Negócios
Ele descobriu 23 unicórnios e fez nove IPOs. E está mais otimista com o Brasil do que com os EUA
Durante 11 anos, James Currier foi uma das vozes do The Richter Scales, banda de São Francisco, na Califórnia, com funcionários de big techs como Google, Apple e Facebook. E que se tornou figura carimbada com suas paródias a cappella sobre o Vale do Silício no Crunchies Awards, premiação do site americano TechCrunch.
Foi em outro palco, porém, que ele construiu sua carreira. Ao lado de quatro sócios, Currier toca, desde 2017, os investimentos da NfX. Com cerca de US$ 1,5 bilhão sob gestão e foco no early stage, a gestora de venture capital coleciona mais de 200 investidas, com nove IPOs e 23 unicórnios (startups avaliadas em mais de US$ 1 bilhão). Entre eles, DoorDash, Lyft e Patreon.
O Brasil soma três startups nesse portfólio: a Clubbi, marketplace para mercados de bairro; a UME, plataforma de crédito para o varejo; e a Porfin, que faz cobrança de dívidas com uso de inteligência artificial. E, cada vez mais, o País soa como “música para os ouvidos” da NfX.
“A NfX realmente acredita no Brasil. Nosso apetite pelo País é muito forte”, diz Currier, cofundador e general partner da NfX, em entrevista ao NeoFeed.
Ele ressalta que a margem restrita para que startups desafiem big techs como Google e Microsoft nos Estados Unidos ajudaram a colocar o Brasil no mapa da empresa.
“No Brasil, acho que estamos, provavelmente, seis ou oito anos atrás disso, o que significa que ainda há mais oportunidades e uma abertura maior”, afirma. “O mercado é grande e mal atendido. E não há tantos incumbentes e grandes empresas que irão bloquear uma startup.”
Atento a esse cenário, Currier esteve no Brasil para uma rápida visita de quatro dias. Na bagagem, trouxe a experiência de ter fundado quatro empresas antes da NfX, entre elas, a Iron Pearl, comprada pelo PayPal, em 2013. E levou uma ótima impressão dos empreendedores do País.
“A qualidade do empreendedor é maior do que em muitas geografias”, diz. “Eles sabem o que estão fazendo. Mas são humildes o suficiente para fazer todo o esforço necessário. Vemos a mesma coisa nos founders israelenses. Eles trabalham mais duro e vão mais fundo.”
Na conversa, ele fala ainda dos segmentos de maior potencial no Brasil, de inteligência artificial e de uma possível bolha associada a esse conceito. E sobre a tese da NfX, bastante influenciada pelo fato de seus fundadores terem criado 10 empresas que, juntas, valem hoje mais de US$ 10 bilhões.
Entre elas, a Trulia, proptech fundada por Pete Flint, um dos sócios da NfX, e que foi comprada pela também americana Zillow, em 2014, em um acordo avaliado em US$ 3,5 bilhões. Confira:
Qual é o tamanho da operação e como você definiria a NfX?
Temos aproximadamente US$ 1,5 bilhão sob gestão e somos o que chamamos de uma empresa de capital de risco das melhores ideias e dos melhores fundadores. Investimos em marketplaces, fintechs, proptechs, cripto e biologia orientada por software. E a inteligência artificial toca todos esses setores.
Como a América Latina se insere nessa tese? Qual é o apetite pela região?
Temos cerca de 7% dos nossos fundos investidos na América Latina e esperamos que esse valor aumente na região. Mas nós não separamos uma quantia para biologia, cripto ou Brasil. Temos apenas um grande pool e nosso fundo está em US$ 325 milhões agora.
Você mencionou o Brasil. Por que você veio ao País?
Porque a NfX realmente acredita no Brasil. Vim para cá para ver as empresas nas quais investimos e estou me reunindo com todos os outros VCs e investidores early stage, como Big Bets, Maya e Canary, para fazer parcerias e conhecer muitos founders. Devo ter falado com 14 empresas e ainda vou conversar com outras cinco antes de ir, além de falar com pelo menos uma startup brasileira por semana quando eu estiver de volta a Palo Alto. Nosso apetite pelo País é muito forte.
O que está por trás desse interesse?
O mundo do venture capital está ficando muito competitivo nos Estados Unidos, com incumbentes como Google, Microsoft e outros ficando muito fortes. É cada vez mais difícil para as startups competirem com eles. E, no Brasil, acho que estamos, provavelmente, seis ou oito anos atrás disso, o que significa que ainda há mais oportunidades e uma abertura maior. O mercado é grande e mal atendido. E não há tantos incumbentes e grandes empresas que irão bloquear uma startup.
E quais foram suas impressões dessa primeira visita ao País? O que chamou mais sua atenção?
A qualidade do empreendedor é maior do que em muitas geografias. Acho que as pessoas aqui são batalhadoras. E estão se sentindo como azarões, mas estão bastante conectados com o que fez sucesso na indústria de tecnologia, seja no Vale do Silício ou em Nova York. Então, eles sabem o que estão fazendo. Mas são humildes o suficiente para fazer todo o esforço necessário. Vemos a mesma coisa nos founders israelenses. Eles trabalham mais duro, vão mais fundo e é por isso que gostamos de investir aqui.
O quão importante é ter humildade nessa indústria?
Você olha para o Mark Zuckerberg e ele ainda é paranoico. Ele ainda sente que vai morrer a qualquer minuto. E é isso que mantém o Facebook. Você não pode ficar arrogante. Não pode ficar confiante. Você tem que ser paranoico, batalhador, inventivo, corajoso. E eu sinto isso nos founders brasileiros. É por isso que estamos olhando pra cá com tanta atenção. Há muitas pessoas que saíram da Rappi, do Mercado Livre, do Nubank, que foram para Stanford, Harvard e que agora estão voltando. Há muito talento aqui.
“Temos cerca de 7% dos nossos fundos investidos na América Latina e esperamos que esse valor aumente na região”
Em quais setores você enxerga mais oportunidades no Brasil?
Particularmente, em software como serviço (SaaS, na sigla em inglês) e fintechs, com transferências, pagamentos e empréstimos. E também em games e softwares empresariais alimentados por inteligência artificial.
De que maneira o Brasil pode atrair investimentos no campo da inteligência artificial?
Não esperamos que as grandes ferramentas que são as entranhas da IA venham daqui. Elas virão da Bay Area, de São Francisco. O que estamos procurando no Brasil são companhias que usem IA na camada das aplicações ou construam marketplaces que facilitem o acesso da IA a todos os negócios e, eventualmente, a todos consumidores do País.
Muitos falam do risco de uma bolha associada ao hype da IA. Como você enxerga esse cenário?
Sim, há elementos de uma bolha. Mas acho que, no médio e longo prazo, não é uma bolha de jeito nenhum. Eu me lembro de 2007, quando o Facebook valia US$ 15 bilhões e Peter Thiel disse que não havia uma bolha em tecnologia. E todos achavam que ele era louco. E, agora, o Facebook vale US$ 1,3 trilhão. Acho que estamos enfrentando a mesma coisa com a IA. Pode parecer uma bolha, mas o impacto que ela terá em todos os negócios e consumidores nos próximos 10 a 15 anos é enorme. Assim como a internet teve um grande impacto de 2007 até agora. Então, acho que devemos ser cautelosos ao afirmar que é uma bolha, porque é um grande negócio.
Voltando à NfX, quais são os principais fatores que fundamentam a tese da empresa?
Nós procuramos empresas que podem construir efeitos de rede, porque essas são aquelas que chegam a valer US$ 4 bilhões, US$ 10 bilhões ou US$ 20 bilhões. Se você olhar as 15 empresas mais valiosas do mundo, 11 têm efeitos de rede no seu core. E, às vezes, as companhias já têm esses efeitos de rede presentes quando investimos, mas normalmente elas não têm. E, então, temos que ajudá-las a construir.
Como isso se aplica às startups brasileiras do portfólio de vocês?
O Clubbi é um marketplace. Esse é um efeito de rede de dois lados. A UME é uma rede que trabalha com varejistas que concedem empréstimos aos consumidores. Então, quanto mais comerciantes, mais os consumidores querem usar a UME. E quanto mais consumidores usam a UME, mais os comerciantes querem estar lá. E, na Porfin, que faz cobrança de dívidas usando IA, quanto mais dados eles obtiverem, melhor eles serão. E quão maiores ficarem, mais cada fornecedor vai querer usar a Porfin. Então, esses são os tipos de efeitos de rede que buscamos em cada um dos negócios.
Qual o potencial de expansão dessas empresas? Há fôlego para essas companhias fora do Brasil?
Acho que para a Clubbi e a UME provavelmente não. Elas têm mercados grandes o suficiente para que possam criar empresas multibilionárias sem sair daqui. E acho que a Porfin fará isso por um tempo e depois irá expandir para a América Latina.
“O mercado é grande e mal atendido. E não há tantos incumbentes e grandes empresas que irão bloquear uma startup”
O que uma startup precisa ter para despertar a atenção da NfX?
Há muitos elementos de uma empresa que você pode analisar para entender se uma empresa vai ter sucesso. Mas tudo se resume em uma questão: a velocidade. A velocidade vence. Então, se você pode medir a velocidade delas, é muito positivo. O segundo componente que você precisa buscar é uma mudança tecnológica. Então, a DoorDash foi possível por causa do celular. A Lyft também. Cada um dos grandes sucessos que tivemos investindo foi construído em uma mudança tecnológica que aconteceu nos 18, 24 meses anteriores e não em algo que aconteceu há oito anos.
E quanto ao estágio das empresas que vocês investem?
Trabalhamos com empresas em estágio inicial. Então, o tamanho típico do nosso cheque é de US$ 2 milhões a US$ 3 milhões. Em geral, essas empresas têm um produto, uma equipe de quatro a oito pessoas, atendem clientes de alguma forma e há alguma receita. E, então, nós nos envolvemos.
Qual é o nível desse envolvimento?
Os sócios da NfX fundaram 10 empresas que, juntas, valem mais de US$ 10 bilhões. Então, nós estivemos no lugar dos fundadores. Por isso, estamos sempre próximos ajudando, semanalmente. Trabalhamos com essas empresas, ajudamos elas a desenharem a estratégia de crescimento e passamos horas auxiliando os times a pensarem em tudo o que é preciso.
Como você avalia a tese de “spray and pray” adotada por muitos fundos de early stage?
Somos o oposto do spray and pray. Olhamos para 8 mil empresas por ano e investimos em 25, 30 delas. E investimos, em média, US$ 3 milhões em troca de uma fatia de cerca de 17%. Então, assumimos grandes participações por um cheque muito maior. As startups podem realmente mover os ponteiros por dois anos, nós trabalhamos duro com elas e, com frequência, sentamos nos conselhos da empresas em que investimos. Os fundos de spray and pray nunca fazem isso.
E qual é a mensagem que você deixaria para as startups e os founders brasileiros?
Mantenham-se humildes e mantenham-se agressivos. Sejam rápidos, aprendam com seus concorrentes e os não concorrentes. Continuem aprendendo. É preciso aprender de forma variada. Essa é a chave para esse mercado em rápido movimento. Você tem que desaprender todas as coisas que aprendeu na semana passada para poder aprender algumas coisas novas. E o maior ponto de alavancagem em uma startup é a psicologia dos fundadores. Então, eles têm que observar sua psicologia com muito cuidado. Gerenciem sua psicologia, ajudem uns aos outros a gerenciarem sua psicologia porque vocês podem estar bem próximos de algo e colocarem tudo a perder porque a mentalidade estava errada.
Negócios
agricultor capixaba se torna campeão de day trade
Mais de 1.000 quilômetros separam a Faria Lima de Rio Bananal, uma cidade com menos de 20 mil habitantes localizada ao norte do Espírito Santo, próximo da fronteira com a Bahia. É lá, longe do centro financeiro de São Paulo, que mora Leonardo da Costa, vencedor do 1º Campeonato Brasileiro de Trade Nelogica.
Sem nunca ter participado de uma competição do tipo, o agricultor de 34 anos obteve o melhor resultado na fase final do campeonato, realizada entre 11 e 12 de dezembro. Em dois dias, acumulou um lucro de R$ 21 mil, respeitando os limites operacionais do campeonato: 10 contratos de mini-índice e mini-dólar.
Todas as etapas foram realizadas por meio de um simulador, sem perdas ou ganhos reais. Mas o prêmio em dinheiro foi ainda maior que o lucro obtido nas operações, totalizando R$ 65 mil.
Costa, que trabalha com a família em lavouras de café na região de Rio Bananal, conta que ficou surpreso com o próprio desempenho. Ele, que nunca cursou universidade, diz que descobriu o mercado financeiro há cinco anos por meio de seu irmão mais novo, Lucas, então com 19 anos.
“Em algumas épocas do ano, tem menos trabalho no campo. Então, estava procurando algo para ganhar um dinheiro extra”, diz ele.
Encantado com o momento promissor do mercado brasileiro na época, o irmão disse que era uma forma de “ganhar dinheiro fácil”. Costa logo desconfiou de seu irmão mais novo. “Achei estranho, porque se fosse tão fácil teria muito mais gente fazendo. Depois de um tempo ele não falou mais sobre isso, acho que porque perdeu dinheiro”, relembra.
Já havia deixado a ideia de lado quando um comprador de café o apresentou novamente ao mercado financeiro. “Ele exportava café e estava olhando um gráfico. Perguntei o que era, mas não entendi muito. Foi então que comecei a pesquisar e encontrei algumas mentorias na internet”, recorda.
Após mais de um ano de estudos e simulações no home broker, Costa decidiu começar a operar com dinheiro real. “Tinha dia que eu estudava das 19h até 4h da manhã. No começo, fiz muita coisa errada. Fui ajustando as estratégias até começar a ter algum lucro. No mercado, você nunca sabe tudo. O segredo é ter um bom plano de gestão de risco e não relaxar.”
Sem a arrogância de muitos profissionais do mercado, ele acredita que a dinâmica do campeonato favoreceu seu estilo de negociação. “Tinha muita gente boa competindo. Outros poderiam ter vencido. Mas fico feliz de ter ganhado, mostra que estou no caminho certo.”
Organizado pela Nelogica, o Campeonato Brasileiro de Trade teve mais de 500 traders inscritos. O segundo e o terceiro colocado receberam R$ 26 mil e R$ 12 mil, respectivamente. A premiação do 4º ao 50º colocado foi de R$ 2 mil. A competição foi organizada em duas fases, com os 50 primeiros se classificando para a final. Costa terminou a primeira etapa em 36º.
“Descobrimos verdadeiros talentos com muito potencial, inclusive, para seguirem carreira em instituições financeiras se desejarem”, afirma Layonel Pinheiro dos Santos, especialista em plataformas de trading da Nelogica.
Desde o início de seus estudos, Costa se dedicou ao day trade, que consiste em montar e desmontar as operações no mesmo dia — uma das regras do campeonato. “Tenho como base análise técnica e tendências, quase sempre usando gráficos. Na competição, tive que me adaptar, porque o prazo era muito curto.”
Mesmo fora do campeonato, Costa nunca dormiu com uma posição aberta, encerrando todas no mesmo dia. Isso, porém, não o impediu de ter a madrugada como um de seus horários preferidos para operar. “Geralmente, acordo às 4h da manhã para negociar no mercado americano de futuros e vou até às 7h.”
Essa rotina permite que ele concilie o trabalho na lavoura com o day trade. Na época da colheita de café, entre março e julho, a alta demanda de trabalho na roça o impede de operar no mercado de futuros local, que funciona das 9h às 18h.
No mercado brasileiro, quando tem tempo, Costa opera contratos futuros de mini-índice e mini-dólar, mas nunca ações. “Gosto mais de ficar na frente do gráfico.” Mas, mesmo quando tem a oportunidade, o trader não opera todo dia. “Tem dia em que o mercado não está favorável ao perfil de negociação. Saber quando não operar também é uma forma de operar.”
Moradores da área rural de Rio Bananal, a família de Costa fica com metade da produção de café, enquanto a outra metade vai para o “patrão”. Todo o trabalho é feito manualmente. “As máquinas chegaram há quatro anos na região, mas só os grandes produtores têm acesso a elas.”
O sucesso no mercado financeiro já faz Costa pensar em mudar de carreira. Ele planeja cursar faculdade de economia no ano que vem e se aprofundar ainda mais no mundo dos investimentos. “Em dois anos, pretendo fazer disso minha principal fonte de renda.”
Ele descarta, por ora, trabalhar para alguma instituição financeira. “Meu foco era encontrar uma profissão que me permitisse trabalhar de qualquer lugar, sem ficar ‘preso’, e o day trade proporciona isso.”
Negócios
Uma conversa com Fernando Pessoa, Luís de Camões e José Saramago
Era véspera de Natal de 2024, e Cesar, após um dia intenso de reflexões e trabalho, tomou sua taça e caiu no sono. Mas não era um sono comum. Ele logo percebeu estar caindo por um túnel de palavras, como se fosse sugado por um redemoinho de livros, algoritmos e estrelas natalinas. Tudo girava ao seu redor, até que ele aterrissou suavemente em um lugar que parecia ao mesmo tempo antigo e futurista, iluminado por velas cintilantes e circuitos dourados.
Diante dele, três figuras extraordinárias emergiram da névoa — Fernando Pessoa, Luís de Camões e José Saramago. Cesar esfregou os olhos, sem acreditar no que via. Parecia ter entrado em um sonho que misturava o espírito de celebração com um encontro impossível, como se tivesse tropeçado em seu próprio País das Maravilhas.
Pessoa: Bem-vindo, Cesar. Não se assuste. Às vezes, o Natal nos concede presentes inesperados, como este encontro. Eu sou Fernando Pessoa. Dizem que sou múltiplo, mas prefiro me ver como um quarto com inúmeros espelhos fantásticos que distorcem, refletindo falsamente uma única realidade que não está em nenhum e está em todos.
Camões: Saudações, Cesar! Sou Luís de Camões, navegante das palavras e dos mares. Este é um tempo propício para contemplar os novos mundos que desbravamos. Por suas vestes e seu ar, vejo que vens do moderno, como quem navega as águas da inovação.
Saramago: Cesar, um prazer tê-lo conosco. Sou José Saramago, um questionador do óbvio. Parece que este seu devaneio nos reuniu para discutirmos o que significa ser humano em um tempo em que máquinas pensam e o mundo busca sentido. E, claro, neste Natal, entendido não apenas como celebração religiosa, mas como um tempo de união, reflexão e renovação, valores humanos universais que transcendem qualquer crença. Valores que até um ateu rabugento como eu consegue apreciar.
Cesar, ainda atônito, percebeu que o sonho parecia mais real do que podia imaginar. Ele, que sempre se viu como um sonhador e entusiasta da tecnologia, agora dividia espaço com três gigantes da literatura. Recuperando-se, decidiu embarcar na conversa, tratando cada pronome e conjunção como se fossem peças de porcelana fina.
Cesar: É uma honra conhecê-los. Se este é um sonho, é o mais extraordinário que já tive. Estamos em um momento em que a tecnologia avança exponencialmente, mas também nos confronta com questões profundas sobre propósito e humanidade. E é Natal, uma época que sempre nos convida à reflexão. Aqui estamos, no limiar de um novo ano…
Pessoa: Ah, Cesar, o humano, por essência, é um navegante do desconhecido. A inteligência artificial que agora molda teu mundo funciona como um espelho: reflete nossas inquietações, nossos anseios e nossos temores. Mas eu me pergunto: será que sabemos o que realmente desejamos encontrar nesse reflexo?
Camões: Diria que enfrentamos monstros e tempestades, como outrora. Mas hoje os monstros são invisíveis, feitos de dados e códigos. Dizer-se-ia que, pelo menos, esses não me custaram um olho… O Natal, porém, nos lembra de olhar para o essencial — o humano, o afeto, o desejo de construir algo que transcenda o tempo.
Saramago: E será que estamos olhando para isso, Cesar? Ou estamos cegos, como em minha história? O Natal é cheio de luzes, mas será que essas luzes não nos ofuscam? Criamos máquinas que pensam, mas ainda falta pensarmos profundamente sobre o que queremos delas — e de nós mesmos.
Cesar refletiu por um momento, sentindo o peso das palavras daqueles mestres. Ele sabia que aquelas questões eram fundamentais, tanto para a tecnologia quanto para a vida.
Cesar: Concordo, Saramago. A tecnologia deve ser um meio para criar valor humano, não um fim em si mesma. O Natal é um bom lembrete de que precisamos equilibrar o avanço com a ética, com a sabedoria que direciona nosso conhecimento. Afinal, inovação sem humanidade é como uma caravela sem destino.
Pessoa: Belo pensamento, Cesar. Então dirias que inovar é como escrever um poema? Cada palavra, cada linha deve estar carregada de significado. No final, é o espírito humano que precisa brilhar, mesmo em um mundo repleto de máquinas.
Camões: E que nunca percamos a coragem, Cesar. Navegar é preciso, como sempre digo, mas é igualmente necessário conter os ventos quando ameaçam nos levar ao abismo. O Natal nos dá uma bússola: olhar para o próximo, celebrar o que somos e planejar com sabedoria o que seremos.
Saramago: E com olhos abertos, sobretudo. A tecnologia é um mar fascinante, mas exige vigilância constante. Este rabugento apenas deseja que, neste Natal e no ano que se inicia, a humanidade encontre o equilíbrio entre o que pode criar e o que deve preservar.
Cesar sentiu o coração aquecido, inspirado por aquelas vozes que transcenderam o tempo. Ele ergueu os olhos para as três lendas e respondeu com convicção.
Cesar: Levarei essas reflexões comigo, senhores. Que a inovação seja guiada pela poesia, pela prudência e pela paixão humana. Que este Natal nos lembre que, por mais avançados que sejamos, o essencial sempre será invisível às máquinas: a empatia, a solidariedade e a esperança.
E assim, no coração de um sonho impossível, Cesar ergueu a taça de tinto e brindou com três imortais da literatura portuguesa. Juntos, em meio ao espírito do Natal de 2024, refletiram sobre o humano, o tecnológico e o eterno.
Quando Cesar despertou, trazia consigo não apenas o calor de uma noite natalina, mas também a sabedoria de um encontro extraordinário, que o inspiraria nos mares do ano novo. Ao seu lado, uma taça vazia, com borras que curiosamente formavam as letras P, C e S, como um lembrete sutil de que algumas companhias são mais que um sonho.
*Cesar Gon é fundador e CEO da CI&T
Negócios
Ornare mobília novos “territórios” (no Brasil e no mundo)
Depois de “aterrissar” em Dubai, em maio do ano passado, onde inaugurou seu primeiro showroom no Oriente Médio, a Ornare está de malas prontas para reforçar suas operações na Europa e nos Estados Unidos.
A marca brasileira de mobiliário referência no mercado high-end está desembarcando em Lisboa, onde abriu seu segundo showroom no Velho Continente. E estreou, em novembro, uma loja em Nova Jersey, consolidando sua presença nos Estados Unidos, onde está presente desde 2006.
Segundo Esther Schattan, fundadora e diretora da Ornare, a expansão internacional é parte da estratégia de diversificação das receitas da companhia, movimento que conta com uma nova frente: a incorporação.
“Atendemos um mercado de alto padrão e esse mercado é mais restrito em todos os lugares”, diz Esther, ao NeoFeed. “Como temos potencial e temos capacidade de atender outros países, fomos buscando o mercado de alto padrão em outros lugares.”
O showroom lisboeta está sendo instalado no bairro Amoreiras, região de classe média alta e que abriga o Centro Comercial das Amoreiras, o primeiro shopping da capital portuguesa, além de cafés, hotéis e restaurantes.
A expectativa é de que as obras da loja sejam finalizadas até o primeiro semestre de 2025, mas a Ornare já está operando em Portugal, recebendo pedidos dos clientes.
A empresa conta com dois sócios brasileiros para entrar no mercado português: Alexandre Mangabeira, ex-co-CEO da RNI Construtora e com passagem pela Tecnisa, e Luciana Vassalo, antiga diretora de negócios da RNI, tendo trabalhado também na Melnick.
É o mesmo formato que a empresa utilizou quando foi para Dubai, em que se associou a Carina Fontes e Shalise Basso, dupla de arquitetas brasileiras residentes um dos sete emirados que integram os Emirados Árabes Unidos (EAU). As lojas da Ornare se dividem entre franquias, sociedades e unidades próprias.
Segundo Stephan Schattan, diretor de exportação da empresa, a escolha por Lisboa para abrir a segunda loja europeia ocorreu pela questão da língua, pelo fato da empresa conhecer e ter clientes em Portugal e também para aproveitar o forte contingente de brasileiros e de outras nacionalidades, atraídos pelas políticas migratórias portuguesas.
A Ornare começou a se instalar na Europa no ano passado, quando inaugurou seu primeiro showroom em Milão. A unidade está localizada no imponente Palazzo Gallarati, datado do século XVIII, localizado no famoso Quadrilatero della Moda, na Via Manzoni, região conhecida pelas diversas marcas de alto padrão.
“A ideia é que Portugal possa atender toda a região de Lisboa e Porto, e também a Espanha”, diz Stephan. “Associado a Milão, conseguimos atender melhor a Europa. Quando falamos que temos loja em Milão e em Lisboa, reforçamos a marca na Europa.”
A chegada a Portugal é mais um passo da estratégia de expansão da Ornare, iniciada em 2006, via Miami. O plano é baseado em três frentes: Estados Unidos, onde possui 11 lojas, Europa, que conta com duas, e Oriente Médio, com a unidade de Dubai.
As operações internacionais representam cerca de 25% a 30% do faturamento da Ornare, que não foi informado. Com as expansões planejadas, a expectativa é de que possa chegar a 40% de participação.
No curto prazo, a Ornare planeja ampliar sua presença nos Estados Unidos para mais três cidades: Palm Beach, Washington e Boston. Mas isso não quer dizer que a empresa está deixando o Brasil de lado.
Com 17 lojas no País, a empresa pretende abrir unidades em Recife (PE), Balneário Camboriú (SC) e Campo Grande (MS), ainda que já opere nessas localidades.
Para conseguir atender essas novas unidades, a Ornare vai ampliar a capacidade de sua fábrica, localizada em Cotia, no interior de São Paulo. O valor do investimento na fábrica não foi revelado, nem quanto a capacidade de produção aumentará. A fábrica roda em dois turnos e os investimentos abrem caminho para adicionar mais um.
Assinatura Ornare
Junto com a expansão internacional, a Ornare está fechando uma série de parcerias com construtoras e incorporadoras para terem empreendimentos com a assinatura “by Ornare”.
A companhia fez um primeiro empreendimento em Goiânia, em parceria com a O.M. Incorporadora. Batizado de Autoria by Ornare, o prédio possui 143 apartamentos, com unidades de uma e duas suítes, de 49 a 88 metros quadrados. A Ornare ficou responsável pela mobília da área comum e armários em alguns apartamentos.
Com entrega prevista para novembro de 2027, o empreendimento apresenta um valor geral de venda (VGV) de R$ 120 milhões e teve 60% das unidades comercializadas nos seis primeiros meses de lançamento.
A companhia também assinou, no fim de novembro, um acordo com a incorporadora Next e com o escritório do arquiteto Olegário de Sá, para desenvolver um empreendimento no Itaim, em São Paulo, voltado para renda, chamado Next Itaim by Ornare.
Com VGV de R$ 70 milhões, o prédio conta com 83 unidades de 20 a 60 metros quadrados, com previsão de entrega em 2027. A Ornare ficou responsável pelos móveis.
“No começo fomos um pouco céticos, mas a gente gostou do primeiro lançamento, em Goiânia, e pretendemos continuar”, diz Pitter Schattan, diretor comercial da Ornare São Paulo e Brasil.
A companhia já tem atuação no mercado imobiliário, mas vendendo seus produtos para empreendimentos. Em Miami, a Ornare é responsável pelos closets nos apartamentos das duas torres do St. Regis Sunny Isles, que prometem se tornar ícones arquitetônicos da cidade. O apartamento mais barato é de US$ 7 milhões.
A Ornare pretende, agora, crescer essa vertical de empreendimentos assinados. Em Goiânia, o plano é repetir a parceria com a O.M. Incorporadora em um novo prédio, previsto para ser lançado em 2025.. Segundo Pitter, esse tipo de iniciativa vai ganhar espaço na Ornare, com o setor imobiliário se tornando um novo braço de negócios, capaz de representar 10% do faturamento da empresa.
A assinatura de projetos por nomes da moda e do design vem ganhando força no mundo da incorporação. A Cyrela fechou uma parceria com a Armani para construir um empreendimento residencial em São Paulo, que promete ser um dos mais altos da capital paulista, com a marca Armani/Casa, marca de móveis da grife italiana de luxo.
A Mitre Realty também lançou um empreendimento premium em São Paulo com a marca Daslu, que virou referência no mercado de luxo brasileiro e trouxe para o País grifes como Chanel, Gucci e Prada.
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