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Dólar alto e situação fiscal: “concorrência” não falta, mas mensagem do Copom catalisa atenção

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Dólar alto e situação fiscal: “concorrência” não falta, mas mensagem do Copom catalisa atenção
Tempo de Leitura:4 Minuto, 22 Segundo


Em meio a expectativas de inflação desancoradas, dólar nas alturas, dúvida quanto à capacidade de o governo cumprir a meta de déficit zero em 2024 e 2025, incerteza sobre a consistência do arcabouço fiscal, revés no Congresso com a MP de créditos do PIS/Cofins e inquietação quanto à programada transição na presidência do Banco Central, o Comitê de Política Monetária (Copom) define a taxa básica na quarta-feira, 19 de junho.

Embora disperso entre tantas questões, o mercado financeiro aguarda o Copom que chega à metade do calendário de 2024 com um duplo desafio: calibrar o juro de forma a reafirmar seu compromisso com a meta de inflação e indicar coesão entre os seus integrantes ou, ao menos, abrandar a percepção de que o time está rachado entre “antiga” e “nova” diretoria.

O corte mais brando da Selic em maio, de 0,25 ponto percentual apoiado por cinco integrantes mais conservadores dos nove que compõem o Comitê, reforçou a suspeita de que a autoridade monetária comporta uma linha conservadora liderada por Roberto Campos Neto e outra, mais moderada, encabeçada por Gabriel Galípolo – visto como o mais provável sucessor de Campos Neto.

Mais que a definição da taxa de juro é a expectativa quanto à coesão no comando do BC que revestirá o próximo Copom que poderá manter a Selic em 10,50% ou em leve redução, a 10,25%. E, por uma ou outra decisão, ser bombardeado pelo presidente Lula que indicou, na abertura do FII Priority Summit, na quarta-feira, 12 de junho, a arrecadação e o corte de juro como pilares para o equilíbrio fiscal, o que provocou forte elevação de prêmios de risco sobre os ativos brasileiros.

Um Federal Reserve (Fed) mais duro e sinalizando apenas um corte de sua taxa básica neste ano não alterou as apostas de economistas para a Selic inclinados, majoritariamente, para a estabilidade. E sob a influência do IPCA de maio que avançou a 3,93% em 12 meses. Sem refresco, portanto, para o propósito do BC que é entregar inflação de 3% neste ano e nos próximos.

Paralelamente e refletindo a turbulência provocada pela percepção de enfraquecimento do ministro Fernando Haddad, em função do desgaste provocado pela devolução de parte da “MP do Fim do Mundo” pelo presidente do Senado ao governo, investidores no mercado futuro de juros passaram a incorporar prêmios aos contratos, elevando a projeção da Selic a 11%.

Típico de mercado em defesa de posições de tesourarias, esse movimento poderá refluir com ações que demonstrem maior comprometimento do Executivo com a agenda fiscal. Entretanto, a discrepância entre projeções de analistas e juros futuros não diminui a relevância da Selic que deverá prevalecer até o fim de 2024. E sem alterar o juro real vigente – superior a 6%.

Ainda que improvável neste momento, uma queda na Selic, mesmo discreta, traria um viés de alívio para as condições financeiras, avalia o especialista em atividade do Santander Brasil, Gabriel Couto.

“Aperto” prolongado

Em entrevista ao NeoFeed, os economistas alertam, porém, que a transmissão entre as duas variáveis – redução da Selic e condições financeiras – não é tão bem-comportada ou direta como se imagina. O Indicador de Condições Financeiras (ICF) é calculado com preços e taxas de mercado.

“A depender de nuances da decisão do Copom, como a dimensão de um eventual corte, ou existência de outro dissenso entre os membros do Comitê, poderíamos observar mais estresse nos juros precificados para o futuro. Circunstância que poderia antecipar a necessidade de elevação das taxas adiante ou desvalorização maior da moeda local”, explica Couto.

Considerando esses possíveis desdobramentos, observam, o ICF poderia se tornar mais contracionista. Eles reconhecem, porém, que, de todo modo, os cortes realizados desde o início do afrouxamento monetário local, equivalentes a 3,25 pontos percentuais, trouxeram alívio para as condições financeiras.

O ICF é fruto da combinação de diversas variáveis – locais e internacionais como taxa de juro, câmbio, bolsas de valores, risco-país. E, embora a desvalorização recente do real ante o dólar possa indicar aperto adicional das condições financeiras, os especialistas do Santander alertam que a taxa de câmbio não é o vetor mais importante entre os componentes externos do ICF.

O maior espaço para a melhora do indicador, avaliam, segue sendo o componente juros externos. E, embora várias economias sejam consideradas no cálculo do ICF, os juros dos EUA são predominantes.

“Assim, mesmo que o corte recente promovido pelo Banco Central Europeu (BCE) possa implicar em algum alívio, este tende a ser pequeno, uma vez que os próximos passos do BCE tendem a ser cautelosos”, afirma Couto, que prevê um alívio mais significativo do ICF, a partir do momento em que os mercados precificarem mais claramente cortes de juros pelo Fed.

A despeito da perspectiva mais favorável para os próximos meses – mais propensos a corte de juro no exterior do que à elevação – os economistas informam que as condições financeiras alcançaram níveis contracionistas em maio de 2022 e não retornaram a patamares expansionistas deste então. “Na época, o Copom já havia iniciado seus esforços no combate à aceleração inflacionária do pós-pandemia. Portanto, as condições financeiras estão em território contracionista há pelo menos 25 meses”, diz Couto. Cenário em que qualquer alívio é bem-vindo.



Fonte: Neofeed

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Números Falam #31 – Junior Durski, CEO do Madero, e Ariel Szwarc, CFO do Madero

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Madero podcast números falam

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XP se une a três executivos ex-Santander e reforça ligação com o agronegócio

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agronegócio dinheiro
Tempo de Leitura:3 Minuto, 3 Segundo


O agronegócio não tem importância apenas para o PIB brasileiro. Entre os clientes ligados ao agro atendidos pelas assessorias de investimento da XP, 25% são empresas com mais de R$ 100 milhões de faturamento.

Se o agro ajudou a XP a ganhar market share no investment banking, estruturando dívidas como CRAs e CRIs para o setor enquanto os grandes bancos consideravam o segmento pequeno e difícil, chegou o momento de olhar com mais cuidado para o wealth management. E a estratégia para agregar tudo isso é o B2B.

E surgiu uma oportunidade para a XP ampliar a sua rede de assessoria de investimentos focada no agronegócio com três ex-executivos do Santander. Eles lançaram a Sogima, assessoria de investimentos que nasce totalmente dedicada aos clientes do agronegócio, e plugada à XP.

“Eu realmente me surpreendi: XP no agro? Mas fomos conversando e percebi que há uma grande estrutura e ao mesmo tempo uma grande oportunidade de crescimento na rede”, afirma Ricardo França, sócio fundador da Sogima, ao NeoFeed.

França, que era superintendente regional de agronegócios do Santander, foi convencido por dois colegas de trabalho no banco, David Mailler Bocalon e Clemilson Franco, a empreender.

Neste início, eles estão movimentando a própria carteira de relacionamento e deram início a conversas com cerca de 90 potenciais clientes. A sede da Sogima será na capital paulista, mas os sócios planejam abrir escritórios no interior – embora ainda não tenham um destino definido.

Nos próximos meses, eles saem em busca de contratações de assessores que conhecem o agro para ajudar na meta de chegar a R$ 1 bilhão de captação em dois anos.

Para a XP, que criou mesas específicas de atendimento, como as de hedge cambial e commodities, para o cliente agro para o seu B2B, o diferencial está nas soluções customizadas para esse público, que não encontra o que procura nas grandes instituições financeiras.

“Já temos a Nexgen muito forte em Goiânia, e a Rio Negro em Campo Grande e agora temos a Sogima atuando mais no interior do Sudeste. E assim a gente ocupa bem esse tabuleiro”, afirma Bruno Ballista, sócio e head de assessoria e relacionamento com o cliente XP.

ricardo frança sogima
Ricardo França, sócio-fundador da Sogima

Atualmente, os clientes agro dos escritórios parceiros da XP estão localizados principalmente nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Goiás e Paraná. E as principais soluções demandadas são commodities, operações compromissadas, renda variável, câmbio e produtos estruturados.

A Sogima nasce atendendo clientes pessoas jurídica e física ao mesmo tempo, e tendo como estratégia explorar o crédito colateralizado para ajudar produtores a se financiarem.

Na visão de França, o agronegócio cada vez mais procura o mercado de capitais, já que as linhas subsidiadas pelo governo são limitadas a R$ 3 milhões por CPF ou CNPJ, o que só atende ao micro produtor rural.

“Os muito pequenos têm acesso a linhas do governo, como tem que ser. E os grandes têm acesso ao mercado de capitais com grandes bancos. Há um vácuo para os players médios, e achamos que há uma grande oportunidade aí”, diz ele.

A crise do agronegócio, que registrou um boom de recuperações judiciais neste ano, não preocupa o sócio-fundador da Sogima. Ele vê um ciclo natural desse mercado, que apenas não era notado pelo setor financeiro antes porque não havia ninguém lá. E com a atenção conquistada nos últimos anos, muitos aventureiros entraram nesse mercado.

“O agronegócio é cíclico. Mas o que aconteceu este ano não foi uma quebra de safra, foi muito aventureiro que alavancou e deu problema. Os produtores mais maduros já passaram por isso e estão preparados para fases ruins”, afirma França.





Fonte: Neofeed

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O preço da morosidade: governo desiste de construir hidrelétrica de R$ 2,5 bilhões em Mato Grosso

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trecho do rio da UHE Castanheira
Tempo de Leitura:4 Minuto, 21 Segundo


BRASÍLIA – Depois de 13 anos de tentativas para licenciar a construção da usina hidrelétrica Castanheira, projeto de R$ 2,5 bilhões que seria construído na região nordeste do Mato Grosso, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) resolveu desistir do plano.

O NeoFeed obteve detalhes do caso, que teve seu desfecho final na sexta-feira, 13 de dezembro. A EPE, órgão que é vinculado ao Ministério de Minas e Energia, pediu o cancelamento formal de registro da usina, sob argumento de que a Secretaria do Meio Ambiente (Sema) do Mato Grosso teria imposto uma série de dificuldades para licenciar a obra ao longo dos últimos anos.

Segundo a EPE, a secretaria ambiental agendou e cancelou, em dois momentos, as audiências públicas que seriam realizadas para discussão do projeto, além de não ter emitido um parecer técnico sobre o empreendimento.

Paralelamente, a construção da hidrelétrica na região norte do Mato Grosso, próximo ao Estado do Amazonas, também sofreu um revés com a Fundação Nacional do Índio (Funai). Depois de uma série de audiências e visitas a terras indígena da região, a Funai havia dado sinal verde para o projeto em 2022. Em 2023, porém, a nova diretoria da fundação suspendeu o ato anterior e colocou todo o processo em suspenso.

Ao formalizar a desistência do processo para a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a EPE relatou dezenas de encontros e pedidos sobre a usina realizados desde 2011, quando obteve autorização para elaboração dos estudos de viabilidade técnico-econômica do projeto.

Nos últimos 13 anos, conforme cálculos apresentados, a estatal diz que foram gastos mais de R$ 15,4 milhões de dinheiro público para estudar a hidrelétrica, envolvendo a mobilização de centenas de pessoas, contratações de terceiros e levantamento de dados técnicos. Tudo isso, agora, será inutilizado.

Prevista para ser erguida no rio Arinos, um dos principais afluentes no Juruena, a hidrelétrica Castanheira tinha capacidade projetada de 140 megawatts de energia, potência capaz de atender ao consumo elétrico de cerca de 1,9 milhão de pessoas, o suficiente para atender o consumo residencial de capitais como Recife (PE) ou Porto Alegre (RS).

A usina previa a construção de um reservatório de 94,7 km², nos municípios de Juara e Novo Horizonte do Norte, em Mato Grosso. De acordo com os dados técnicos, a hidrelétrica não interferia diretamente em unidades de conservação ambiental, terras indígenas ou áreas urbanas dos municípios.

“Fica evidente a complexidade de temas tratados no âmbito do licenciamento ambiental da hidrelétrica Castanheira, assim como a diversidade de interlocutores envolvidos no processo”, diz a EPE. “Por mais de uma década a EPE empenhou esforços em diálogos com os órgãos envolvidos no licenciamento.”

Em fevereiro de 2024, a Sema sinalizou que faria o arquivamento do licenciamento da usina, por causa da “inércia do interessado”. Em abril, a EPE apresentou contrapontos e pediu que a secretaria revisasse sua posição. Paralelamente, o órgão federal acionou a Casa Civil do Estado do Mato Grosso, para reforçar o interesse na obra e reclamar da “impossibilidade de debate sobre o projeto e a ausência de oportunidade de pactuar os compromissos”.

Trecho no mapa onde a usina hidrelétrica seria construída

Localização da usina na região norte do Mato Grosso, próximo ao Estado do Amazonas

Em resposta, a Casa Civil encaminhou uma manifestação da Sema, que manteve o indeferimento por “não atendimento das solicitações de estudos complementares”. Segundo a EPE, a secretaria ambiental não apresentou justificativas sobre os pontos elencados pela autarquia federal.

Sobre os estudos indígenas, a EPE afirma que ocorreram visitas a várias aldeias da região, em maio de 2022, para os povos Rikbaktsa, Kayabi, Apiaká e Munduruku. “As reuniões contaram com a participação das comunidades e principais lideranças indígenas, de profissionais da empresa de consultoria responsável pelos estudos, representantes da Funai (Sede e Regional) e da EPE”, afirma.

A Funai aprovou o Estudo de Componente Indígenas e considerou que a oitiva foi realizada com êxito. No entanto, em março de 2024, a EPE diz que “foi surpreendida”, quando “a Funai informou a revisão dos seus posicionamentos expressos em julho de 2022, sem que fossem apresentados fatos novos ou justificativa técnica para motivar tal mudança de entendimento”.

Com a desistência, a EPE afirmou que os estudos de engenharia realizados, incluindo levantamentos de campo, investigações geológicas, além das informações socioambientais e de sondagens manuais e mecânicas, estão armazenados na autarquia, mas que o material deverá ser doado ou descartado após o cancelamento do processo.

“A EPE se compromete a disponibilizar os estudos até então realizados para que a sociedade possa ter conhecimento dos dados apurados e eventualmente possam utilizá-los futuramente”, afirmou a autarquia à Aneel. “Por todos os motivos elencados não há justificativa para a EPE continuar conduzindo o processo deste projeto.”

A decisão do governo federal de colocar a obtenção da licença prévia ambiental de projetos hidrelétricos sob responsabilidade da EPE se deve, justamente, à sensibilidade do tema, principalmente quando se trata do bioma Amazônia.

Ao entrar diretamente no processo de licenciamento, o governo federal quer mostrar aos investidores que o projeto é viável e seguro. Logo, o empreendimento pode ir à leilão, porque já tem uma chancela que sinaliza a sua viabilidade. Foi tudo o que não ocorreu neste caso.



Fonte: Neofeed

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