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Bom de briga, IDV vai para cima das bets

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Bom de briga, IDV vai para cima das bets
Tempo de Leitura:10 Minuto, 4 Segundo


O setor varejista mal saiu de uma guerra para exigir a cobrança de impostos de peças de vestuários importadas da China, a chamada “taxação das blusinhas chinesas”, e já está às voltas contra outra ameaça às vendas do varejo: a concorrência com as apostas oferecidas pelas 300 plataformas online que atuam no País, as chamadas bets.

Os dados são assustadores. Pesquisa da Hibou com 2.839 pessoas, em agosto deste ano, mostra que a despesa mensal do brasileiro com apostas online está entre R$ 100 e R$ 500. O hábito está particularmente arraigado nas classes C, D e E – onde 79% de seus integrantes apostam regularmente.

De acordo com o Banco Central, cinco milhões de beneficiários do Bolsa Família destinaram R$ 3 bilhões às bets apenas em agosto. Esse montante corresponde a 21% do total de R$ 14,1 bilhões desembolsado pelo governo federal no programa de transferência de renda.

Do lado das plataformas online, só em 2023 elas arrecadaram entre R$ 60 bilhões e R$ 100 bilhões em apostas. Desse total, cerca de R$ 40 bilhões deixaram de ser gastos com bens e serviços. Para 2024, segundo estudo da Strategy&, consultoria estratégica da PwC, a projeção é que as bets arrecadem até R$ 130 bilhões – o dobro das vendas registradas em 2023 pela Magazine Luiza, uma das gigantes do varejo.

Jorge Gonçalves Filho, presidente do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), que completa 20 anos, conta que a entidade que congrega empresas varejistas de diversos setores começou a se preocupar com o impacto causado pelas bets ao notar uma queda de consumo em alimentação e vestuário, seguido de relatos de associados sobre as dificuldades financeiras de funcionários com apostas.

“Começamos a analisar os efeitos, não só do desvio de finalidade do dinheiro usado nas bets, mas também a questão de saúde pública, pois virou um vício”, diz Gonçalves, nesta entrevista ao NeoFeed.

Depois de consultar a Febraban, o IDV descobriu uma inadimplência de 2 em cada 3 faturas de cartões de crédito de clientes que apostam online. Diante desse quadro, Gonçalves conta que aproveitou a presença do vice-presidente Geraldo Alckmin no evento de 20 anos de fundação do IDV, no final de agosto, para apresentar o problema.

Desde então, foram mais duas reuniões com o vice-presidente, a última na segunda-feira, 23 de setembro. “Pedimos uma regulamentação mais firme, pois as propagandas das bets estão 24 horas na TV e nas mídias sociais, uma taxação maior, hoje em 12%, e que as bets banquem o tratamento para livrar o vício de apostadores, pois essa conta vai cair no SUS”, diz ele.

Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista de Gonçalves ao NeoFeed:

O IDV tem advertido riscos associados ao crescimento das plataformas eletrônicas de apostas, conhecidas como bets. O que preocupa mais o segmento?
Começamos a acompanhar esse efeito das bets internamente, com associados relatando dificuldades financeiras de funcionários com apostas e outros efeitos. Surgiu uma faísca e passamos a acompanhar várias pesquisas, indicando que o problema já estava crescendo de forma exponencial.

Os gastos com apostas afetaram o varejo?
Sim, detectamos por pesquisas que um volume de recursos significativos, que deveriam estar indo para o consumo, como alimentação e vestuário, estavam indo para outro negócio. Passamos a consultar outros setores e soou um alerta que já não era amarelo, e sim vermelho.

O problema atinge a economia como um todo?
Sim, a Febraban também estava preocupada, pois descobriu que, de cada três faturas de cartão de crédito de clientes que apostam em bets, duas não estavam sendo quitadas. Com base nos dados do Banco Central, o Itaú divulgou que os gastos com apostas haviam chegado a R$ 68 bilhões em 2023 e devem atingir R$ 120 bilhões este ano. Começamos a analisar os efeitos, não só do desvio de finalidade do dinheiro usado nas bets, mas também a questão de saúde pública.

“De cada três faturas de cartão de crédito de quem aposta em bets, duas não são quitadas”

Como o IDV passou para a ação para lidar com o problema?
Pegamos todas as pesquisas que tínhamos reunido e aproveitamos um evento de 20 anos de criação do IDV, voltado para debater vários assuntos de interesse do varejo, em Campos de Jordão, no fim de agosto, para discutir o problema. O vice-presidente Geraldo Alckmin estava presente e quando abordamos a questão das bets mostramos os dados que havíamos levantado. Um deles indicava que 79% da população das classes C, D e E estavam apostando fortemente em bets, deixando inclusive de comprar comida ou fazer outros gastos essenciais.

O vice-presidente ficou surpreso?
Ele ficou preocupado e sugerimos coletar material de diversas fontes, não só de pesquisas, como de outras associações, e mostrar a ele numa reunião em Brasília. Nesse período, apareceram vários dados novos, um deles envolvendo educação. Foi feita uma pesquisa com 10 mil estudantes mostrando que 12% deles não estão refazendo matrícula, usando o dinheiro para apostar.

O que o IDV sugeriu para atacar o problema?
Levamos ao vice-presidente Alckmin, na segunda-feira, 23 de setembro, um vasto material com sugestões de pontos a melhorar. Um deles é a legislação, que é muito fraca. Um exemplo é a publicidade. Na TV, são 24 horas por dia de campanhas publicitárias de apostas, estreladas por influenciadores e artistas, incluindo patrocínio dos clubes de futebol. Tudo o que atrai o jovem está tomado pelas bets. Elas estão criando uma legião de pessoas que está gastando todo o o salário para apostar. Temos exemplos de casais que se separaram, de pessoas que perderam tudo e estão devendo para agiotas. Também chamamos a atenção para outros problemas.

“Tudo o que atrai o jovem está tomado pelas bets. Elas estão criando uma legião de pessoas que está gastando todo o salário para apostar”

Quais?
Falamos da penetração nos meios digitais. Todo mundo passa o dia inteiro recebendo no celular sugestões de bets, inclusive oferecendo uma quantia para apostar. Isso precisa ser contido, tanto nos celulares quanto nas mídias digitais – isso foi levantado pelo próprio Alckmin. A ludopatia, que é o vício em apostas, chegou nas bets e virou um problema de saúde pública. Essa doença vai crescer e quem vai ter de lidar com ela é o SUS. Alertamos o vice-presidente que isso deveria ter uma responsabilização direta das bets pelo tratamento dessas pessoas.

Mas uma parte de arrecadação das bets não é direcionada para a saúde?
Sim, mas precisamos obrigar as casas de apostas a bancar diretamente esse tratamento, como ocorre na Inglaterra. Também abordamos com o vice-presidente a questão da tributação. As bets pagam 12% de imposto. Qualquer produto que compramos de uma empresa vem com carga tributária de 40% a 50%. Ou seja, precisamos trocar algo que é tributado em 12% por algo que deveria ser tributado quatro vezes mais, pois é consumo. O governo também está perdendo esse dinheiro. Na reforma tributária, as bets deveriam ser incluídas na alíquota diferenciada, com tributação semelhante a cigarro e bebida, de alíquota cheia.

Como o governo federal recebeu essas propostas?
A lei das bets foi aprovada no governo Michel Temer, em 2018, mas só agora o atual governo buscou sua regulamentação. Reconhecemos isso, mas o fato é que a regulamentação é muito fraca, pouco contundente para um problema tão sério. Soubemos que a proibição de apostar pagando com cartão de crédito, que só entraria em vigor em 2025, vai se antecipado para esse ano. Mas é preciso atacar outros temas, como a publicidade. É preciso acionar o Procom para checar se há publicidade enganosa, e limitar o tempo de propaganda na TV. Isso tem de ser feito já, não dá para esperar janeiro do ano que vem. O estrago pode se irreversível.

“A regulamentação das bets é muito fraca, pouco contundente para um problema tão sério”

O vice-presidente acenou com alguma ação?
Na verdade, o governo federal se mostrou interessado com algo que já vinha tratando há algum tempo, como a tributação, pelo Ministério da Fazenda. Mas há temas correlatos que dizem respeito ao Ministério da Justiça, como o Procon, ou Ministério da Saúde. Ou seja, precisa ser ampliada a abordagem ao tema bets.

Como envolver o Congresso Nacional nessa discussão?
Há um projeto de lei em tramitação no Senado que trata da liberação de cassinos. Mas é preciso tomar cuidado: no texto, sem perceber e de forma subliminar, foi incluída a liberação de bingos e de máquinas caça-níqueis. Cassino é uma coisa, cria empregos, é formal, etc. Mas essas máquinas caça-níqueis são que nem as bets, se o governo não ficar atento vai ter em toda esquina. Sabemos que o jogo está aí, é uma realidade, mas precisa ser tratado com mais restrições para que não prejudique a saúde das pessoas nem a economia do País.

O Brasil está com uma economia aquecida, com o mercado de trabalho a pleno vapor. A despeito do impacto das bets, o varejo está notando esse crescimento do PIB no consumo?
Não está correspondendo como um todo. Alguns setores campeões, como farmácia, pets e artigos de perfumaria, estão bem. Mas outros setores, como linha branca e materiais de construção, estão sofrendo. Não estão tendo aquele crescimento esperado, que deveria ser muito grande, porque o governo injetou dinheiro na economia e a renda está crescendo mais. Os R$ 100 bilhões, que é o que se espera para serem colocados nas bets este ano, atrapalham e fazem falta ao varejo.

A taxa Selic mais alta também atrapalha esse cenário?
Sim, mas é preciso olhar o todo. Os juros atrapalham, por exemplo, no capital de giro. Quando o lojista faz uma compra para o estoque, ele tem de financiar com juros em alta, ou seja, está descontando aquele recebível e pagando mais caro. Isso obriga o varejo a ser mais restritivo na oferta de parcelas. Sem falar na inadimplência, que é maior com juros altos.

“A taxação das blusinhas chinesas aprovada ainda está longe da equidade tributária”

Antes das bets, o varejo viveu outra guerra, no caso, a taxação das blusinhas chinesas. A taxação definida (imposto de importação com alíquota de 20%, além da alíquota de 17% de ICMS) foi considerada suficiente para o setor?
Não foi considerado suficiente, embora seja preciso entender e agradecer os esforços do ministro da Fazenda, da Câmara e do Senado. Porém, todos sabemos que a aprovação final, com as alíquotas definidas, foi apenas o primeiro passo. Precisamos chegar na equidade tributária, que estaria num nível de 80% – e temos hoje um total de 44,6% de tributação. Não chegamos nem o que era antes, de cerca de 60%. Ou seja, passou um pouco da metade do que é necessário.

O quer seria preciso para atingir pelo menos os 60%?
Esse próximo degrau significa dar um pequeno aumento no ICMS, um pequeno aumento da alíquota de importação, porque eles são compostos, para chegar a 60% ainda este ano. Os estados sabem que 17% de ICMS é pouco e precisam arrecadar mais. Estamos conversando com as secretarias de Fazenda estaduais, mas estamos num período de eleição.

O IDV chegou a calcular o impacto para o setor antes da taxação das blusinhas chinesas?
As empresas, principalmente de vestuário, tiveram redução forte nas vendas e no resultado, as ações caíram, lembrando que essa queda nas ações teve impacto também no valor das empresas. Então foi muito ruim para o setor, do pós-pandemia até a taxação atual.

Qual foi a avaliação do IBV sobre o projeto de regulamentação de reforma tributária aprovado?
Olhando pelo lado do IDV, um instituto que quer ajudar na formalização da economia, pode ser positivo, desde que tenha uma boa implantação. Estamos com 26,5% de alíquota do IVA. Se a regulamentação não for feita corretamente, pode tornar o País com o de maior sonegação do mundo. O risco é uma “rachadinha” – dos 26,5%, fica 13,25% para mim e 13,25% para você, fazemos esse desconto e não pagamos o imposto. Por isso precisamos ficar atentos à implementação, para que todos paguem o que é devido.





Fonte: Neofeed

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PIB menor e inflação mais alta: o impacto das tarifas de Trump nos EUA

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Tempo de Leitura:3 Minuto, 43 Segundo


O presidente americano Donald Trump completa exatas duas semanas de seu segundo mandato na Casa Branca nesta segunda-feira, 3 de fevereiro. E, em pouco tempo, já conseguiu chacoalhar os mercados globais ao começar a cumprir parte de suas promessas de campanha.

A mais recente movimentação dessa agenda veio à tona no sábado, 1 de fevereiro, quando ele anunciou a imposição de uma tarifa de 25% para produtos importados do México e do Canadá, além de uma alíquota de 10% para itens da China. As taxas entram em vigor a partir da terça-feira, 4 de fevereiro.

“Haverá alguma dor? Sim, talvez (e talvez não!). Mas faremos a América grande novamente e tudo isso valerá o preço que deve ser pago”, postou o presidente americano na Truth Social, rede social de sua propriedade, no domingo, 2 de fevereiro.

Ainda não é possível determinar o tamanho dessa conta. Mass em um termômetro das primeiras reações ao início dessa “nova guerra comercial” anunciada por Trump, o portal americano Yahoo Finance compilou algumas análises feitas por bancos e nomes relevantes de Wall Street.

“Nossos economistas esperam que as tarifas totalmente implementadas tenham consequências significativas”, escreveu o time de research de políticas públicas do Morgan Stanley projetando que o crescimento dos Estados Unidos pode ser de 0,7% a 1,1% a menos nos próximos três a quatro trimestres.

Ao estimar um aumento de 40 pontos-base na inflação americana no segundo semestre, a equipe de economia do Evercore ISI disse que o crescimento do país provavelmente sofrerá um “golpe”, à medida que os países se “afastam das exportações dos EUA, o investimento cai e o emprego diminui”.

Já o estrategista da Evercore ISI China, Neo Wang, ressaltou que o momento escolhido por Trump para o anúncio – o feriado do Ano Novo Chinês – provavelmente ofendeu tanto o governo quanto o povo chinês. E que ele roubou a atenção com suas “tarifas destruidoras de riqueza”.

Mas fez uma ressalva: “Essa primeira taxa de 10% parece, pelo menos, ter como objetivo ganhar vantagem na negociação no TikTok ou forçar Pequim a se sentar à mesa se a negociação ainda não tiver começado”, observou Wang.

Estrategista de casa de research 22V, Michael Hirson, por sua vez, entende que Trump acabará impondo, mais cedo ou mais tarde, tarifas adicionais sobre as importações da China, além desses 10% iniciais.

“A predileção de Trump por tarifas, a ótica de um déficit muito grande com a China e a política interna de mirar na China tornam improvável que ele pare aqui”, afirmou Hirson. “Não descartamos a possibilidade de um acordo comercial EUA-China, embora vejamos a barra política como bastante alta, especialmente neste primeiro ano de Trump 2.0.”

Quanto ao Canadá e ao México, as projeções a partir desse anúncio apontam para a probabilidade de uma recessão “iminente”. Para Jim Reid, estrategista do Deutsche Bank, os dois países podem testemunhar um choque maior do que o Brexit foi para o Reino Unido.

Ele também reservou espaço para comentar as críticas feitas por Trump à Europa e o discurso do presidente americano que coloca o Velho Continente como um dos próximos alvos dessa política de aumento de tarifas.

“Embora as tarifas não tenham sido cobradas da União Europeia, isso ainda é um golpe sério, dado o que provavelmente está por vir. Além das tarifas diretas, muitas montadoras alemãs atendem ao mercado dos EUA via México, onde produzem bens finais e/ou intermediários”, observou Reid.

O estrategista do Deutsche Bank acrescentou ainda que, embora os Estados Unidos estejam menos expostos às tarifas de retaliação anunciadas até o momento pelo Canadá e o México por conta do tamanho da sua economia, seria possível esperar que “vários décimos” fossem cortados do PIB americano.

Sob outra ótica, Jim Duffy, analista do Stifel, ressalta que quase todos os calçados e vestuários vendidos nos EUA são importados. E que as tarifas anunciadas no sábado provavelmente vão impactar o P&L das empresas a partir do segundo trimestre, com reflexos para todo o ano de 2026.

Duffy observa ainda que, em antecipação a tarifas potenciais, as empresas irão realinhar as cadeias de suprimento para minimizar as importações de países com alíquotas mais elevadas, adicionando risco operacionais potenciais.

“Para a maioria das empresas em nossa cobertura, a exposição direta às importações desses países é mínima. No entanto, o risco secundário de inflação e pressão relacionada sobre gastos discricionários é uma consideração”, escreveu o analista.



Fonte: Neofeed

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Gerdau investe R$ 3 bi em energia limpa, aumenta fatia em comercializadora e prepara mais M&As

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gerdau investimento energia
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Quinta maior empresa consumidora de energia do Brasil, a gigante do aço Gerdau quer ser também uma companhia gigante na produção de energia sustentável. Para isso, encontrou dois caminhos: o primeiro deles é comprar ativos para ser dona da própria produção de energia. O segundo é ser, de forma indireta, também comercializadora e vender ao mercado a energia produzida a partir de fonte solar.

Nos últimos 12 meses, a empresa investiu mais de R$ 3 bilhões na construção de dois parques solares e na aquisição de PCHs (pequenas centrais hidrelétricas). E, em 2025, já decidiu que vai comprar outras hidrelétricas e avançar em parques eólicos. Com as iniciativas, a Gerdau já conta com 52% de sua energia oriunda de fonte renovável e certificada. O objetivo é chegar a 80% até 2031.

“O investimento em ativos de energia renovável está alinhado à estratégia da Gerdau de gerar maior competitividade no custo dos seus negócios, aumentando a autoprodução de energia limpa, e em linha com o processo de descarbonização já divulgado pela companhia”, diz o CEO da Gerdau, Gustavo Werneck.

No início deste ano, a empresa inaugurou o parque solar Arinos, em Minas Gerais, que foi anunciado em 2023 e que resultou em investimentos de R$ 1,5 bilhão. A produção pode chegar a 420 megawatt-pico (MWp). A capacidade fotovoltaica equivale a 7% do consumo de energia anual da Gerdau, que consome 6 mil MW por ano. Do volume produzido no parque solar, 30% irá abastecer diretamente as fábricas da Gerdau.

Em 21 de janeiro, a companhia comprou da Atiaia Energia as empresas Rio do Sangue e Paranatinga Energia, donas de duas PCHs no Mato Grosso, por R$ 440 milhões. As hidrelétricas fornecerão energia renovável para as unidades produtivas da Gerdau, no regime de autoprodução, em um montante equivalente a 8% do consumo de energia das operações da empresa no Brasil. As duas possuem capacidade instalada de 29 megawatts (MW) cada uma.

“Elas fazem parte da estratégia da Gerdau de buscar ser cada mais vez mais produtor de energia limpa. Por isso, essa aquisição das duas hidrelétricas passa a ser muito significativa, que vai nos ajudar a ser mais competitivo no processo produtivo de aço”, diz Flávia Souza, diretora global de energia e suprimentos da Gerdau.

Se, estrategicamente, buscar soluções com menos pegada de carbono são benéficas para a própria imagem do negócio, fato é que a energia limpa de autoprodução custa menos. É uma decisão que mexe no bolso. “Quando falo que ela é competitiva, quero dizer também que ela é mais barata. A energia limpa produzida por nós custa 30% menos”, diz Souza. “Nosso processo é muito intensivo em energia.”

Em 2025, a Gerdau irá realizar mais M&As de empresas que produzem energia limpa. “Temos interesse de continuar prospectando a compra de ativos de energia. Continuamos olhando o mercado e pode ser que a gente faça mais aquisições para complementar nosso portfólio e alcançar nossa meta até 2031”, afirma Souza.

A executiva entende que, com os novos parques solares, agora é necessário diversificar um pouco mais a origem dessa energia limpa. “Nossa matriz solar está bem cheia. Então, queremos sim fazer uma diversificação de fonte. E não adianta comprar de empresas que já tenham esse ativo contratado. Queremos essa energia para Gerdau.” Por isso que, no horizonte, estão mais hidrelétricas e as produtoras de energia por meio de vento.

Com as entregas dos novos parques solares, a matriz de energia a partir da luz do Sol irá corresponder a 60% do total da energia renovável consumida pela empresa. A fonte hidrelétrica representa 16%. “O momento agora é de discussão sobre a alocação de investimentos da Gerdau. E energia está dentro disso.”

Aumento de participação na comercializadora

A empresa também anunciou recentemente a ampliação da participação acionária da Gerdau Next (braço de novos negócios da companhia, criado em 2020) na Newave Energia, empresa focada em energia renovável. Hoje, a subsidiária da companhia de aço é dona de 40% da empresa. Antes, esse índice era de 33,33%. A Newave Energia é uma joint-venture criada pela Gerdau e Newave Capital.

Na prática, isso vai representar maior participação no projeto de construção do parque solar Barro Alto, em Goiás, em um investimento de US$ 1,3 bilhão. A usina deverá entrar em operação no início do ano que vem e terá capacidade de produção de 452 MWp, ainda maior do que a unidade mineira.

O volume de energia gerado pelo parque goiano teria condições de suprir o consumo de uma cidade com 365 mil habitantes (o tamanho de Blumenau, por exemplo). Serão 731 mil painéis solares distribuídos em uma área de 800 hectares.

“O plano está traçado e faz parte de uma estratégia de longo prazo. Em 2022, a gente iniciou a parceria da Gerdau Next para trazer energia renovável e competitiva, como uma linha de negócios. Em outra ponta, direto pela Gerdau, as ações têm sido no sentido de ser uma autoprodutora de energia, para o próprio consumo”, diz Flávia, que também integra o Conselho da Newave.

Nesse sentido, a executiva reconhece o interesse da subsidiária da Gerdau em comercializar energia para o mercado, o que pode incluir até suas concorrentes. “A Gerdau Next, sim, tem interesse, via sua participação na Newave, em fazer a comercialização de energia”, afirma.

Com a nova configuração acionária, a Gerdau terá direito a 40% de toda a energia solar produzida no parque de Goiás. E também terá sua participação na receita dos 60% restantes, que serão comercializados. “O objetivo principal é ter uma energia competitiva e limpa. E, como consequência, a empresa é dona de um negócio que vende essa energia. Com isso, aumentamos nossa receita e nosso retorno.”

Ela diz, no entanto, que não há intenção de, com a Newave, a Gerdau ser uma grande concorrente de empresas como Enel, Engie ou Eletrobras. “Mas é fato que temos uma empresa que tem um plano de negócios, e um portfólio para oferecer ao mercado.”



Fonte: Neofeed

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Nas empresas familiares, os herdeiros estão indo para o conselho antes de assumir a gestão

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Nas empresas familiares, os herdeiros estão indo para o conselho antes de assumir a gestão
Tempo de Leitura:4 Minuto, 42 Segundo


O que Magalu, Votorantim, Gerdau, JBS, Safra, Marfrig e Weg têm em comum? Além de serem companhias brasileiras extremamente robustas em seus segmentos, elas possuem o DNA familiar na formação de suas histórias. Ainda que com executivos de mercados em posições estratégias, a maior parte delas é dirigida por integrantes de familiares ligados aos fundadores.

Mas qual é o segredo para que essas empresas, geridas por familiares, tenham sucesso? E, mais do que isso: como garantir a perenidade dos negócios? Esses talvez sejam os principais desafios das empresas familiares brasileiras.

Fato é que, ainda que com esses grandes cases de sucessos, os números trabalham contra essa realidade. Levantamento realizado pelo Banco Mundial mostrou que apenas 30% das empresas familiares chegam à terceira geração. E apenas 15% sobrevivem a essa sucessão. E o principal motivo é a falta de planejamento sucessório.

Segundo a 11ª Pesquisa Global sobre Empresas Familiares da PwC, somente 24% das companhias familiares se preparam para a sucessão. O resultado são conflitos entre os integrantes da família. E, por consequência, da empesa. O problema é que, sem a clareza de uma liderança, a empresa acaba vendida ou até mesmo indo à falência.

“O grande desafio das empresas familiares é separar as três caixinhas de cada um como família, como sócio e como funcionário. Nem todo mundo tem perfil para ser funcionário, muito menos executivo. Mas todos devem saber cobrar os executivos por resultados como sócios. E isso não pode afetar a relação familiar entre eles”, diz Gilson Faust, sócio da consultoria GoNext, que atuou em mais de 200 sucessões familiares.

Uma ideia está começando a ganhar corpo no mundo corporativo: o conselho de herdeiros. Na prática, são como conselhos de administração, mas que reúnem herdeiros de todas as idades. O objetivo é ensinar sobre o papel de sócios, discutindo questões da empresa e entendendo se possuem o perfil para serem executivos ou não.

No conselho, os herdeiros têm como principal objetivo aprenderem sobre a empresa e seus valores, o mercado que está inserida e seus desafios e oportunidades, além de começarem a acompanhar os resultados da empresa para aprendem a sua futura função de sócios e seus deveres e responsabilidades.

Isso já acontece na rede de supermercados Jacomar, uma das maiores redes de supermercados de Curitiba, fundada em 1966, que já passou de forma organizada para a segunda geração composta por oito irmãos, e que tem 20 pessoas da terceira geração que compõe o conselho de herdeiros.

Priscila Fantin, 27 anos, economista e especialista em gestão empresarial, é uma delas. Primeiro trabalhou no mercado e depois foi para a empresa da família, onde está há sete anos como analista de controladoria. O seu pai é o atual CEO da empresa, mas isso não muda a trajetória que ela precisa seguir na empresa. Ela veio para a área porque havia a vaga e ela tinha a experiencia.

“Nós já não tivemos o contato com os fundadores como a segunda geração, então muito do que fazemos é ver quais são os valores da empresa e como modernizar isso para os novos tempos. E levamos essa ideia para os sócios atuais”, afirma Fantin.

As reuniões do conselho são mensais e híbridas, para contemplar tanto os herdeiros que trabalham na empresa como os que não e estão em outra cidade ou país. Os herdeiros mais atuantes também passam a partilhar das reuniões do Conselho de Administração da empresa como ouvintes para ficarem por dentro das questões atuais, e também absorverem conhecimento para o momento em que passarem a atuar de forma definitiva na empresa.

A família Nichele, dona da Nichele Materiais de Construção, em Curitiba, descobriu as dificuldades de uma sucessão não planejada na prática. O fundador da empresa preparou o filho, Cristiano, para assumir o comando da empresa. Mas, na última hora, resolver compartilhar a gestão com suas outras duas filhas.

A consultoria GoNext foi acionada para ajudar e foi entender qual seria o melhor papel de cada um na empresa. Cristiano se tornou CEO com a aprovação de todos os sócios. As irmãs assumiram as diretorias financeiras e comercial. Já no marketing, ninguém da família tinha vocação e foi contratado um profissional de mercado.

“Meu pai sempre me preparou para assumir, mas depois não sabia muito bem o que fazer com as minhas irmãs e tentou colocar nós três na liderança”, diz Cristian. “Foi muito bom passar todo esse processo mais científico porque assim a aceitação da família foi muito melhor, sem deixar brechas que um ou outro estava sendo beneficiado”.

A terceira geração da família Nichele já começou a ser preparada desde cedo e passou a integrar o conselho de herdeiros com a orientação da consultoria. Já são nove pessoas de um grupo heterogêneo com crianças, adolescente e adultos. Todos os maiores de 14 anos já podem participar das reuniões.

Para Helena Rocha, sócia da PwC Brasil, apesar da transferência do controle para a próxima geração ser um evento extremamente importante e único na vida da empresa familiar, na prática é algo sobre o qual raramente se fala. E isso gera problemas, principalmente quando a sucessão precisa ser antecipada de forma inesperada.

“Ausência de comunicação, de alinhamento e planejamento estratégico comprometem qualquer negócio, mas principalmente as empresas familiares, onde as emoções se misturam entre família e negócio. É imprescindível a comunicação entre as gerações e um contrato geracional honesto”, afirma Rocha.

A organização e sucesso das empresas familiares beneficia a economia. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 90% das empresas brasileiras são familiares e empregam 75% dos brasileiros. Elas são responsáveis por mais de 60% do Produto Interno Bruto (PIB).



Fonte: Neofeed

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