data não foi informada, nem os motivos que levaram a esta decisão.

A notícia veio após o fechamento do mercado e depois que Ackman enviou nesta semana uma carta aos investidores de sua holding, formado por instituições financeiras e indivíduos com patrimônios elevados, para que participassem do IPO.

Segundo o jornal The Wall Street Journal, Ackman escreveu que “quanto mais cedo [participassem] melhor”, para “fortalecer” a operação.

A expectativa inicial de Ackman é que fossem levantados cerca de US$ 25 bilhões, no que seria o maior IPO desde que a Saudi Aramco, a petrolífera da Arábia Saudita, conseguiu arrecadar US$ 29,4 bilhões em janeiro de 2020, quando vendeu uma fatia de seu capital social. A gestora, fundada em 2003, conta atualmente com cerca de US$ 18 bilhões sob gestão.

No entanto, diante das dificuldades, a Pershing teve que reduzir significativamente as expectativas recentemente, para entre US$ 2,5 bilhões e US$ 4 bilhões.

O gestor ativista, conhecido pelas campanhas contundentes contra empresas como a rede de fast food Wendy’s e a fabricante de suplementos alimentares Herbalife, também apostou na sua fama no X (antigo Twitter) para alavancar a operação.

Com cerca de 1,3 milhão de seguidores na rede social, em que teceu críticas a respeito dos rumos da economia dos Estados Unidos e defendeu Israel na guerra contra o Hamas, Ackman chegou a dizer em reunião com potenciais investidores que sua presença no X deve ajudar a conseguir um valuation elevado para o IPO.

A operação contava com 30 coordenadores, entre eles Citi, UBS, Bank of America (BofA). O BTG Pactual também estava atuando como um dos bookrunners no IPO do fundo, que estava em busca de investidores institucionais, sobretudo na América Latina, conforme apurou o NeoFeed.





Fonte: Neofeed

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Gigantes europeias de luxo “pagam” um preço bilionário com nova coleção de balanços

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Gigantes europeias de luxo
Tempo de Leitura:3 Minuto, 37 Segundo


Antes comparadas às big techs por sua capacidade de entregar crescimento rápido e atravessar, sem grandes sustos, as variações econômicas, as grandes empresas de luxo da Europa parecem estar deixando esse rótulo para trás.

A mudança de cenário ocorre após o setor passar dias caóticos com companhias de referência nesse espaço entregando resultados trimestrais muito inferiores aos esperados pelo mercado. Com isso, apenas em 2024, as gigantes do segmento já perderam mais de US$ 200 bilhões em valor de mercado.

O baque começou a ser sentido no setor na segunda-feira, 15 de julho, quando a Burberry registrou uma queda de 16% em apenas um dia, após reportar um recuo de 21% nas vendas do segundo trimestre. Em 2023, a companhia já havia registrado uma queda de 40% em seu lucro.

O resultado afetou boa parte das companhias de luxo no dia, derrubando ações da Kering, dona da Gucci, Yves Saint Laurent e Bottega Veneta, e também do grupo francês LVMH. Esse foi, porém, apenas o início de uma série de resultados ruins nesse clube seleto.

Já na quarta-feira, 24 de julho, a Kering registrou queda de 11% em sua receita no trimestre em comparação ao mesmo período de 2023. No semestre, o lucro líquido da companhia teve uma retração de 51%.

Um dia antes, a LVMH, dona de marcas como Louis Vuitton, Dior, Tiffany, Moet & Chandon, Guerlain e Sephora, divulgou que seu lucro recuou 14% no trimestre, para € 7,2 bilhões. Apesar das vendas do grupo terem registrado uma leve alta no período, os papéis da companhia perderam 6,6% de seu valor no pregão após o anúncio.

Os números da LVMH foram os que efetivamente abalaram o mercado. Antes deles, havia o argumento de que a desaceleração do setor de luxo estaria relacionada aos problemas de gestão das marcas. Porém, com a gigante do setor seguindo a mesma tendência, não há como não acender um sinal de alerta.

De acordo com um levantamento divulgado pela Kinea Investimentos, braço de investimentos alternativos do Itaú, a expectativa é de que, no curto prazo, o setor passe por um processo de ajuste, com uma revisão negativa dos lucros diante da tendência de normalização no ritmo de crescimento e nas margens das companhias.

Assim, para a Kinea, o mercado deve continuar revisando para baixo as perspectivas das companhias de luxo, o que pode impactar diretamente o preço das ações.

Queda no consumo na China

O poder de compra dos consumidores chineses deixou de ser a força vital do setor e agora se transformou em uma fonte de preocupação.

Durante o período da pandemia da Covid-19, os clientes asiáticos, que costumam lotar as lojas físicas das gigantes do setor, optaram por guardar seu dinheiro, já que não havia possibilidade de comprar ou mesmo sair de casa. Porém, com o término do isolamento social, toda essa renda represada foi destinada às empresas de luxo, que experimentaram um forte aumento de demanda até o começo de 2023.

Agora, com a normalização do consumo, essas companhias estão passando por uma correção e vendo seus clientes chineses se afastarem. A LVMH registrou queda de 14% nas vendas na Ásia.

A situação é ainda mais difícil para as empresas de menor porte que tentam reverter sua sorte nesse cenário. O risco é que o mercado de luxo mais fraco deixe todos, exceto os nomes mais poderosos, expostos a uma desaceleração prolongada.

“A implementação de mudanças internas nas marcas parece ter se tornado mais complexa em um mercado de luxo cada vez mais competitivo, onde escala, talento de design e poder de marketing são importantes,” disse Thomas Chauvet, analista do Citigroup, em relatório.

Apesar do cenário negativo, algumas empresas como Brunello Cucinelli e Hermès mostram que há luz no fim do túnel. As vendas da Hermès aumentaram no trimestre e a fabricante italiana de roupas de cashmere de alto padrão também mostrou uma capacidade de suportar as condições difíceis.

Os dados não têm grande efeito no geral. “Na nossa visão, temos uma assimetria aqui: poderemos observar uma maior correção nesses valores com a desaceleração de crescimento e compressão de margens no curto prazo”, diz um trecho do relatório da Kinea. “Com isso, apesar de toda a força das empresas de luxo, temos uma visão menos construtiva para o curto prazo do setor.”



Fonte: Neofeed

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Na ruína da estatal de petróleo PDVSA, um retrato da Venezuela às vésperas da eleição

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Na ruína da estatal de petróleo PDVSA, um retrato da Venezuela às vésperas da eleição
Tempo de Leitura:5 Minuto, 12 Segundo


A eleição presidencial da Venezuela, no domingo, 28 de julho, se assemelha a um roteiro de filme com final imprevisível.

De um lado, o atual presidente, Nicolás Maduro, no poder desde 2013, busca outra reeleição. De outro, está Edmundo González – um diplomata sem experiência política, cuja candidatura surgiu como solução tapa-buraco depois que a líder da oposição, María Corina Machado, teve sua candidatura barrada pela Justiça eleitoral, controlada pelo regime chavista.

Às vésperas da votação, a possibilidade de fraude para beneficiar Maduro cresceu na mesma proporção do favoritismo de Gonzalez. As pesquisas eleitorais nunca foram confiáveis no país, mas sondagens independentes apontam de 30 até 40 pontos percentuais de vantagem para o candidato oposicionista.

Seja qual for o vencedor, a Venezuela tão cedo não deve se livrar do estigma da “maldição do petróleo”, espécie de sina que persegue os grandes produtores do chamado ouro negro.

Nesses países, a entrada fácil de petrodólares costuma alimentar um ciclo que inclui desestímulo à indústria nacional – é mais barato importar produtos estrangeiros do que produzir internamente – e falta de diversificação na economia local. Por isso, não chega a surpreender que a maioria dos países exportadores é formada por ditaduras marcadas pela corrupção.

Maduro, herdeiro político de Hugo Chávez – líder populista que governou o país de 1999 até a morte, em 2013 -, ajudou a reforçar esse estigma da maldição do petróleo, colocando a Venezuela entre os párias da comunidade internacional, alvo de sanções por violações de direitos humanos.

Mesmo com o país ostentando as maiores reservas mundiais de petróleo (cerca de 303 bilhões de barris, à frente da Arábia Saudita, com reservas de 267 bilhões de barris), a Venezuela mantém uma exploração irrisória, cerca de 800 mil barris diários, muito abaixo dos 3 milhões de barris diários dos áureos tempos da PDVSA, a estatal de petróleo que foi sendo dilapidada pelo chavismo.

Apenas durante o período de Maduro no poder, a economia do país encolheu 80%, cerca de um quarto da população emigrou e, quem ficou, luta para sobreviver, com mais de 85% dos venezuelanos na linha de pobreza. Em 2019, o país enfrentou uma hiperinflação de 65.000% anuais (hoje está em cerca de 35%).

A decadência da PDVSA acompanhou essa descida literal ao fundo do poço, mas ela teve início muito antes, em 2003. O ano, na prática, selou o destino da empresa. Foi quando Chávez fez um expurgo na estatal de petróleo, demitindo boa parte do corpo técnico e desviando bilhões de dólares em  investimentos na modernização da empresa para programas sociais e ajuda a países simpáticos à sua revolução bolivariana, como Cuba e Bolívia.

Adriano Pires, sócio-fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) e especialista no setor de óleo e gás, conta que a maioria dos ex-altos funcionários da PDVSA foram para o exterior. “No Canadá há muitas empresas menores de petróleo, grande parte criada por esses venezuelanos que faziam parte dos quadros da PDVSA”, diz.

Nos bons tempos, a estatal venezuelana tinha refinarias na Alemanha e uma rede de postos de gasolina nos Estados Unidos, a Citgo. Em maio, a Citgo – mergulhada em dívidas com 18 empresas internacionais que cobram US$ 21,3 bilhões por “apropriações e calotes” – foi vendida por decisão da Justiça dos EUA.

Já sob Maduro, a crise da PDVSA foi agravada com a imposição de sanções pelos EUA ao setor de óleo e gás que duraram pouco mais de seis anos, até outubro do ano passado, por causa de perseguição à oposição. As sanções foram retomadas em abril, mas as gigantes estrangeiras de petróleo puderam permanecer explorando petróleo, o que ajudou a aumentar a produção venezuelana.

Segundo Pires, sem quadros e investimento estatal, a PDVSA não tem salvação à vista. “Não adianta o candidato que ganhar investir na PDVSA no curto prazo”, diz o especialista. “A saída é atrair petroleiras estrangeiras para aumentar a produção.”

Isolamento

O regime chavista está cada vez mais isolado, perdendo apoio até de tradicionais aliados, como o governo petista do Brasil. Em 2018, Maduro foi reeleito numa votação marcada pelas denúncias de fraude e perseguição à oposição.

Na atual campanha, o presidente venezuelano repetiu o roteiro. Impediu a candidatura de María Corina – o governo controla o Poder Judiciário, a Justiça eleitoral e o Congresso -, perseguiu opositores, censurou jornais e sites de notícias, dificultou o direito de votos dos venezuelanos que vivem no exterior e barrou a presença de observadores internacionais para fiscalizar a lisura da votação.

Com as pesquisas mostrando um amplo favoritismo de González, Maduro passou a se expor. Gravou jingles no TikTok e radicalizou o discurso, advertindo sobre um “banho de sangue” caso a oposição vença a eleição.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a ameaça e Maduro retrucou, afirmando que quem o critica – sem citar Lula – deveria tomar chá de camomila. E ainda repetiu o bordão bolsonarista de que as urnas eletrônicas do Brasil “não são auditáveis” – as urnas venezuelanas também são eletrônicas, mas os eleitores saem da cabine com um comprovante em papel que mostra em quem votou, uma forma de vigilância do regime nada auditável.

Nos comícios, Maduro assumiu compromissos irrealizáveis, como construir 3 milhões de casas e oferecer financiamento estatal para abertura de empresas, além de retomar a região de Esequibo, rica em petróleo, em disputa com a Guiana.

O rígido controle do governo torna difícil prever se o candidato opositor, caso vença, irá de fato assumir – muitos analistas acreditam que Maduro só aceitou ser desafiado nas urnas porque tem certeza que pode fraudar o resultado.

Pires, no entanto, diz que a Venezuela com Maduro continua desestimulando os investimentos no país. “Com o atual governo há muito risco regulatório e jurídico, as empresas precisam sempre negociar com integrantes do regime”, afirma o especialista, numa referência indireta às denúncias de corrupção.

O problema, diz o especialista do CBIE, é que o país corre contra o tempo. Com a transição energética, o petróleo venezuelano – mais pesado e de baixa qualidade, sendo ambientalmente mais agressivo – tende a perder relevância.

“Se não explorar logo essas reservas, o petróleo da Venezuela corre o risco de ficar ali mesmo, no subsolo”, adverte Pires. Seria, a rigor, o retrato acabado da maldição que ronda os países exportadores de petróleo.



Fonte: Neofeed

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