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Nobel de Química “separa o joio do trigo” na eterna busca da humanidade pela juventude

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Nobel de Química “separa o joio do trigo” na eterna busca da humanidade pela juventude
Tempo de Leitura:6 Minuto, 32 Segundo


Nós somos a única espécie ciente da própria finitude. A descoberta de que um dia morreremos, nós e nossas pessoas queridas, acontece ainda na infância. E a ideia é tão aterradora que a maioria não lembra do momento em que se tornou consciente do fim.

Mas o medo está lá e nos acompanha ao longo da vida. Alguns com mais veemência do que outros, buscamos uma forma de prolongar o prazo de validade de nossa existência.

E até que avançamos bastante. A longevidade é uma das grandes conquistas da humanidade. No começo do século 19, quem vivesse 35 anos teria vivido muito. Em um século e meio, a expectativa de vida dobrou e bateu a casa dos 62 anos. Hoje, a média mundial é de 73 anos – no Brasil, está em torno dos 76 anos.

Isso tudo graças à revolução da ciência do envelhecimento. Atualmente é possível destrinchar os processos pelos quais nossas células vão, ao longo do tempo, perdendo o vigor até o momento em que param de funcionar em sintonia, como um todo, e nós morremos — e não há nada que possamos fazer a respeito. Apesar dos progressos.

Mas será que um dia poderemos enganar o envelhecimento, as doenças e a morte? Mesmo que possamos, deveríamos? Quais são os custos sociais e éticos de tentar viver muito além dos padrões atuais?

Esse é o fio condutor do livro mais recente do biólogo molecular Venki Ramakrishnan, Why we die: The new science of aging and the quest for immortality (em tradução livre, Por que morremos: A nova ciência do envelhecimento e a busca pela imortalidade, ainda não lançado no Brasil).

Nascido em Chidambaram, na Índia, filho de pais cientistas, o autor anglo-americano, de 72 anos, ganhou, em 2009, o prêmio Nobel de Química. Junto com Thomas Steitz e Ada Yonath, ele desvendou a estrutura e a função dos ribossomos, as organelas celulares responsáveis pela produção de proteínas ¬— espécie de tijolos moleculares imprescindíveis à manutenção da vida, em todos os organismos: das bactérias aos seres humanos.

Ao longo das 320 página de Why we die, Ramakrishnan nos conduz a “uma jornada incrível”, como define o oncologista e escritor Siddhartha Mukherje, autor de O imperador de todos os males, de 2010, vencedor do prêmio Pulitzer, e mais recentemente de A canção de todas as células.

A nova obra é sobre a biologia molecular do envelhecimento e, como frisa frequentemente Ramakrishnan, um esforço para que o leitor conheça a base das investigações sobre o tema, de modo que, assim, ele possa distinguir o que é fato e o que é exagero.

“Os seres humanos são naturalmente ansiosos em relação à velhice e à morte, e essa ansiedade pode ser explorada economicamente”, diz o autor, em entrevista ao NeoFeed.

A cruzada anti-idade

Em uma sociedade pautada pelo culto à juventude, somos, a todo momento, bombardeados pela promessa de que, sim, é possível conter o envelhecimento.

Nos últimos dez anos, foram publicados, no mínimo, 3 mil artigos científicos sobre o assunto e cerca de 700 startups receberam montanhas de investimentos para encontrar “a chave contra a morte”.

Por “exagero”, o biólogo define as distorções da cruzada anti-idade, liderada em grande parte pelos bilionários da tecnologia — como o autor costuma brincar, a maioria composta por “homens de meia-idade, muitos deles casados com mulheres mais jovens, que podem comprar tudo, menos a juventude”.

O livro é descrito como uma “jornada incrível” pelo oncologista e autor premiado Siddhartha Mukherje (Crédito: Divulgação/Hodder Press)

Dos bilionários do Vale do Silício, Bill Gates é o mais sensato, na opinião do biólogo (Crédito: Reprodução/gatesnotes.com)

O número de centenários aumenta, mas o de pessoas com mais de 110 anos se mantém estável

O médico americano Tom Perls é o fundador do New England Centenarian Study, o maior e mais antigo estudo sobre centenários (Crédito: Reprodução/bu.edu)

“Eu sou basicamente contra a morte e prefiro combatê-la”, diz Peter Thiel

De fato, os empresários do Vale do Silício são obcecados pela imortalidade. Aos 56 anos, Peter Thiel, cofundador do PayPal e da Palantir Technologies, por exemplo, não entende como alguém pode não querer viver para sempre. “Eu sou basicamente contra a morte e prefiro combatê-la”, diz, com frequência.

A ele se juntam Jeff Bezos, Sam Altman, Larry Ellison, Larry Page… Para o autor de Why we die, Bill Gates parece o mais sensato.

O cofundador da Microsoft busca melhorar a longevidade global investindo no combate à malária, ao vírus da Aids, ao câncer e à diarreia, entre outros males.

A velhice não é doença, postulou recentemente a Organização Mundial da Saúde (OMS). O câncer, a demência, a artrose e os distúrbios cardiovasculares são moléstias relacionadas ao envelhecimento.

Obviamente, o tempo impõe desgastes ao organismo, mas é possível ser velho e levar uma vida relativamente saudável e independente. Mas, aos narcisistas egocêntricos… ops, aos obcecados pela vida eterna, o biólogo não traz boas novas.

“Talvez seja possível estender um pouco nossa expectativa de vida média por meio de avanços na compreensão do envelhecimento”, explica Ramakrishnan. “Entretanto, prolongá-la além do nosso limite natural atual de cerca de 120 anos será extremamente difícil e não está claro se conseguiremos fazer isso em um futuro próximo.”

Ele cita o projeto New England Centenarian Study, o maior e mais antigo estudo do mundo sobre centenários. Lançado em 1994, em Boston, nos Estados Unidos, e liderado pelo médico Tom Perls, a pesquisa avalia o impacto da genética e dos fatores ambientais na expectativa de vida dos indivíduos.

Em 1950, globalmente, os centenários somavam 24 mil. Hoje, eles são cerca de 270 mil. E, até o fim do século 21, chegarão a 21 milhões, nas contas dos analistas da Organização das Nações Unidas (ONU).

O número de pessoas que ultrapassam os 110 anos, porém, se mantém estável. “Portanto, parece que existe um limite natural”, reforça o autor de Why we die.

O risco da estagnação das ideias

Mantida a tendência de queda nas taxas de natalidade, se todos nós vivêssemos muito tempo, as consequências seriam imprevisíveis — mesmo nos países mais ricos. “O que queremos como indivíduos não é necessariamente bom para a sociedade ou para o planeta”, defende Ramakrishnan.

A crise climática poderia se agravar, não haveria rotatividade entre as gerações e, do ponto de vista das ideias, as sociedades correriam o risco de estagnar. Sem falar nos custos previdenciários, que aumentariam sobremaneira, aprofundando as desigualdades.

“Se desenvolvêssemos tratamentos sofisticados contra o envelhecimento, os ricos sempre seriam os primeiros a se beneficiar, como já acontece hoje em dia”, afirma o biólogo. “Nesse ponto, pode-se até dizer que ter dinheiro é uma das melhores maneiras de se viver mais.”

Em nações como Reino Unidos e Estados Unidos, os mais abastados vivem de 10 a 20 anos a mais do que os mais pobres.

“Os ricos são os primeiros a se beneficiar da maioria dos avanços médicos”, lembra ele. “As estatinas [classe de remédios contra o colesterol alto, do fim dos anos 1980], por exemplo, eram caras quando foram lançadas, mas hoje são amplamente utilizadas e muito baratas. E você pode pensar nelas como um medicamento antienvelhecimento que previne doenças cardíacas e prolonga nossas vidas.”

Afinal, por que morremos? Ramakrishnan resume: “A evolução não se preocupa conosco como indivíduos, mas seleciona os mais aptos a passar seus genes adiante. Desde que você seja capaz de crescer, procriar e garantir que sua prole atinja a idade reprodutiva, a evolução não se importa com o que acontecerá com você.”

Enquanto isso, a melhor receita para aproveitar a vida ao máximo continua a ser o bom senso. Ter uma alimentação saudável, praticar exercícios físicos regulares, dormir bem, não abusar do álcool, jamais fumar, conviver com os amigos e a família, ter um propósito e estar em paz consigo mesmo.

Palavra de um Prêmio Nobel.





Fonte: Neofeed

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No projeto Tão Longe, Tão Perto, o “milagre da expansão” acontece no vinho que sai da torneira

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No projeto Tão Longe, Tão Perto, o
Tempo de Leitura:5 Minuto, 9 Segundo


Fundador, em 2014, do primeiro wine truck do Brasil, o Los Mendozitos, voltado à venda em taça de vinhos de baixa intervenção importados da Argentina, o engenheiro industrial com especialização em sustentabilidade, Ariel Kogan, se rendeu aos vinhos nacionais. “A alta do dólar me obrigou a olhar com mais atenção para o mercado nacional e acompanhar a evolução da qualidade na última década”, conta ao NeoFeed.

Sem perder o foco nos pequenos produtores éticos e no desafio de tornar o consumo da bebida mais descontraído, Kogan vem investindo desde 2021 no projeto Tão Longe, Tão Perto (TLTP), ao lado da sommelière Gabriela Monteleone. Voltada à comercialização de vinhos leves, descomplicados e de fácil entendimento em growlers (garrafas reutilizáveis de 1 a 2 litros) e kegs (barris de 20 litros), engatados a torneiras como as de chopp, a plataforma tem visto sua frente de negócio mais recente, a Casa Tão Longe, Tão Perto, ganhar asas.

Inaugurado em meados de 2023, no bairro paulistano da Barra Funda, o espaço com 12 torneiras, poucas mesas e uma pequena seleção de comidinhas de fácil serviço (principalmente queijos e embutidos), foi pensado para ser uma espécie de showroom da marca. O objetivo era atrair para lá clientes potenciais de restaurantes e hotéis interessados na compra a granel dos vinhos brasileiros de pequenos produtores artesanais selecionados por Gabriela. Além de promover o sistema de torneiras (taps), que permite otimizar a venda em taça.

Para se ter uma ideia das vantagens, enquanto uma garrafa mantém as propriedades sensoriais de um vinho, no máximo, por três a quatro dias depois de aberta, um barril engatado em torneira consegue preservar a qualidade da bebida por até um mês. Além disso, o CMV (custo da mercadoria vendida) por taça pode cair em pelo menos 50%, segundo Kogan, devido ao menor custo da embalagem e transporte.

Assim, não demorou para a Casa chamar a atenção do público final pela oferta de brancos, rosés, tintos e laranjas a preços atrativos. Além de investidores, que viram no modelo inovador, simplificado e de baixo custo do bar uma oportunidade de negócio, puxando organicamente a expansão para outras praças.

Como resultado, em apenas um ano, mais duas unidades foram abertas: uma na cidade do Porto, em Portugal, e outra no Rio de Janeiro, cujo faturamento inicial está superando em 50% o da unidade paulista antes mesmo de fechar o mês.

Não por acaso, uma terceira unidade já está prevista para breve, em Lisboa. “Estamos procurando ponto”, diz Kogan.

Com tíquete médio de R$ 90, as Casas TLTP representam hoje 25% do faturamento da marca, mas a expectativa é que a fatia ultrapasse os 50% nos próximos anos com a ampliação do número de pontos.

“Ainda estamos analisando os dados e os vetores de crescimento com cuidado, mas há um grande potencial de expansão nos pontos de venda, que exigem menor investimento de capital do que a operação de distribuição de vinhos”, avalia o empresário, que não descarta a possibilidade de adotar o modelo de franquias a longo prazo.

Por enquanto, a expansão ocorre com parceiros locais, como, no Rio de Janeiro, com os empresários Nelson Soares e Juan Manoel Prada, do restaurante Sult, e Ricardo Rebello, do gastrobar Sebastian. O investimento em cada loja gira em torno de R$ 400 mil a R$ 500 mil.

A visibilidade trazida pelas Casas deve ainda ajudar a impulsionar as demais operações da plataforma, que atualmente conta com 20 clientes com torneiras instaladas em todo o Brasil. Entre eles estão os restaurantes Shuk, Futuro Refeitório, Cuia, Bráz Trattoria e Le Bulô, em São Paulo; Manga, em Salvador, e Casa Vivá, em Porto Alegre.

Segundo Kogan, a Tão Longe, Tão Perto se guia pela A conexão com o produtor, o diferencial do produto e a sustentabilidade (Foto: Divulgação/Tão Longe,, Tão Perto)

Além de barris, os vinhos são comercializados em growlers, garrafas reutilizáveis de 1 a 2 litros (Divulgação/Tão Longe, Tão Perto)

Hoje, a instalação de torneiras responde por 25% do faturamento da plataforma e a distribuição dos vinhos representa 50% (Divulgação/Tão Longe, Tão Perto)

O projeto Tão Longe, Tão Perto foi lançado em 2020, pela a sommelière Gabriela Monteleone (Reprodução Instagram @gabrielamonteleone)

Atualmente, a instalação de torneiras responde por 25% do faturamento da plataforma e a distribuição dos vinhos curados por Gabriela e envasados em diferentes recipientes representa 50%. “Essa é uma operação que deve crescer junto com as Casas”, acredita Kogan.

Uma nova frente de negócios ainda começa a ser desenhada, retomando a experiência do wine truck, para levar os vinhos da marca a eventos, em carrinhos móveis com torneiras.

Um efeito colateral da expansão, entretanto, já afetou a fidelidade ao produto brasileiro. Com a ida para a Europa, decidiu-se que a oferta de vinhos seguirá priorizando vinhos leves e de fácil entendimento feitos por pequenos produtores voltados à vinicultura de baixa intervenção, mas os rótulos serão selecionados localmente em prol da sustentabilidade. “Este sempre foi nosso principal drive”, enfatiza Kogan, que é um dos idealizadores do Programa Cidades Sustentáveis, da Rede Nossa São Paulo.

“Não estamos fechados a levar uma bebida de um país para o outro, mas terá de ser algo muito diferente, que faça sentido pelo diferencial”, diz Kogan, citando um fermentado de açaí feito no Acre que o surpreendeu recentemente.

Assim, uma nova curadoria começa a tomar corpo em Portugal, onde o número de vinhos naturais selecionados em regiões como Dão e Douro já supera o de torneiras instaladas na Casa TLTP do Porto.

“Já poderíamos colocar mais quatro torneiras, totalizando dez”, conta ele, que não descarta abraçar também a distribuição a granel de seus achados. “Não somos um movimento de exclusão de nada. Nem de garrafas, nem de importados. A conexão com o produtor, o diferencial do produto e a sustentabilidade é que vão nos guiar.”

Então, já que existe a brecha, há chance de vermos vinhos de pequenos produtores argentinos no portfólio da TLTP, voltando para o início do ciclo? “Se tivermos uma Casa em Buenos Aires ou Mendoza, sim. Mas aqui vamos priorizar o Brasil, até porque, pela legislação, não é possível importar vinhos a granel de lá para cá.”





Fonte: Neofeed

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A natureza lírica e avassaladora de Hayao Miyazaki

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A natureza lírica e avassaladora de Hayao Miyazaki
Tempo de Leitura:4 Minuto, 22 Segundo


VENEZA – Documentário exibido no 81º Festival de Veneza ajuda a explicar a genialidade do ícone da animação japonesa Hayao Miyazaki e de seu Studio Ghibli, que há quatro décadas dá profundidade e sofisticação ao gênero.

O foco de Miyazaki, l’Esprit de la Nature (Miyazaki, o Espírito da Natureza) é sobre a preocupação do cineasta de 83 anos com o meio ambiente, refletida em obras-primas como Nausicaä do Vale do Vento (1984), Meu Amigo Totoro (1988), Princesa Mononoke (1997) e A Viagem de Chihiro  (2001), entre outras.

Seja com florestas povoadas por criaturas mágicas ou com uma natureza furiosa por causa dos abusos sofridos, Miyazaki construiu uma filmografia questionando a relação do homem com todas as coisas vivas.

Ao longo de sua trajetória, o diretor, acostumado a encantar a plateia com paisagens silvestres de tirar o fôlego, nunca conseguiu ignorar a capacidade destrutiva da humanidade — embora algumas vezes ele prefira apostar na regeneração da natureza, por ser algo sagrado.

“Para apreciar profundamente a obra de Miyazaki, um dos artistas vivos mais reverenciados no mundo, é preciso analisá-lo em um contexto ambiental”, contou ao NeoFeed o diretor do filme, o francês Léo Favier.

Ele desembarcou no Lido de Veneza, estância balneária onde é realizado o festival italiano, às margens do Mar Adriático, para a première mundial do título que foi selecionado para a mostra Venice Classics, dedicada à memória do cinema.

A natureza é, muitas vezes, impactada nas histórias de Miyazaki por essas refletirem uma sociedade obcecada por conquistas, guerras e consumismo.

“Por mais que o cineasta tenha mudado e evoluído ao longo das décadas, seus filmes foram sempre carregados de guerra e destruição, o que também espelha o que ele enfrentou ainda na infância, moldando a sua visão de mundo”, afirmou Favier.

O documentarista se refere ao fato de Miyazaki ter sobrevivido a bombardeios, quando tinha entre três e quatro anos, ocasiões em que a sua família foi forçada a trocar de cidade. E o pai de Miyazaki ainda foi diretor de fábrica que confeccionava lemes para aviões de combate durante a Segunda Guerra.

Isso explica sua fascinação por aviação e, ao mesmo tempo, a culpa que o diretor já admitiu sentir por sua família ter feito dinheiro com a guerra.

“Nada é preto no branco nos seus filmes de Miyazaki, que sempre abraçou as contradições. Ele deixa que as situações sejam bagunçadas e complicadas, exatamente como é a vida, sem se limitar pensando em uma faixa etária específica para cada história”, comentou Favier.

O fato de suas obras serem concebidas para entreter todas as idades (e não apenas crianças) é o que garantiu mais profundidade, levantando questões filosóficas, sociais e políticas.

Um dos filmes mais ecológicos de Miyazaki foi Princesa Mononoke, onde mais de 144 mil desenhos feitos à mão dão vida a todo um ecossistema, com árvores, plantas, animais e espíritos dividindo uma paisagem estonteante, à beira da extinção. Mas o tom de alarme, pelo conflito aparentemente irremediável entre a natureza e a industrialização, não o impediu de acrescentar lirismo à trama, já que a floresta tem alma própria.

Os filmes do cineasta japonês refletem a grandiosidade da natureza, como Meu Amigo Totoro, de 1988 (Studio Ghibli)

Miyazaki construiu uma filmografia questionando a relação do homem com todas as coisas vivas (Foto: ©M6 MediaBank / Métropole Télévision)

Graças ao sucesso de “Nausicaä do Vale do Vento”, de 1984, Miyazaki conseguiu fundar o Studio Ghibli (Reprodução themoviedb.org)

“A Viagem de Chihiro”, de 2001, é considerada uma das obras-primas da animação (Reprodução themoviedb.org)

Segundo o biólogo Shin-Ichi Fukuoka, entrevistado no documentário, Princesa Mononoke se baseia em duas grandes questões: o que é a vida e o que é ser um humano. “No final, Miyazaki nos faz entender que nós somos parte da natureza, não muito diferente dos outros organismos em termos de mecanismo celular e DNA”, comentou o especialista.

Foi graças ao sucesso de Nausicaä do Vale do Vento, ambientado em futuro distópico onde a humanidade está ameaçado por um ar tóxico e insetos gigantes, que Miyazaki conseguiu fundar o Studio Ghibli.

A cena de abertura, com a princesa Nausicaä pousando em floresta estranha, porém majestosa, dá uma ideia da reconciliação almejada pelo cineasta. E muito antes de a questão ambiental se tornar um tema recorrente na produção audiovisual.

“O que Miyazaki sugere aqui é a interação entre natureza e seres humanos. Em vez de o homem insistir em dominar a natureza, ele deveria se engajar com ela, de modo respeitoso. O que sentimos é uma inteligência amorosa e uma consciência de que todos estamos conectados no universo”, comentou a escritora Susan Napier, autora do livro Miyazakiworld: a Life in Art, também em depoimento no filme.

O documentário examina outros filmes que refletem a grandiosidade da natureza, pelas lentes de Miyazaki, como Meu Amigo Totoro. Aqui o que ajuda duas irmãs a enfrentarem uma fase difícil, com a mãe hospitalizada, são as aventuras que vivenciam com os espíritos da floresta, conhecido como “totoros”.

É com esses seres fantásticos, em especial com o líder deles, que a dupla aprende a encarar a dura realidade, mas sem se esquecer da beleza, da poesia e da magia da vida, em tudo o que nos cerca.





Fonte: Neofeed

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Os planos “íntimos” da Hope: 10,5 milhões de peças e R$ 500 milhões de receita

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sandra chayo hope
Tempo de Leitura:3 Minuto, 42 Segundo


A fábrica do Grupo Hope em Maranguape, localizada na região metropolitana de Fortaleza, vai passar por um “banho de loja”. A marca de moda íntima, praia e fitness prevê um investimento robusto em novas tecnologias de fabricação, que devem dar suporte aos planos ambiciosos da companhia.

O grupo liderado por Sandra Chayo, filha do fundador Nissim Hara, projeta produzir 10,5 milhões de peças em 2024, uma expansão de 50% sobre o ano passado. Esse crescimento vai estar calcado em produtos básicos e acessíveis, uma revisão da estratégia da companhia que contou com a ajuda da consultoria Bain & Company.

“Chegamos à conclusão de que, se conseguíssemos atingir as classes B2 e C [renda estimada entre R$ 2 mil e R$ 6 mil], que ainda não consumiam os nossos produtos, poderíamos aumentar de forma significativa o nosso público endereçável”, afirma Chayo, diretora do Grupo Hope, ao NeoFeed.

A Hope marca está investindo R$ 20 milhões para voltar as suas origens – afinal a empresa, criada em 1966, começou com esse tipo de produto. Nesse orçamento está tanto as peças de marketing, como o desenvolvimento da linha Light, que traz produtos a preço de entrada, partindo de R$ 29,90 (cerca de R$ 10 abaixo das demais coleções).

A coleção, que chegou às mais de 3 mil lojas que atuam com a marca no primeiro semestre, já é a terceira mais expressiva em número de peças vendidas, atrás da Touch e Nude, que partem de R$ 39,90 e R$ 79,90 e estão entre as mais vendidas há anos.

“Quando entrei na empresa, em 1999, o movimento era justamente o contrário, de transformar uma marca popular, que só era vendida em lojas multimarcas, em algo mais sofisticado. E deu certo. Agora, entendemos que precisamos descer esse degrau novamente”, afirma Chayo.

Em 25 anos como diretora da empresa familiar, Chayo foi a responsável por todos os movimentos da operação: desde a expansão via franquias até a criação das outras duas marcas que estão no portfólio: a Bonjour Lingerie e a Hope Resort, de moda praia e fitness.

O próximo passo é dobrar o número de lojas em cinco anos. Hoje, a Hope detém 280 franquias e 9 lojas próprias. Em 2023, o grupo faturou R$ 350 milhões apenas na rede franqueada.

Segundo a Hope, a companhia teve um crescimento de 35% no faturamento no primeiro semestre e projeta acelerar nesta segunda metade do ano, podendo atingir a casa dos 40% no ano contra ano – o que faria a companhia se aproximar dos R$ 500 milhões em receita. Na visão de Chayo, essa receita só deve ser atingida em 2025.

Na visão do sócio da consultoria Varese Retail, Alberto Serrentino, a iniciativa do Grupo Hope é acertada. “O momento da companhia é muito bom. Ao mesmo tempo que eles conseguem conversar com o público premium nas lojas monomarcas, o grupo também tem desempenhado um bom trabalho ao atingir a camada mais baixa de consumidores”, afirma.

Para ele, a recuperação de mercado pode beneficiar ainda mais a companhia nessa nova fase. “A renda está crescendo, o desemprego caindo e o mercado de trabalho se aquecendo, o que ajuda o setor de consumo de semiduráveis, como é o caso da Hope”, diz Serrentino.

Falando em concorrentes, Serrentino acredita que há espaço para todo mundo. Ele afirma que existem diversos players no mercado com posicionamento, perfil de produto e canais distintos, como é o caso de marcas como Valisere, Intimissimi e Loungerie.

O homem na mira

Lançada há dois anos, as peças voltadas ao público masculino da Hope, ainda não decolaram. Isso não impediu o grupo de investir ainda mais no segmento, incluindo peças voltadas para os homens tanto na linha Light, com cuecas, como na Hope Resort, com vestuário fitness, que será lançado em outubro.

“A linha masculina na Hope está crescendo e a cueca da Light está vendendo como água. O consumo por parte dos homens é muito diferente do das mulheres. Eles compram em quantidade, normalmente uma dúzia de cuecas por vez, o que é ótimo para nós”, diz Chayo.

Pensando no público unissex, a marca também está entrando na disputa pelo mercado de meias, que hoje conta com concorrentes como Lupo e gigantes esportivas como Nike e Adidas. Ainda em fase de testes em algumas lojas, a coleção completa o portfólio do grupo e busca atingir todos os públicos que agora consomem os produtos Hope.





Fonte: Neofeed

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