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De Saint-Exupéry a Freud, o processo criativo de um dos jovens talentos das artes brasileiras

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De Saint-Exupéry a Freud, o processo criativo de um dos jovens talentos das artes brasileiras
Tempo de Leitura:5 Minuto, 57 Segundo


“Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.” Chavão para alguns, mantra para outros, especialmente as misses, é difícil encontrar alguém que não conheça a frase do livro O Pequeno Príncipe, do francês Antoine de Saint-Exupéry (1900-1944).

Incomum é um artista plástico jovem recorrer à “filosofia” para explicar seu processo criativo, como faz o piauiense Santídio Pereira, de 27 anos.

No capítulo 21, a personagem da Raposa explica ao rapazinho do livro: cativar é criar laços, ter necessidade do outro. E isso só acontece com o tempo, com a convivência, quando o ordinário se torna excepcional.

“Tudo começa comigo sendo cativado por algo no mundo, nesse sentido de O Pequeno Príncipe”, conta Santídio, em entrevista ao NeoFeed. “Vou para um lugar em busca de ser cativado. Desenho, no caderninho, o que me cativou para que se materialize dentro de mim. Depois, no ateliê, elaboro qual a melhor forma de executar o projeto.”

Um conjunto de 30 trabalhos com imagens de plantas e relevos naturais que cativaram o artista nos últimos anos compõe a exposição Paisagens Férteis, em cartaz no Museu de Arte Moderna (MAM), de São Paulo, até 1o de setembro.

Com um colorido vibrante, Santídio imprimiu em grande escala — algumas com mais de 2 metros de altura —, xilogravuras de plantas e paisagens montanhosas, comumente vistas no litoral paulista e no interior de Minas Gerais e São Paulo.

Em vez de uma matriz feita em tábua, a partir de seus conhecimentos de marcenaria, o artista cria módulos soltos de flores, folhas, caules e montanhas. Alguns deles são apresentados como baixos relevos, batizados por ele objetos. “O objeto é uma madeira recortada que se conecta com o espaço, com a parede e não tem necessidade de moldura”, diz Santídio.

Para criar as imagens presentes em suas criações, Santídio diz: não basta ver uma foto ou um desenho botânico. Ele precisa conviver com o que vai levar para sua obra. Em seu ateliê, por exemplo, plantou a coroa de um abacaxi ver crescer a bromélia, de onde brota a fruta.

“A ideia só nasce ao vivo”, afirma. “É, ao observar a paisagem ou examinar uma bromélia, noto detalhes, como uma aranha, os ovos de mosquito, a água, e compreendo seu comportamento. A reprodução não me atrai. O que me atrai é a realidade.”

A necessidade de estar perto da natureza reflete a eterna busca do ser humano por preencher um vazio emocional — tema amplamente discutido pelos psicanalistas Sigmund Freud (1856-1939) e Jacques Lacan (1901-1981), ao qual Santídio também recorre com frequência.

As saudades de casa

Aos 8 anos, o artista se mudou para São Paulo, deixando para trás sua cidade Isaías Coelho (PI). Com a mãe e os três irmãos mais velhos, foi morar na favela do Nove, na Vila Leopoldina. Essa mudança trouxe consigo uma sensação enorme de falta da natureza — dos animais, das plantas, da terra natal.

Antes de ir para a escola, no período da tarde, Santídio e seus irmãos frequentavam as oficinas de esporte e artes do projeto social Instituto Acaia, fundado em 1997, pela artista Elisa Bracher. Ele primeiro frequentou as aulas de marcenaria, depois passou para as de desenho.

“Os professores nos ensinavam a materializar nossas ausências”, afirma. “O que faltava era possível concretizar por meio do desenho, da gravura, da pintura. Se você quer ter uma árvore que viu na infância, desenhe isso. De forma verossímil ou mais abstrata, conforme o nosso desejo.”

Já na adolescência, Santídio começou a frequentar as aulas de história da gravura. Por cerca de dois anos, conviveu com o artista Fabricío Lopez, que o incentivou a inscrever seu trabalho em editais.

Objeto XV, de 2023, é uma das obras da exposição “Paisagens Férteis” (Crédito: João Liberato)

“O objeto é uma madeira recortada que se conecta com o espaço, com a parede e não tem necessidade de moldura”, diz Santídio (Crédito: Ding Musa)

Algumas xilogravuras têm mais de dois metros de altura. Na imagem, obra sem título, de 2022 (Crédito: João Liberato)

“A reprodução não me atrai. O que me atrai é a realidade”, afirma o artista — Sem título, 2022 (Crédito: João Liberato)

“Os professores nos ensinavam a materializar nossas ausências”, diz Santídio, lembrando as primeiras aulas de arte, aos 8 anos — Sem título, 2023 (Crédito: João Liberato)

Aos 13 anos, ganhou o prêmio aquisição da Bienal de Gravura de Santo André. “Eles compraram meu trabalho, deve estar no acervo até hoje. O prêmio me trouxe um prestígio”, conta.

Simultaneamente, também começou a participar do coletivo Xiloceasa, formado em 2005, dentro do Instituto Acaia. Com o grupo, participava de feiras independentes, onde vendia seu trabalho. Mas, Santídio não se reconhecia como artista.

“Não havia o peso de querer ser artista enquanto estudei no Acaia. Os professores não falavam sobre isso. Eles nos ensinavam a materializar nossas ideias, o que podia acontecer na oficina de marcenaria, desenho, pintura ou música”, afirma. “Então, na verdade, eu não queria ser artista, queria apenas me expressar. Não sabia que estava fazendo arte.”

Desde os 15 anos, Santídio trabalhava vendendo frutas no Ceasa. “Minha mãe não exigia dinheiro em casa, então, eu usava a grana para comprar material e aproveitar a programação cultural da cidade, ia ao cinema e a exposições”, lembra.

Aos 18 anos, teve de abandonar o Acaia. Mas antes, com ajuda de Lopez, fez boas impressões de todas as matrizes que produziu enquanto estudou lá. “Foi uma espécie de TCC”, conta.

Fila de espera por um trabalho dele

Para continuar estudando arte, pediu uma bolsa para assistir ao curso do crítico e historiador Rodrigo Naves. Por um período, Santídio foi também assistente do professor na organização das aulas. “Aprendi muito com ele, vendo como ele estudava, escrevia”, diz.

Foi Naves o primeiro a dizer que Santídio era, sim, um artista. Pediu para ver as gravuras do jovem e ficou impressionado: ele poderia vender seu trabalho por dez vezes mais, assegurou o crítico.

Naves apresentou o trabalho do rapaz à Vilma Eid, dona da galeria Estação. E a partir daí foi uma sucessão de bons acontecimentos: ela ofereceu o espaço para uma exposição; um amigo, as molduras; outra amiga, o design do catálogo; e Naves, o texto para a mostra e o catálogo. Assim, em, 2016, aos 19 anos, Santídio fez sua primeira individual.

Vendeu todos os trabalhos e fechou um contrato com Vilma, o que lhe permitiu ser artista em tempo integral e cursar Licenciatura em Artes Visuais. Desde então, não parou mais de produzir e expor, inclusive fora do país.

Já levou suas obras para Paris e Nova York. E seus trabalhos estão em acervos de instituições como Sesc, Pinacoteca do Estado de São Paulo, Museu de Arte do Rio, Fundação Cartier e na Coleção Cisneros, uma das mais importantes do mundo.

E mesmo com todo o sucesso, Santídio avisa: “Não vou me sujeitar ao mercado. Enquanto eu estiver ganhando dinheiro com arte, maravilha. Se um dia meu trabalho parar de vender, eu dou minhas aulas e continuo fazendo a minha arte. Porque é isso que me mantém vivo”.

Na galeria Estação, há fila de espera por uma obra do jovem piauiense.





Fonte: Neofeed

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No projeto Tão Longe, Tão Perto, o “milagre da expansão” acontece no vinho que sai da torneira

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No projeto Tão Longe, Tão Perto, o
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Fundador, em 2014, do primeiro wine truck do Brasil, o Los Mendozitos, voltado à venda em taça de vinhos de baixa intervenção importados da Argentina, o engenheiro industrial com especialização em sustentabilidade, Ariel Kogan, se rendeu aos vinhos nacionais. “A alta do dólar me obrigou a olhar com mais atenção para o mercado nacional e acompanhar a evolução da qualidade na última década”, conta ao NeoFeed.

Sem perder o foco nos pequenos produtores éticos e no desafio de tornar o consumo da bebida mais descontraído, Kogan vem investindo desde 2021 no projeto Tão Longe, Tão Perto (TLTP), ao lado da sommelière Gabriela Monteleone. Voltada à comercialização de vinhos leves, descomplicados e de fácil entendimento em growlers (garrafas reutilizáveis de 1 a 2 litros) e kegs (barris de 20 litros), engatados a torneiras como as de chopp, a plataforma tem visto sua frente de negócio mais recente, a Casa Tão Longe, Tão Perto, ganhar asas.

Inaugurado em meados de 2023, no bairro paulistano da Barra Funda, o espaço com 12 torneiras, poucas mesas e uma pequena seleção de comidinhas de fácil serviço (principalmente queijos e embutidos), foi pensado para ser uma espécie de showroom da marca. O objetivo era atrair para lá clientes potenciais de restaurantes e hotéis interessados na compra a granel dos vinhos brasileiros de pequenos produtores artesanais selecionados por Gabriela. Além de promover o sistema de torneiras (taps), que permite otimizar a venda em taça.

Para se ter uma ideia das vantagens, enquanto uma garrafa mantém as propriedades sensoriais de um vinho, no máximo, por três a quatro dias depois de aberta, um barril engatado em torneira consegue preservar a qualidade da bebida por até um mês. Além disso, o CMV (custo da mercadoria vendida) por taça pode cair em pelo menos 50%, segundo Kogan, devido ao menor custo da embalagem e transporte.

Assim, não demorou para a Casa chamar a atenção do público final pela oferta de brancos, rosés, tintos e laranjas a preços atrativos. Além de investidores, que viram no modelo inovador, simplificado e de baixo custo do bar uma oportunidade de negócio, puxando organicamente a expansão para outras praças.

Como resultado, em apenas um ano, mais duas unidades foram abertas: uma na cidade do Porto, em Portugal, e outra no Rio de Janeiro, cujo faturamento inicial está superando em 50% o da unidade paulista antes mesmo de fechar o mês.

Não por acaso, uma terceira unidade já está prevista para breve, em Lisboa. “Estamos procurando ponto”, diz Kogan.

Com tíquete médio de R$ 90, as Casas TLTP representam hoje 25% do faturamento da marca, mas a expectativa é que a fatia ultrapasse os 50% nos próximos anos com a ampliação do número de pontos.

“Ainda estamos analisando os dados e os vetores de crescimento com cuidado, mas há um grande potencial de expansão nos pontos de venda, que exigem menor investimento de capital do que a operação de distribuição de vinhos”, avalia o empresário, que não descarta a possibilidade de adotar o modelo de franquias a longo prazo.

Por enquanto, a expansão ocorre com parceiros locais, como, no Rio de Janeiro, com os empresários Nelson Soares e Juan Manoel Prada, do restaurante Sult, e Ricardo Rebello, do gastrobar Sebastian. O investimento em cada loja gira em torno de R$ 400 mil a R$ 500 mil.

A visibilidade trazida pelas Casas deve ainda ajudar a impulsionar as demais operações da plataforma, que atualmente conta com 20 clientes com torneiras instaladas em todo o Brasil. Entre eles estão os restaurantes Shuk, Futuro Refeitório, Cuia, Bráz Trattoria e Le Bulô, em São Paulo; Manga, em Salvador, e Casa Vivá, em Porto Alegre.

Segundo Kogan, a Tão Longe, Tão Perto se guia pela A conexão com o produtor, o diferencial do produto e a sustentabilidade (Foto: Divulgação/Tão Longe,, Tão Perto)

Além de barris, os vinhos são comercializados em growlers, garrafas reutilizáveis de 1 a 2 litros (Divulgação/Tão Longe, Tão Perto)

Hoje, a instalação de torneiras responde por 25% do faturamento da plataforma e a distribuição dos vinhos representa 50% (Divulgação/Tão Longe, Tão Perto)

O projeto Tão Longe, Tão Perto foi lançado em 2020, pela a sommelière Gabriela Monteleone (Reprodução Instagram @gabrielamonteleone)

Atualmente, a instalação de torneiras responde por 25% do faturamento da plataforma e a distribuição dos vinhos curados por Gabriela e envasados em diferentes recipientes representa 50%. “Essa é uma operação que deve crescer junto com as Casas”, acredita Kogan.

Uma nova frente de negócios ainda começa a ser desenhada, retomando a experiência do wine truck, para levar os vinhos da marca a eventos, em carrinhos móveis com torneiras.

Um efeito colateral da expansão, entretanto, já afetou a fidelidade ao produto brasileiro. Com a ida para a Europa, decidiu-se que a oferta de vinhos seguirá priorizando vinhos leves e de fácil entendimento feitos por pequenos produtores voltados à vinicultura de baixa intervenção, mas os rótulos serão selecionados localmente em prol da sustentabilidade. “Este sempre foi nosso principal drive”, enfatiza Kogan, que é um dos idealizadores do Programa Cidades Sustentáveis, da Rede Nossa São Paulo.

“Não estamos fechados a levar uma bebida de um país para o outro, mas terá de ser algo muito diferente, que faça sentido pelo diferencial”, diz Kogan, citando um fermentado de açaí feito no Acre que o surpreendeu recentemente.

Assim, uma nova curadoria começa a tomar corpo em Portugal, onde o número de vinhos naturais selecionados em regiões como Dão e Douro já supera o de torneiras instaladas na Casa TLTP do Porto.

“Já poderíamos colocar mais quatro torneiras, totalizando dez”, conta ele, que não descarta abraçar também a distribuição a granel de seus achados. “Não somos um movimento de exclusão de nada. Nem de garrafas, nem de importados. A conexão com o produtor, o diferencial do produto e a sustentabilidade é que vão nos guiar.”

Então, já que existe a brecha, há chance de vermos vinhos de pequenos produtores argentinos no portfólio da TLTP, voltando para o início do ciclo? “Se tivermos uma Casa em Buenos Aires ou Mendoza, sim. Mas aqui vamos priorizar o Brasil, até porque, pela legislação, não é possível importar vinhos a granel de lá para cá.”





Fonte: Neofeed

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A natureza lírica e avassaladora de Hayao Miyazaki

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A natureza lírica e avassaladora de Hayao Miyazaki
Tempo de Leitura:4 Minuto, 22 Segundo


VENEZA – Documentário exibido no 81º Festival de Veneza ajuda a explicar a genialidade do ícone da animação japonesa Hayao Miyazaki e de seu Studio Ghibli, que há quatro décadas dá profundidade e sofisticação ao gênero.

O foco de Miyazaki, l’Esprit de la Nature (Miyazaki, o Espírito da Natureza) é sobre a preocupação do cineasta de 83 anos com o meio ambiente, refletida em obras-primas como Nausicaä do Vale do Vento (1984), Meu Amigo Totoro (1988), Princesa Mononoke (1997) e A Viagem de Chihiro  (2001), entre outras.

Seja com florestas povoadas por criaturas mágicas ou com uma natureza furiosa por causa dos abusos sofridos, Miyazaki construiu uma filmografia questionando a relação do homem com todas as coisas vivas.

Ao longo de sua trajetória, o diretor, acostumado a encantar a plateia com paisagens silvestres de tirar o fôlego, nunca conseguiu ignorar a capacidade destrutiva da humanidade — embora algumas vezes ele prefira apostar na regeneração da natureza, por ser algo sagrado.

“Para apreciar profundamente a obra de Miyazaki, um dos artistas vivos mais reverenciados no mundo, é preciso analisá-lo em um contexto ambiental”, contou ao NeoFeed o diretor do filme, o francês Léo Favier.

Ele desembarcou no Lido de Veneza, estância balneária onde é realizado o festival italiano, às margens do Mar Adriático, para a première mundial do título que foi selecionado para a mostra Venice Classics, dedicada à memória do cinema.

A natureza é, muitas vezes, impactada nas histórias de Miyazaki por essas refletirem uma sociedade obcecada por conquistas, guerras e consumismo.

“Por mais que o cineasta tenha mudado e evoluído ao longo das décadas, seus filmes foram sempre carregados de guerra e destruição, o que também espelha o que ele enfrentou ainda na infância, moldando a sua visão de mundo”, afirmou Favier.

O documentarista se refere ao fato de Miyazaki ter sobrevivido a bombardeios, quando tinha entre três e quatro anos, ocasiões em que a sua família foi forçada a trocar de cidade. E o pai de Miyazaki ainda foi diretor de fábrica que confeccionava lemes para aviões de combate durante a Segunda Guerra.

Isso explica sua fascinação por aviação e, ao mesmo tempo, a culpa que o diretor já admitiu sentir por sua família ter feito dinheiro com a guerra.

“Nada é preto no branco nos seus filmes de Miyazaki, que sempre abraçou as contradições. Ele deixa que as situações sejam bagunçadas e complicadas, exatamente como é a vida, sem se limitar pensando em uma faixa etária específica para cada história”, comentou Favier.

O fato de suas obras serem concebidas para entreter todas as idades (e não apenas crianças) é o que garantiu mais profundidade, levantando questões filosóficas, sociais e políticas.

Um dos filmes mais ecológicos de Miyazaki foi Princesa Mononoke, onde mais de 144 mil desenhos feitos à mão dão vida a todo um ecossistema, com árvores, plantas, animais e espíritos dividindo uma paisagem estonteante, à beira da extinção. Mas o tom de alarme, pelo conflito aparentemente irremediável entre a natureza e a industrialização, não o impediu de acrescentar lirismo à trama, já que a floresta tem alma própria.

Os filmes do cineasta japonês refletem a grandiosidade da natureza, como Meu Amigo Totoro, de 1988 (Studio Ghibli)

Miyazaki construiu uma filmografia questionando a relação do homem com todas as coisas vivas (Foto: ©M6 MediaBank / Métropole Télévision)

Graças ao sucesso de “Nausicaä do Vale do Vento”, de 1984, Miyazaki conseguiu fundar o Studio Ghibli (Reprodução themoviedb.org)

“A Viagem de Chihiro”, de 2001, é considerada uma das obras-primas da animação (Reprodução themoviedb.org)

Segundo o biólogo Shin-Ichi Fukuoka, entrevistado no documentário, Princesa Mononoke se baseia em duas grandes questões: o que é a vida e o que é ser um humano. “No final, Miyazaki nos faz entender que nós somos parte da natureza, não muito diferente dos outros organismos em termos de mecanismo celular e DNA”, comentou o especialista.

Foi graças ao sucesso de Nausicaä do Vale do Vento, ambientado em futuro distópico onde a humanidade está ameaçado por um ar tóxico e insetos gigantes, que Miyazaki conseguiu fundar o Studio Ghibli.

A cena de abertura, com a princesa Nausicaä pousando em floresta estranha, porém majestosa, dá uma ideia da reconciliação almejada pelo cineasta. E muito antes de a questão ambiental se tornar um tema recorrente na produção audiovisual.

“O que Miyazaki sugere aqui é a interação entre natureza e seres humanos. Em vez de o homem insistir em dominar a natureza, ele deveria se engajar com ela, de modo respeitoso. O que sentimos é uma inteligência amorosa e uma consciência de que todos estamos conectados no universo”, comentou a escritora Susan Napier, autora do livro Miyazakiworld: a Life in Art, também em depoimento no filme.

O documentário examina outros filmes que refletem a grandiosidade da natureza, pelas lentes de Miyazaki, como Meu Amigo Totoro. Aqui o que ajuda duas irmãs a enfrentarem uma fase difícil, com a mãe hospitalizada, são as aventuras que vivenciam com os espíritos da floresta, conhecido como “totoros”.

É com esses seres fantásticos, em especial com o líder deles, que a dupla aprende a encarar a dura realidade, mas sem se esquecer da beleza, da poesia e da magia da vida, em tudo o que nos cerca.





Fonte: Neofeed

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Os planos “íntimos” da Hope: 10,5 milhões de peças e R$ 500 milhões de receita

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sandra chayo hope
Tempo de Leitura:3 Minuto, 42 Segundo


A fábrica do Grupo Hope em Maranguape, localizada na região metropolitana de Fortaleza, vai passar por um “banho de loja”. A marca de moda íntima, praia e fitness prevê um investimento robusto em novas tecnologias de fabricação, que devem dar suporte aos planos ambiciosos da companhia.

O grupo liderado por Sandra Chayo, filha do fundador Nissim Hara, projeta produzir 10,5 milhões de peças em 2024, uma expansão de 50% sobre o ano passado. Esse crescimento vai estar calcado em produtos básicos e acessíveis, uma revisão da estratégia da companhia que contou com a ajuda da consultoria Bain & Company.

“Chegamos à conclusão de que, se conseguíssemos atingir as classes B2 e C [renda estimada entre R$ 2 mil e R$ 6 mil], que ainda não consumiam os nossos produtos, poderíamos aumentar de forma significativa o nosso público endereçável”, afirma Chayo, diretora do Grupo Hope, ao NeoFeed.

A Hope marca está investindo R$ 20 milhões para voltar as suas origens – afinal a empresa, criada em 1966, começou com esse tipo de produto. Nesse orçamento está tanto as peças de marketing, como o desenvolvimento da linha Light, que traz produtos a preço de entrada, partindo de R$ 29,90 (cerca de R$ 10 abaixo das demais coleções).

A coleção, que chegou às mais de 3 mil lojas que atuam com a marca no primeiro semestre, já é a terceira mais expressiva em número de peças vendidas, atrás da Touch e Nude, que partem de R$ 39,90 e R$ 79,90 e estão entre as mais vendidas há anos.

“Quando entrei na empresa, em 1999, o movimento era justamente o contrário, de transformar uma marca popular, que só era vendida em lojas multimarcas, em algo mais sofisticado. E deu certo. Agora, entendemos que precisamos descer esse degrau novamente”, afirma Chayo.

Em 25 anos como diretora da empresa familiar, Chayo foi a responsável por todos os movimentos da operação: desde a expansão via franquias até a criação das outras duas marcas que estão no portfólio: a Bonjour Lingerie e a Hope Resort, de moda praia e fitness.

O próximo passo é dobrar o número de lojas em cinco anos. Hoje, a Hope detém 280 franquias e 9 lojas próprias. Em 2023, o grupo faturou R$ 350 milhões apenas na rede franqueada.

Segundo a Hope, a companhia teve um crescimento de 35% no faturamento no primeiro semestre e projeta acelerar nesta segunda metade do ano, podendo atingir a casa dos 40% no ano contra ano – o que faria a companhia se aproximar dos R$ 500 milhões em receita. Na visão de Chayo, essa receita só deve ser atingida em 2025.

Na visão do sócio da consultoria Varese Retail, Alberto Serrentino, a iniciativa do Grupo Hope é acertada. “O momento da companhia é muito bom. Ao mesmo tempo que eles conseguem conversar com o público premium nas lojas monomarcas, o grupo também tem desempenhado um bom trabalho ao atingir a camada mais baixa de consumidores”, afirma.

Para ele, a recuperação de mercado pode beneficiar ainda mais a companhia nessa nova fase. “A renda está crescendo, o desemprego caindo e o mercado de trabalho se aquecendo, o que ajuda o setor de consumo de semiduráveis, como é o caso da Hope”, diz Serrentino.

Falando em concorrentes, Serrentino acredita que há espaço para todo mundo. Ele afirma que existem diversos players no mercado com posicionamento, perfil de produto e canais distintos, como é o caso de marcas como Valisere, Intimissimi e Loungerie.

O homem na mira

Lançada há dois anos, as peças voltadas ao público masculino da Hope, ainda não decolaram. Isso não impediu o grupo de investir ainda mais no segmento, incluindo peças voltadas para os homens tanto na linha Light, com cuecas, como na Hope Resort, com vestuário fitness, que será lançado em outubro.

“A linha masculina na Hope está crescendo e a cueca da Light está vendendo como água. O consumo por parte dos homens é muito diferente do das mulheres. Eles compram em quantidade, normalmente uma dúzia de cuecas por vez, o que é ótimo para nós”, diz Chayo.

Pensando no público unissex, a marca também está entrando na disputa pelo mercado de meias, que hoje conta com concorrentes como Lupo e gigantes esportivas como Nike e Adidas. Ainda em fase de testes em algumas lojas, a coleção completa o portfólio do grupo e busca atingir todos os públicos que agora consomem os produtos Hope.





Fonte: Neofeed

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