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Na Elfa, do Patria, a reestruturação começa a mostrar resultados (mas em doses homeopáticas)

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Tempo de Leitura:5 Minuto, 18 Segundo


O Grupo Elfa, que atua na distribuição de medicamentos e materiais hospitalares, é um exemplo de uma empresa que cresceu de forma acelerada com a aquisição de empresas. Apoiada pelo Patria Investimentos, que é seu controlador, a companhia comprou 22 companhias em diversas regiões do País, sendo que 13 delas em um espaço de apenas três anos

O resultado foi um elevado nível de endividamento, hoje na casa de quatro vezes o seu Ebitda, e margens apertadas. E, em meio uma das piores crise do setor de saúde dos últimos tempos, a companhia deu início a uma reestruturação que começa a apresentar resultados. Só que em “doses homeopáticas”. “Demora para as coisas se pagarem, terem efeito, mas começamos a colher os frutos”, diz José Roberto Ferraz, CEO da Elfa, em entrevista ao NeoFeed.

Essa reestruturação acontece apoiada por uma “injeção” de R$ 870 milhões de recursos que a Elfa recebeu do Patria no ano passado. Desde então, a companhia vem ajustando as operações e renegociando seus passivos. A “prescrição” dessa reestruturação envolve a venda de ativos que não são consideradas core, bem como uma negociação para o reperfilamento da dívida que tem vencimentos a partir de 2025.

Do lado operacional, a Elfa trabalha para reduzir despesas e fortalecer as sinergias do portfólio. Ao mesmo tempo, a empresa vem buscando ter maior exposição a categorias com melhor rentabilidade, como é o caso de produtos oncológicos e hematológicos e produtos cirúrgicos.

“Uma carreta de Omeprazol [medicamento para tratamento de úlcera e gastrite], por exemplo, vale a mesma coisa que um carro com produtos oncológicos”, afirma J.R., como o executivo é conhecido. “Para nós, que somos transportadores e armazenadores, ter menos transporte e armazenagem tende a ser mais lucrativo.”

A Elfa buscou também aumentar sua distribuição para as secretarias de saúde estaduais, com foco nos governos de São Paulo, Minas Gerais, Ceará e do Paraná, avaliando que as compras do setor público são mais estáveis. J.R. diz que a empresa tem cerca de 10% do market share no mercado de saúde privado do Brasil e cerca de 25% do público.

O resultado, junto com iniciativas como redução de estoques e de contas a receber, foi um primeiro semestre mais positivo, ainda que com números tímidos.

O Ebitda ajustado cresceu 5,2% no segundo trimestre, em comparação com o mesmo período do ano anterior, para R$ 101 milhões, com um aumento de 0,3 ponto percentual na margem ajustada, para 7%. No semestre, a alta do Ebitda ajustado foi de 4,4%, para R$ 162 milhões, enquanto a margem ajustada avançou 0,4 ponto percentual, a 5,6%.

O caixa gerado pelas atividades operacionais cresceu 73% no segundo trimestre, para R$ 131 milhões. Combinado com a redução de 43% do consumo de caixa visto nos primeiros três meses do ano, a Elfa fechou o semestre com um consumo de R$ 47 milhões, redução de 80%.

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José Roberto Ferraz, CEO da Elfa

Já a receita líquida ficou praticamente estável no segundo trimestre e no primeiro semestre, em R$ 1,4 bilhão e R$ 2,9 bilhões, respectivamente.

Passivos e desinvestimentos

O ajuste operacional vem como uma forma de contornar os problemas que o setor de saúde vinha enfrentando e que teve efeitos negativos sobre todo o mercado, inclusive a principal concorrente da Elfa, a Viveo, com geração de caixa também sendo palavra de ordem na companhia.

Depois de um período relativamente bom na pandemia, as operadoras e planos de saúde estão sofrendo com o aumento do índice de sinistralidade. Mas J.R. destaca que a situação do segmento de saúde já vinha se deteriorando, diante da falta de crescimento dos pagadores privados e da tendência da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) de incluir novos tratamentos no rol de procedimentos.

Apesar de sinais de melhora na parte de geração de caixa, a situação ainda é insuficiente para baixar de forma significativa o elevado nível de endividamento da Elfa. A companhia fechou o segundo trimestre com R$ 1,75 bilhão em dívidas, pouco abaixo dos R$ 1,8 bilhão do primeiro trimestre, sendo R$ 1,6 bilhão com bancos e debenturistas.

A situação, inclusive, motivou a agência de classificação de riscos Moody’s a rebaixar o rating da Elfa, em fevereiro deste ano, de “A-.br” para “BB+.br”, mantendo a perspectiva negativa. Na decisão, a Moody’s informou que decidiu pela mudança pela frustração de resultados e pela geração de caixa operacional fragilizada da companhia em 2023.

O endividamento tem pesado sobre os resultados financeiros da companhia, num momento em que os juros permanecem elevados, e sobre a última linha do balanço. O resultado financeiro permaneceu negativo, em R$ 98,3 milhões, mesmo que o valor represente uma melhora de 11,6% em relação ao segundo trimestre de 2023. O prejuízo líquido somou R$ 43,2 milhões, aumento de 15,8%.

Para lidar com essa situação, a J.R. informou que a Elfa está negociando os passivos para os vencimentos em 2025 e 2026, considerando que as dívidas bancárias não têm vencimentos relevantes neste ano, nem as debêntures. A intenção é reduzir a alavancagem financeira das 4 vezes apuradas em 2023 para 3,5 vezes até o fim deste ano.

“Essas dívidas começam a vencer em 2025, que foi a renegociação feita anteriormente”, diz o CEO. “Estamos olhando para essa renegociação de mudar os prazos, mais focado com os bancos do que com as debenturistas, em que não temos encontrado dificuldades.”

Em julho, a Elfa fechou um acordo com um de seus principais credores, o Banco do Brasil. A companhia alongou os pagamentos de montantes que estavam concentrados em 2025 (R$ 196 milhões) e 2026 (R$ 119 milhões) para o final de 2025 (R$ 30 milhões), 2026 (R$ 64 milhões), 2027 (R$ 93 milhões) e 2028 (R$ 128 milhões).

Para acelerar a queda da dívida, a Elfa está avaliando a venda de ativos considerados não core, dentro da estratégia de ter mais exposição a produtos com alta rentabilidade. Segundo J.R., a companhia está em conversas com potenciais interessados.

Sobre a possibilidade de um novo aporte por parte do Patria, ele diz que é algo que pode vir a ocorrer, caso seja necessário. “Acionista existe para isso, para fazer aporte e receber dividendo. Então, não está descartado, mas não temos nada no curto prazo”, afirma.





Fonte: Neofeed

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O dólar nas alturas e Lula em um mundo paralelo

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Tempo de Leitura:6 Minuto, 36 Segundo


O Banco Central vem intervindo fortemente no câmbio nos últimos dias. Desde o início de dezembro, o País já queimou perto de US$ 21 bilhões de suas reservas internacionais para evitar uma desvalorização (maior) do real sobre o dólar.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse na manhã de quinta-feira, 18, que a autoridade monetária “vai atuar quando necessário” para estabilizar a moeda. O País detém, hoje, cerca de US$ 360 bilhões em reservas.

O BC vem atuando no câmbio tanto para conter a tendência de alta do dólar como para manter a liquidez de um mercado vendedor – sem isso o dólar já poderia ter batido R$ 7. Mas por trás de toda essa movimentação está um governo federal inepto com o rumo desenfreado das contas públicas.

Um empresário com trânsito na Faria Lima e em Brasília disse ao NeoFeed que a situação é preocupante. “É perigoso entrar na espiral de queimar reserva para conter a alta do dólar todos os dias”, disse, reforçando que foram US$ 8 bilhões na quinta-feira, 18 de dezembro, nos leilões no mercado à vista, na maior intervenção diária já feita desde 1999.

Outro empresário de alta patente, espantado com a deterioração rápida do mercado, mesclou incredulidade e indignação ao analisar o momento atual. “O que está acontecendo com o Brasil!?”, disse. “O governo está brincando com fogo, as coisas começam devagar e vão tomando uma proporção que depois fica difícil de controlar.”

Mas o presidente, ao que parece, não está nem aí. Em entrevista ao programa Fantástico, da Rede Globo, o presidente Lula disse que “ninguém nesse país, do mercado, tem mais responsabilidade fiscal do que eu”.

“Entreguei esse país numa situação muito privilegiada. É isso que eu quero fazer outra vez. E não é o mercado que tem ficar preocupado com os gastos do governo. É o governo. Porque, se eu não controlar os gastos, se eu gastar mais do que eu tenho, quem vai pagar é o povo pobre”, disse ele, no domingo, 15 de dezembro.

“O governo deveria se preocupar porque essa saída de dólares é um sinal de perda de credibilidade no País. Lembrando que essas pessoas estão decidindo sair com o câmbio no nível mais barato de todos os tempos [o real está no nível mais barato ante o dólar]”, diz Tony Volpon, ex-diretor do Banco Central e professor-adjunto na Georgetown University, ao NeoFeed. “Tem gente que jogou a toalha, não está esperando para ver se haverá mais medidas de Lula.”

Um gestor com algumas dezenas de bilhões sob gestão se disse ainda mais preocupado porque o Congresso, que poderia atuar na questão, vai focar nas eleições para a Presidência da Câmara e do Senado. “Essa situação vai correr solta e o Lula parece que está vivendo em um mundo paralelo. Quem manda no governo é o Rui Costa e a Janja”, diz, referindo-se ao ministro da Casa Civil e à primeira-dama.

Fabio Giambiagi, economista do FGV Ibre, reforça a barreira imposta pela mudança das lideranças no Congresso: nos próximos 40 dias não há condições de ir além do que foi proposto até agora pelo governo federal.

“Imagino que no começo de fevereiro, já definidos os novos interlocutores no Senado e na Câmara, será feita uma avaliação da situação”, diz Giambiagi. “Se o dólar ficar em torno de R$ 6, provavelmente se tentará levar o ano sem novos ajustes, mas se o clima dos últimos dias persistir, creio que será inevitável pensar numa agenda mais ambiciosa pelo lado do gasto.”

A volatilidade do mercado vem da impressão de que o governo não fará mais nenhum esforço fiscal além do que foi apresentado até agora. Para desfazer essa impressão, seria preciso uma ação rápida e uma certa dose de coragem política, uma combinação que não deve vir do governo.

É difícil acreditar que essa situação pode ser sustentável no médio prazo. Desde o segundo trimestre deste ano, o mercado financeiro vem alertando sobre o perigo do aumento das contas públicas. Um gestor disse ao NeoFeed que a “impressão atual é que está beirando o descontrole”.

Essa impressão com o pouco caso do governo começou logo após o anúncio em cadeia nacional do pacote de corte de gastos feito pelo ministro Fernando Haddad, em 27 de novembro. Na ocasião, o mercado financeiro entendeu a mensagem do governo como uma propaganda político-eleitoreira em um “embrulho mal feito”. Na rede social X, o gestor Pedro Cerize, da Skopos, escreveu: “caro ministro, vai dar m…”

A mensagem não era uma ameaça da Faria Lima para começar com o que vem sendo chamado de “ataque especulativo” – como o ministro Haddad sugeriu em entrevista em Brasília. Era apenas a percepção de que o governo federal não tratou com a devida urgência o problema fiscal do País.

“Não concordo com o Haddad que estamos sofrendo um ataque especulativo, porque há fundamentos para mostrar esse desequilíbrio. O problema é que a incerteza é tão grande que os piores cenários estão na mesa”, diz Valter Bianchi Filho, CEO da gestora Fundamenta.

Gabriel Galípolo, que assume a presidência do Banco Central a partir de 1º de janeiro de 2025, vai na mesma direção: “Ataque especulativo como algo coordenado não representa bem [o que está acontecendo]”, disse ele na manhã de quinta-feira, 18.

As medidas anunciadas estavam na direção correta, mas foram implodidas pelo próprio governo. Ao NeoFeed, Luis Stuhlberger, da gestora Verde Asset, um dos maiores nomes da indústria de investimentos do Brasil, disse que o pacote pareceu uma “gorjeta” diante do tamanho dos gastos do governo que vêm subindo ano a ano.

“O que apareceu foi ‘vamos subir a isenção de imposto para R$ 5 mil’. Foi um discurso extremamente populista. Não foi discurso de quem está pregando austeridade”, disse ele nesta entrevista.

O pacote, embalado pela isenção do IR, não foi suficientes para garantir a estabilidade fiscal. Nas semanas seguintes, inúmeras trocas com o Congresso para aprovação mostram que não devem ser feitas mais medidas, além das apresentadas, de ajuste fiscal até 2027.

“Não há nenhuma bala de prata que possa ser usada, o que falta é uma medida fiscal mais tempestiva por parte do governo. É clara a ausência de vontade política do governo de conter os gastos”, diz Rafaela Vitória, economista-chefe do Inter.

“O pacote foi na direção correta, mas frustrou as expectativas, as medidas foram tímidas no conjunto. O Congresso está desidratando as medidas e, neste cenário, não vejo o governo com intenção de adotar uma atuação energética.”

No cálculo dos economistas, o câmbio médio do atual governo, entre R$ 5,50 e R$ 6, já reflete uma inflação de 5% e uma taxa Selic na faixa de 14% – está em 12,25% neste momento com guidance do BC de duas altas de um ponto percentual nas próximas duas reuniões.

O dólar, que fechou a quarta-feira, 18 de dezembro, negociado a R$ 6,29, chegou a tocar em R$ 6,30 no ínicio da negociação de quinta-feira. E fechou o dia em R$ 6,12, queda de 2,27%.

“Para reverter essa tendência, para chegar num ponto de estabilidade ou até mesmo o dólar voltar a cair, a gente vai precisar de novas medidas de corte de gastos. E isso para logo”, afirma Alexandre Viotto, chefe da mesa de câmbio da EQI Investimentos.

“Se isso não acontecer, é provável que o dólar siga descolando e não tem, pelo menos no momento, nenhum teto”, complementa.

Nos últimos 12 meses, o real se desvalorizou 26% sobre o dólar. O mercado projetava, no início de 2024, um câmbio entre R$ 4,90 e R$ 5,10 para o ano. O primeiro boletim Focus trazia uma divisa a R$ 5. Mas está tudo bem, é claro, porque ninguém, na história deste País, tem mais responsabilidade fiscal do que o presidente Lula. Concorda?

(Colaboraram Ivan Ryngelblum, José Eduardo Barella e Patricia Valle)





Fonte: Neofeed

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Natal e Ano Novo podem dar uma mãozinha ao governo na batalha do câmbio?

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Tempo de Leitura:4 Minuto, 58 Segundo


Selic a 15%, inflação a 5%, dólar acima de R$ 6, juro real a 9,5%, PIB em queda e crédito firme, mas com bancos na retranca em novas concessões e de olho na inadimplência compõem o cenário econômico do Brasil até onde a vista alcança. E o Ano Novo não dá pinta de ser tão novo assim.

Nem a desova de US$ 20 bilhões pelo Banco Central em dezembro, até a quinta-feira, 19, nem o avanço nas votações do pacote fiscal no Congresso, a regulamentação da Reforma Tributária sobre o consumo e o encaminhamento do Orçamento de 2025 neutralizaram o mau humor do mercado.

A desidratação do pacote pelos parlamentares aprofundou a desconfiança nos rumos da política fiscal e não há sinal de alívio consistente à frente porque o mercado quer mais medidas. E para já.

A visão de que o governo só vai driblar o risco fiscal se cortar gastos, que gastar menos não conta e que o momento exige melhor articulação no Congresso mantém o dólar pressionado. E o dólar arrasta os juros.

A persistir o movimento – por demanda para hedge e remessas ao exterior ou especulação – o câmbio não tardará a elevar o risco Brasil, afastando, de vez, o investidor estrangeiro do País. O financeiro e o focado na economia real.

A aprovação da Reforma Tributária sobre o consumo, que levará o Brasil à liderança global em cobrança do IVA com alíquota de 28%, em vez de ser comemorada agrava expectativas com a reforma sobre a renda. E a percepção de analistas é de que ela reservará surpresas para além da taxação de quem ganha R$ 50 mil para compensar a isenção de quem ganha até R$ 5 mil.

E prevalece o entendimento de que a tensão fiscal não será atenuada tão cedo e tampouco haverá reancoragem de expectativas de inflação. Há possibilidade de arrefecimento de preços com dólar em alta de quase 28% no ano?

Embora pontual, mas com chance de aprofundar a instabilidade dos mercados, a valorização do dólar poderá aumentar nos próximos dias com os feriados de Natal e Ano Novo que levam à redução da liquidez das operações pelo fechamento da B3 nos dias 24, 25, 31 de dezembro e 1º de janeiro.

A queda no volume de negócios poderá provocar e/ou ampliar a distorção de preços dos ativos – especialmente câmbio e juros – negociados em instrumentos derivativos na bolsa. Mas não pode ser descartada uma trégua no debate sobre a escalada desses indicadores pelo esvaziamento previsto (e sazonal) das mesas de operações, sobretudo, de tesourarias bancárias.

Ainda que mais brando após o BC bombardear o mercado com US$ 8 bilhões na quinta, 19, o câmbio produzirá estrago na inflação e sob o risco de abater a popularidade de Lula, praticamente estável em dezembro ante outubro, segundo as pesquisas Quaest e Datafolha divulgadas, respectivamente, em 11 e 18 de dezembro. Porém, a sondagem da Quaest disparou alertas relevantes.

Entre eles, a percepção dos entrevistados – 8.598 em todo o País – de forte elevação nos preços de alimentos, contas de água e luz e combustíveis. Melhora do mercado de trabalho, mas menor poder aquisitivo.

Para 43% dos pesquisados hoje está mais fácil conseguir um emprego. Entretanto, para 68%, o poder de compra é menor que um ano atrás. E, tão relevante quanto inesperado, “economia” e “violência” encabeçam o ranking de maiores problemas do Brasil, segundo a sondagem da Quaest.

Freio de arrumação sem recessão

Apesar da turbulência no mercado e de indicadores apontarem para um 2025 menos favorável, é arriscado apostar em cenário péssimo. Um “socorro” poderá vir do campo. Grandes bancos preveem fortalecimento importante do agronegócio, gerando renda e suporte ao PIB já no primeiro trimestre.

“A economia passará por um freio de arrumação devido à política monetária altamente restritiva, mas sem recessão”, avalia Nicola Tingas, economista-chefe da Associação Nacional de Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi).

Em entrevista ao NeoFeed, Tingas observa que a desaceleração da atividade já está dada com inflação e câmbio em forte alta. Um binômio que levará a remarcações de preços e à abertura de um ano difícil, sem contar as repercussões das medidas fiscais e do próprio Orçamento do governo. Entretanto, sem recessão à frente. “Para 2025, estima-se PIB em alta de 1,8% a 2,2%. Expansão menor que 2024, mas não há sinal de retração”, reforça.

Para o economista, o País atravessa uma crise com origem sobretudo fiscal e política, com o governo entregando incerteza ao demonstrar dificuldade em sinalizar claramente sua política fiscal.

E o câmbio, diz, reflete essa deficiência local, além da incerteza decorrente da vitória de Trump à Casa Branca e quanto à política econômica futura dos EUA que coloca em xeque a política de juros executada pelo Federal Reserve. Na quarta-feira, 18, o Fed reduziu sua taxa em 0,25 ponto – para 4,25% a 4,50% – e sinalizou um freio para 2025 que sacudiu ativos no mundo inteiro.

Essas condições apontam para um ambiente mais hostil, observa Tingas, que considera provável que uma parte do sistema financeiro se afaste de um ano muito bom que foi 2024, para um 2025 pautado pela desalavancagem.

“Empresas e famílias vão tentar tomar menos crédito ao mesmo tempo em que as instituições financeiras vão tentar montar carteiras com mais qualidade e, portanto, tomar menos risco. Mas o crédito deverá ter crescimento ainda expressivo no próximo ano”, afirma Tingas.

Ele destaca que em períodos de desaceleração econômica e fluxo de caixa mais apertado muitas empresas refinanciam suas dívidas, mantendo as operações bancárias.

Quanto à demanda das famílias por crédito, o economista é positivo. Avalia que o mercado de trabalho não enfraquece de um dia para o outro e que o governo poderá dar fôlego às operações por meio de bancos públicos. A expansão geral das carteiras poderá recuar de cerca de 11% esse ano para 8% em 2025. “É uma queda, mas a taxa ainda forte”, garante.





Fonte: Neofeed

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Herdeiro do grupo Votorantim vira sócio da holding esportiva OutField

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Herdeiro do grupo Votorantim vira sócio da holding esportiva OutField
Tempo de Leitura:3 Minuto, 50 Segundo


Lucas Moraes, membro da quinta geração da família fundadora do Grupo Votorantim e um dos principais pilotos da nova geração de Rally brasileira, está virando sócio da holding esportiva OutField, que foi fundada por Pedro Oliveira e Lucas de Paula.

Ele está comprando uma fatia minoritária não revelada da empresa, que também tem como sócia a gestora Spectra, e atende empresas como a New Balance, Unilever, Banco BMG, Flamengo, São Paulo FC, Red Bull Bragantino, NBA e Ironman Brasil.

Além disso, a OutField tem investimentos em mais de 10 empresas destes setores, dois clubes de futebol (SAFs) e faz a gestão de fundos de investimento com mais de R$ 500 milhões sob gestão.

“Sempre tive um desejo de tentar conectar as minhas duas paixões, que são tecnologia e esporte”, afirma Moraes, ao NeoFeed. “E, por um amigo em comum, conheci a OutField, que me impressionou com a capacidade de conectar finanças, tecnologia e esporte, de uma forma que eu nunca tinha visto. Isso foi o que me motivou a investir na holding”.

Moraes, que é filho de Marcos Ermírio de Moraes, já foi campeão do Rally dos Sertões e ficou na terceira posição do Dakar 2024, feito inédito para um brasileiro no campeonato comparável à Fórmula 1 na categoria de rallys. Para 2025, o atleta já renovou seu contrato com a equipe Toyota Gazoo Racing, com a qual espera ganhar o primeiro título do Dakar.

Na faceta de empreendedor, Moraes foi um dos fundadores da startup de inteligência artificial para planejamento de gastos, a Olivia. Criada em 2016 nos Estados Unidos, ao lado do cofundador Cristiano Oliveira, a startup chegou ao Brasil em 2019. Em dois anos, a companhia avaliada em mais de R$ 200 milhões, foi vendida para o Nubank.

Com nove anos de experiência no mercado, a OutField Holding é formada por uma gestora de fundos com foco no esporte, aliada a uma boutique de consultoria estratégica e M&A e uma agência de comunicação.

“Muito do nosso desafio do lado da gestora é atrair capital do mercado tradicional, mostrando que o segmento de esportes está evoluindo, amadurecendo e se tornando um ativo cada vez mais seguro para os investidores”, afirma Pedro Oliveira, fundador da OutField.

A negociação mais recente da companhia foi a estruturação do fundo de reorganização financeira do São Paulo Futebol Clube, realizado em parceria com a Galapagos Capital.

De acordo com Oliveira, a gestora sempre teve a pretensão de trazer atletas para o time, seguindo os moldes do que acontecesse fora do país com nomes como Tom Brady e Lebron James, para eles pudessem reinvestir no setor.

“O Lucas chega exatamente para isso e demonstra que ele, como atleta de alto nível, entende a importância de participar como investidor desse mercado, o que vai além do dinheiro”, diz o sócio da OutField.

Em relação a estrutura da empresa, Oliveira afirma que a OutField não tem um board estruturado, mas que Moraes participará das decisões tomadas daqui para frente. Moraes, por sua vez, se define como um “investidor curioso”, que está disposto a aprender mais sobre o mercado.

“O meu desejo com o investimento é ajudar o ecossistema que eu já participei como empreendedor, fazendo com que ele tenha força para se manter e crescer nos próximos anos, dentro de um segmento tão importante quanto o de esportes”, diz Moraes.

Com a sua chegada, a OutField espera expandir seus negócios para outros esportes, indo além do futebol, que tem sido o core business nos últimos anos, com 60% dos projetos voltados para o esporte. Com Moraes, a empresa mira modalidades de nicho como automobilismo, tênis e triathlon.

Para tirar esse projeto do papel, a companhia conta com dois fundos, o OTF Capital e o OTF Capital 2, voltados para suportar empresas do segmento de esportes. Os fundos já investem em 10 startups do setor.

No início de 2024, a Spectra, gestora com mais de R$ 7 bilhões em ativos, deu suporte para o lançamento do OTF Capital 2, com o investimento de R$ 50 milhões. Para 2025, OutField está anunciando uma nova captação de R$ 25 milhões em capital para o mesmo fundo, podendo chegar a até R$ 50 milhões ao fim do ano.

“Com essa nova captação, queremos aumentar o número de investidas do OutField Capital 2, passando de quatro empresas para dez até o fim do ano”, afirma Oliveira. “Nós já temos diversas empresas bacanas no pipeline que giram em torno de tecnologias para a indústria e também de eventos e ligas do setor de esportes, então agora só falta tomar as decisões”.





Fonte: Neofeed

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